segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Capítulo XXXIV - Manchete do dia seguinte

Fim de crimes em série.
por Marcelo Albuquerque

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Capítulo XXXII - Quase

Marcelo estava há quase 10 dias ligado no computador e nada de Bia, de ana e nem de Marinis. Mais uma vez estava ficando de fora das investigações. Era como pensava Marcelo naquela tarde quando pegou o telefone para ligar para Marinis. Alô, respondeu Marinis. Oi Marinis, é o Marcelo. Tudo bem? e antes de Marinis responder que sim ele continua, Eu tô bem também, tó ótimo sabe. Mas e a assassina? Novidades. Marcelo! Interrompe Marinis. Marcelo se cala e pede desculpas. Marinis retruca, te disse que nem escirto e nem dito, e telefone é pra conversas rápidas, não é mesmo? Eu estou chegando de viagem agora e estou um pouco cansado. Se puder, conversamos depois. Marcelo retruca. Mas doutor, sempre depois. Marinis lhe responde: Sério Marcelo, depois conversamos. Estou chegando de viagem agora. Até mais. E desliga no meio do tchau de Marcelo. Marcelo intrigado com a forma com que Marinis lhe cortou liga o telefone e começa a discar de novo para ele. Antes de terminar de discar diz em voz alta: Assassina! E desliga o telefone. Pensa que ter mencionado a palavra assassina pode ter causado aquela reação em Marinis. Abre um resto de vinho, acende um cigarro e vai para a varanda. Leva seu computador e suas histórias. Escreve um pouco menos que mais e fica divagando sobre como as histórias de duas vizinhas assassinadas se cruzavam justo ali, na sua rua, a altura de seus olhos. Na internet nada de novo. Levanta da cadeira da varanda, deixa o computador ali e deita no sofá na sala. Adormece lentamente. Antes de dar um primeira roncada é acordado com a campainha tocando. Marcelo acorda assustado e logo imagina algo suspeito. Se levanta devagar e caminha lentamente até a porta. Antes de chegar, a campainha toca outra vez. Ele pergunta: Quem é? Juliana, respondeu do outro lado. Irmã de Marina, completou depois de um silêncio de Marcelo. Ele então abriu a porta. Desculpando-se pede a Juliana que entre. Ela aceita o convite e entra. Carrega nas mãos um pote redondo. Marcelo observa com indiscrição e Juliana diz: É por isso mesmo que estou aqui. Conhecia muito bem minha irmã e sempre fomos grandes amigas. Eu sabia de você e da viagem que planejavam fazer. Marcelo interrompe e pergunta: Tudo? Juliana descontrai e responde: Tudo que era para eu saber. E os dois acham graça e riem. Juliana volta a falar. Sei que minha irmã lhe tinha muito apreço, carinho e quem sabe até amor. Sei também que sua recíproca me parece verdadeira. Então venho lhe convidar para ir comigo à México, espalhar as cinzas de minha irmã? Marcelo responde assustado: México? Cinzas? Juliana explica a ele que se tratava de um pacto que as duas haviam feito. Que as cinzas de uma e de outra deveriam ser espalhadas no México. Passei as duas últimas semanas cuidando de burocracia e de papelada de bens e de négocios que se transferiam e se doavam. Dinheiro que ia e vinha. Entre esse tempo, tive a oportunidade de ver que Marina estava adiantada com sua agente de viagens. Tinha já agendado passagens e hospedagem em Cuba e México. Acabei cancelando a ida a Cuba, mas sigo com México pelo roteiro. De lá vou direto para Europa. O México é um sonho antigo de minha irmã, vamos? Marcelo diz que não pode. Juliana diz que ele não deve se preocupar com o dinheiro, que ele teria a viagem toda custeada. Marcelo agradece e mais uma vez reclina o convite. Explica a Juliana que sua mãe encontrava-se em um mal estado de saúde e que ele não poderia realizar uma viagem internacional naquele momento. Juliana entende e o abraça. Quando se soltam, ela abre o pote e joga um punhado de cinzas no ar dizendo: Um pouco dela por aqui. Sorri. Dá um abraço em Marcelo, lhe dá um beijo, se despede e sai. Marcelo, meio chapado da tarde não entendeu muito bem o porque dela ter ido tão depressa. Com tudo! Disse em voz alta. Voltou até a varanda e meia taça de vinho de ontem esperava Marcelo. Bebeu e achou bom. Foi até a cozinha buscar um pouco de água. No caminho o telefone tocou. Era Marinis: Oi, Marcelo! Tudo bem? Marcelo respondeu que sim. Que, que, que rápido você me ligou, hein, doutor? Riem da gaguejada de Marcelo. Marinis continuou. Aquela nossa conversa, ainda tá de pé? Marcelo tomou um gole de água e disse: Claro, Marinis. Na hora que você quiser. Marinis retruca: Que tal agora, Marcelo? Marcelo ri e responde com outra pergunta: Agora, Doutor? Mas aonde? E Marinis sugere que seja na casa de Marcelo. A não ser que o jornalista já tenha algum outro compromisso? Marcelo hesita por alguns segundos e convida a Marinis que venha. Marinis agradece o convite e diz estar estacionando o carro perto da casa de Marcelo. Marcelo se supreende e se dá conta de que Marinis havia ligado para sua casa e não para seu celular. Desliga e dá uma limpada na varanda. Coloca água para esquentar para um café e vira o resto do vinho dizendo que é pra não desperdiçar. Toma mais um copo de água quando a campainha soa. Marcelo sai gritando sozinho: Mas num tem mais porteiro nesse prédio não? Abre a porta e está Marinis sem entender a Marcelo lhe explica que o porteiro havia lhe reconhecido e deixado que subisse. Marcelo diz que ele entendera errado, mas que não vazia diferença. É um longa história. Marinis disse que adorava longas histórias, dá uma fungada e diz: Ainda mais com café novinho! Marcelo acha graça dele enquanto ele entra. Caminha até a bancada da cozinha e se senta. Que história é essa, Marcelo? Visitas inesperadas? Marcelo acha engraçado a expressão de Marinis e ri. Sim, e não, doutor! Era a irmã de Marina, Juliana. Veio me trazer cinzas e uma viagem para o México. Marinis o interrompe: Você vai para o México? Marcelo diz que não e antes de explicar porque, Marinis continua: Por que você não pode sair do país não! Marcelo revida assustado: Eu não posso?! Marinis recoloca: Não, na verdade você pode sair sim. Você não é mais um suspeito. Marcelo respira aliviado e pergunta a Marinis: Mas então posso saber porque o senhor queria me ver tão rápido? Marinis lembra a Marcelo do nem escrito e nem dito e lhe conta que acabava de voltar de viagem de Pouso Alegre, no sul. Havia uma coincidência de duas mortes estranhas na cidade também. Fui até lá e descobri que essa assassina ou é de lá, ou passou por lá. Mas fiquei sabendo da morte de duas jovens. E vendo que Marcelo estava ansioso por histórias policiais, tamanha era a cara de satisfação que se abria enquanto Marinis lhe falava, seguiu dando mais detalhes. Uma delas era guitarrista de uma banda e teve os tímpanos estourados antes de morrer enforcada nas cordas da própria guitarra. Um enforcamento, ou um outro enforcamento. Dependendo do ponto de vista. E a outra morte também foi bem estranha. A menina era a mais bonita da escola. Foi encontrada com o rosto todo cortado, seios mutilados, pernas com riscas de um possível bisturi. Morreu de tanto perder sangue, amarrada a um cadeira. Descubriu-se depois que ela, filha de dentista, havia feito quadro cirurgias plásticas. Acabei achando tudo isso muito estranho e fui até lá verificar um pouco a história. Temos já várias possibilidades sobre essa possível assassina. Suspeita-se que ela não seja de Pouso Alegre, visto que não há graus de parentesco e nem de amizade. Talvez uma forasteira? Mas que importa! O importante é que vamos pegá-la. Marcelo se assusta e pergunta: Pegá-la, Marinis? Eu quero ir junto! Eu posso ir junto? Ah, deixa, Marinis? Deixa, vai! Ô, doutor! Marinis acha engraçado o jeito afeminado como Marcelo fala e começa a rir. Marcelo ri também. Marinis, para desviar o assunto conta a Marcelo que quando chegou de viagem, haviam encontrado um outro caso em Belo Horizonte. Encontramos uma cabeleireira no bairro Floresta. Enforcada com secador. O rosto e os braços queimados com chapa alisadora de cabelo. As unhas arrancadas e o cabelo cortado com vários cortes na cabeça. A polícia suspeita que o couro cabeludo também tenha sido queimado antes da vítima morrer. Não se sabe? Marcelo interrompe e diz: Como assim, a polícia? Você está a frente desse caso, não é Marinis? Marinis disse que infelizmente esse da Floresta ele não teve como acompanhar. Marcelo se adianta e diz: Ah, já sei. Foi enquanto você tava viajando, não foi? Marinis ri e diz: Não, Marcelo. Não foi. Na verdade, foi antes até da Lady Mary. Mais precisamente, vinte e três dias antes. O que me uniu a esses outros três casos é uma suspeita, a total falta de pistas para o assassino e a forma como todas as vítimas sofreram torturas antes de sertem mortas. E Marinis continua. Apesar de vivermos num país em desenvolvimento, tratando-se de segurança, a tecnologia e a inteligência são de primeira linha. Já temos algumas informações cruzadas entre todos esses casos, acessos a internet, e suspeitas, e não suspeitos, se me permite assim dizer? Marcelo concorda e pergunta em seguida: Mas ainda não entendi o que você veio buscar aqui Marinis. Marinis ri e diz: Vim conversar, Marcelo. Só conversar. Não estou aqui como policial. Estou aqui como civil. Marcelo se alegra e volta a perguntar: Mas a história de pegá-la? Eu quero participar disso aí, Marinis! Sempre quis ser reporter policial. É minha grande chance, vai! Marinis acha graça e diz: Não dá, Marcelo. É perigoso. Marcelo insite que ele conte pelo menos o que planeja. Marinis cede e conta a Marcelo que desde a última conversa dos dois eles haviam montado uma equipe que estava enviando spams de e-mails a ana_._@live.com no qual em alguns deles eles adicionavam um coincidência que ele havia descuberto naquela última vez na casa de Marcelo. Todas as vítimas tinham algo de mari, mary ou marys no seu e-mail. Então enviamos alguns e-mails que monitoramos. Acredito que ela seja uma sociopata e não uma psicopata, entende? Marcelo acena com a cabeça sorrindo como que sim e diz: Uma serial killer, né doutor?! Marinis acha graça e diz que também. Que o importante era que ela havia mordido a isca. Agora era Ana Clara e convesava com uma suposta fotógrafa profissional, uma detetive do departamento de inteligência. E logo logo nós vamos pegá-la. Marcelo aproveita: Nós, Marinis? Marinis ri e diz: É, Marcelo, nós. Vamos pegá-la!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Capítulo XXXI - A, não o

Passaram-se três dias até o enterro de Marina. A polícia precisou de dois dias e Juliana, a irmã de Marina de mais um para chegar e se despedir da irmã no Brasil. Uma cerimônia enquanto o corpo de Marina cremava foi realizada. Haviam pessoas de vários lugares. Estava Ramón, várias pessoas que trabalhavam com Marina, Marcelo, distante e triste, ora chora, ora reza, ora canta, ora dá gargalhadas. Marinis está um pouco mais atrás e observa Marcelo e Juliana, os dois últimos a saírem dali. Antes de Marinis sair, Marcelo vai até ele e pergunta o que ele fazia ali. Marinis disse que observava se passava algo de anormal. Marcelo lhe olha torto e diz: Marinis, qual é! Me conta o que você descobriu de quem matou Marina? Marinis para assustado e olha para Marcelo. Pensa por um tempo e é interrompido por outra pergunta de Marcelo: Doutor, quem matou a minha vizinha da frente foi a mesma pessoa que matou minha vizinha do lado? Marinis assustado olha para Marcelo. Olha para Juliana que escuta as perguntas de Marcelo e o chama para se afastarem. Puxa Marcelo e lhe pergunta, Marcelo, você estava chorando faz agorinha por ela e já quer saber quem é que matou? Marcelo retruca, chorei mesmo e fiquei triste, mas ri também. Mas demorei pra sair dali é porque fiquei pensando que pode ser a tal da Bia, amiga dela do msn, mas isso não poderia ser, seria muito óbvio, né? Marinis sorri e Marcelo continua, mas que essa assassina tá é lá pra minhas bandas! Marinis ri de Marcelo e ele ri também. Marcelo para de rir e diz: Tá vendo, dá pra rir e ficar triste. Igual dá pra pensar e ficar triste. E mesmo triste, em todos esses dias eu pensei muito em Marina e nesse dois assassinatos pertos da minha casa. Eu vi um deles e convivi com a vítima de outro deles. Acho isso tudo muito louco, sabe Marinis? Marinis pensa por alguns segundos enquanto começa a caminhar. Vem, Marcelo. Vamos tomar um café? Este eu convido! E Marcelo o seguiu. Foram até um café no carro de Marinis. Enquanto dirigia, Marinis disse a Marcelo: Marcelo, vamos tomar um café na sua casa, um lugar mais reservado que te conto um pouco do que eu sei e vejo como você pode me ajudar. Marcelo se empolga e concorda. Demoram um pouco para chegar e Marinis adianta a Marcelo. Tudo o que nós conversarmos lá, não pode ser dito, repetido e nem mesmo escrito, entendeu, Marcelo? Marcelo acena positivamente com a cabeça e sorri com os olhos. Marinis lhe encara sério e Marcelo desfaz o sorriso e acena sério. Chegam na casa de Marcelo e o anfitrião vai preparar o café. Marinis caminha pela sala e vai até a varanda. Olha para a janela da primeira vítima. Espera que Marcelo volte. Quando ele chega, Marinis se adianta: Você quer saber se é o mesmo assassino que matou suas duas vizinhas? Marcelo responde que sim e Marinis continua, Pois vou lhe dizer mais então, assassina, eu suponho. Ou não, emenda. E Marcelo ri. Como assim? Marinis lhe diz, é que tem uma semelhança estranha nesses dois casos que me incomodam muito. Marcelo curioso pergunta do que se trata. E Marinis acompanha Marcelo até a cozinha. Acho que a água tá esquentando, né? Marcelo pergunta outra vez. Marinis? E Marinis acalma a Marcelo. Calma, vou te contar o que sei e você vai me ajudar. Acho que você entende um pouco de histórias policiais, não é verdade? Marcelo se sente invadido por Marinis e fica vermelho. Marinis percebe e se desculpa batendo no ombro de Marcelo. Desculpa, mas eu gostei, viu? Marcelo ri e passa o café. Sentam-se na varanda para tomar café. Marinis espera o café esfriar enquanto olha para a outra janela. Olha para o café e comenta com o Marcelo. Marcelo, olha só. O mais estranho é que as duas vítimas sofreram algum tipo de tortura antes de morrerem e estavam amarradas quando morreram. Marcelo se assuta e Marinis segue. Mas foram torturas muito diferentes. Marisa Prieta era prostituta, conhecida na praça como Lady Mary. Voi violentada sexualmente antes de morrer com um cabo de vassoura enfiado na garganta. Marina voi queimada com pinturas, livros e fotos que pareciam estar na sua sala, supunha Marinis. Aliás, você podia me confirmar algumas coisas lá, Marcelo? O que você acha? Marcelo pensa um pouco e depois pergunta: Como a gente vai entar lá? Marinis diz que o local ainda está sob custódia da polícia. E que ele tem a chave e a permissão pra entrar lá. Marcelo volta-se pensativo. Depois de algum tempo e mais uma insistida de Marinis: Marcelo? E ele responde: Na parede, doutor, tinha umas pinturas bonitas na parede da sala. Essas colunas da cozinha igual essas minhas cheia de fotos de lugares lindos! Acho que tinha uma estante também. Duas, seriam? Induz Marinis. Marcelo fala: Uma de livro e outra de filme. Lembro que fiquei reparando, e ri se lembrando. Marinis diz pois é, então ela foi queimada antes com essas coisas e depois morreu enforcada, com o fio do mouse do computador. Que essa assassina ainda fez questão de deixar. Igual o cabo de vassoura. E nenhuma impressão digital. Nenhum rastro. Essa é a grande coincidência dois dois. Marcelo interrompe Marinis e diz: E é ela e não ele? Marinis diz que tudo aponta para que sim. Olha, Marcelo, um homem se parecer com uma mulher não é difícil. Mas pelo que me dizem, as duas pessoas que tenho suspeitas, uma é forte e grande e o outro é você. Marcelo se assuta e diz: Eu? Você, a polícia tá todo mundo achando que eu posso ter feito isso? Vocês só podem estar ficando loucos. Eu tava em Ouro Branco e vi o outro. Isso não quer dizer que faça de mim uma suspeita. Marinis retruca. De certa forma, sim. Mas não aposto em você. Acho que tá mais pra ser ela mesmo. Mas me conta uma coisa que é importante. Eu procurei nos e-mails da Marina e não encontrei nenhuma Beatriz. Marcelo bate cerra os punhos com força e diz: Será que ela ainda apagou o nome dela do msn? Marinis diz que gostaria de ver o e-mail de Beatriz, amiga de Marina que planejava se encontrar na lan house e depois viajar. Marcelo abre o computador e abre o nome de Beatriz. O e-mail é: ana_._@live.com. Ele logo diz, que estranho. Não era Bia? Marinis deixa Marcelo pensando um pouco e depois tira de dentro de sua bolsa alguns papéis com a lista de e-mails de Marina. Há conversas dela com Bia onde se apresentam e ela dizia se chamar de Ana Beatriz, mas que não gostava do seu nome. Marcelo olha para o detetive e diz, mas se você sabia onde procurar, porquê veio me contar tudo isso. Você já tem um meio de chegar nela. Chegar nela? Repetiu Marinis. Boa idéia, Marcelo. Pra isso que eu vim falar com você. Para ter boas idéias. Enfatiza. Marcelo volta a ler o texto em uma das folhas está a conversa na lan house. Doutor, se tem da lan house é porque você foi atrás do e-mail que te falei que a gente conversava? Pois é Marcelo, a princípio foi. Tinha até uma conversa delas olha aí. E Marcelo emenda, é tô lendo.
19:38:57 Marina: ei, Bia!
19:39:12 Marina: Tudo bem?
19:41:21 ana_._@live.com: Ei, você tá aqui?
19:41:49 Marina: não tô... desculpa
19:42:04 Marina: ai, que raiva daquele Marcelo
19:42:15 ana_._@live.com: calma, Mari.
19:42:23 ana_._@live.com: fica calma
19:42:47 Marina: ggggggrrrrrrrrr!!!!!!
19:42:53 ana_._@live.com: hahahahaha
19:43:07 ana_._@live.com: ;)
19:43:32 Marina: hahahaha
19:44:48 ana_._@live.com: vamos tomar uma, pra relaxar?
19:48:02 ana_._@live.com: você tá aqui perto da lan house?
19:50:13 Marina: eu moro perto daí.
19:5022 Marina: mas não sei se quero sair.
19:50:34 Marina: acho que quero ficar sozinha
19:50:41 Marina: me desculpa?!
19:51:23 ana_._@live.com: ô amiga. preocupa não.
19:51:29 ana_._@live.com: fica pra outro dia
19:51:39 Marina: melhor
19:53:46 ana_._@live.com: Marina?
19:55:54 ana_._@live.com: Marina?
19:56:27 Marina: desculpa, Bia. preciso ficar sozinha.
19:57:46 ana_._@live.com: tá bem, qualquer coisa, vou marcar um tempo aqui na internet, tá?
19:57:53 Marina: obrigada.
19:57:55 Marina: beijo
19:58:16 ana_._@live.com: beijo, até mais!
Lê todo o bilhete e diz: Mas Marinis, se você já sabia o e-mail da Ana Beatriz, porque confirmá-lo comigo? Marinis sorri e diz: Porque eu acho que é a mesma assassina. Marcelo se assuta e pede a Marinis que lhe explique. Preste atenção Marcelo. Temos uma suspeita de nome Ana Beatriz, certo? Marcelo acena com a cabeça concordando enquanto Marinis segue seu raciocínio. Temos outra suspeita que vai até o seu apartamento com no nome de Beatriz Lopes. E justo no seu que é no mesmo andar de Marina. Ana Beatriz Lopes, era o que poderia suspeitar, não é verdade, Marcelo? Marcelo segue concordando e Marinis diz que há um porém. Que o mesmo e-mail também batia com um conversa de Ana Cláudia, Claudinha tentando marcar um programa lésbico com Lady Mary. Essa era a única conversa e me pareceu só mesmo uma negativa de Marisa Prieta no primeiro momento. Porém, quando você me falou dessa lan house, eu achei esse e-mail no de Marina, e no de Marisa Prieta advinha? Ana Cláudia Lopes. Caramba, solta Marcelo. Marinis continua. Então acho que você agora realmente pode me ajudar, pois é uma testemunha dessa história. Marcelo ri e indaga: Testemunha. Vamos descobrir qual é a dessa mulherzinha aí, doutor! Marinis ri e diz: Vamos, Marcelo, vamos sim! E tenho uma suspeita que ela gosta de brincar com coisas do mundo de cada uma de suas vítimas antes de matá-los, e torurá-las, no caso dessas duas. Com a puta teve muito sexo, sadismo e totura nos órgãos sexuais dela. Com Marina, uma mulher culta e cibernética, sua cultura serviu de combustão para as torturas com fogo queimando suavemente sua pele. Marinis conta a Marcelo como encontrou Marina amarrada a uma cadeira, com a boca amarrada, a pele cheia de queimaduras e o fio do mouse enrolado no pescoço. No chão haviam livros com páginas rasgadas. Marcelo assustado diz: Vichi, Maria. Mas a mulher é doida mesmo! Marinis ri e diz: É Marcelo, mas você e seu porteiro são os únicos que podem identificar ela. E você pode tentar falar com ela por msn nos próximos dias, hein? Marcelo diz que claro que sim. Marinis, vou entrar todo dia. Marinis concorda. Faça isso Marcelo. Nós vamos tentar rastreá-la também. Seguimos em contato. Você tem me ajudado muito. Agora escute bem e se lembre do que eu te falei lá no carro. Nenhuma palavra e nenhuma linha, certo? Claro Marinis, responde Marcelo. Eu sei que ainda estamos só investigando. Especulando, Marinis o interrompe. Como seja, continua Marcelo. E sei que isso tornar-se público pode atrapalhar as investigações. Isso mesmo Marcelo, sorri Marinis para ele. Marcelo sorri relaxado. Tchau, Marcelo! Logo nos falamos de novo. Tchau, Marinis, diz Marcelo enquanto bate a porta.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Capítulo XXX - Suspeitas

Durante o final de semana em Ouro Branco, a rotina era discussões e recordações dos irmãos, visitas ao hospital e comida. O médico suspeitava que o fogão a lenha era o possível catalisador da insuficiência respiratória associada a idade avançada juntamente com o abatimento psicológico após a morte do marido. Gabriela havia conseguido uns dias de folga e passaria a semana cuidando da mãe e depois a levaria para passear alguns dias na praia. Agora, mais que nunca os filhos precisavam reunir forças para ajudar sua mãe. Ricardo, deu a idéia e os três compraram um fogão à gás excelente e se propuseram a todos convecerem à mãe que teria que cozinhar muito menos no fogão à lenha. Ela foi relutante no primeiro dia que lhe falaram, no Domingo. Na segunda-feira pela manhã ela já estava a caminho de casa. Quando ela chegou apresentaram para ela a idéia do fogão, mostraram o modelo e Marcelo e Gabriela pediram que ela pensasse mais na sua saúde. Ela acabou aceitando sorrindo para os filhos. Ricardo compraria por internet em Belo Horizonte e mandaria entregar em Ouro Branco. A previsão era de dois dias úteis. Uma tia levaria a comida nos primeiros dias, Gabriela ficaria até levé-la ao Rio. Ricardo voltava com Marcelo para Belo Horizonte logo depois do almoço. Seu vôo era no começo da noite. No ônibus, os dois dormiram. Quando chegaram, Ricardo não tinha muito tempo considerando a ida ao aperoporto mais o tempo de chek in. Convidou Marcelo para tomarem um café e comer um pão de queijo. Marcelo convidou ele para ir a sua casa. Ricardo lhe explicou que seu tempo era curto e logo o café e o pão de queijo foi o da rodoviária mesmo. Conversaram um pouco sobre o trabalho e ficou nisso. Da rodoviária pegaram um táxi, Marcelo ficou no seu apartamento e depois Ricardo seguiu para o aeroporto. Marcelo olhou para cima e pensou em Marina. Pegou o telefone e olhou as últimas chamadas. Havia ligado para ela diversas vezes no final de semana e ela não atendia. Na rua haviam dois carros parados em local proibído e duas viaturas policiais. Marcelo logo pensou no seu livro e entrou correndo pelo saguão do prédio. Quando entrou viu Marinis conversando com o porteiro. O porteiro apontava para Marcelo quando Marinis se virou para ele. Marcelo! Disse Marinis. E Marcelo respondeu: Marinis? Você por aqui? Novidades do caso da Marisa Prieta? Marinis franze a testa e puxa Marcelo. Entre os dentes, Marinis fala com Marcelo: Tome cuidado na frente de quem fala! Esse porteiro aqui está me dizendo que você ligou para ele na Sexta-feira pedindo o telefone da sua vizinha, Marina? Verdade? Marcelo respondeu assustado se defendendo: Eu?! Pedi sim! Por que? Qual o problema? Marinis olha para Marcelo e diz: Pois é, Marcelo, agora você passa a ser o suspeito número um. Suspeito número um, Marinis? Pergunta Marcelo, que se confunde ao continuar: No caso da Marina Prieta? Marinis lhe corrige: Marisa Prieta, Marcelo! Dela não, mas o de Marina Goulart. Marcelo para por alguns segundos e pergunta Marina Goulart, Marinis? Minha vizinha? Marinis diz que é ela mesma. Marcelo desmaia e Marinis o segura. Com a ajuda do porteiro colocam Marcelo sentado. Após algum tempo Marcelo volta e Marinis olha para ele esperando que diga algo. Marcelo permanece em silêncio e depois diz: A Mari, doutor, morreu? E começa a chorar. Marinis não entende a reação de Marcelo e completa: Você é o principal suspeito de ter matado ela e você fica aí chorando? Marcelo olha para Marinis e diz entre lágrimas. Eu, suspeito! Eu passei o final de semana todo em Ouro Branco, com minha mãe. Marinis suspeita dele e emenda: E que claro você pode provar, né? Marcelo tira os bilhetes do bolso e joga no peito de Marinis. Marinis pede desculpas por desconfiar dele e lhe pergunta qual a relação que ele tinha com sua vizinha. Marcelo lhe explicou que haviam saído e que estavam planejando fazer uma viagem juntos. Mas que ela havia brigado com ele na Sexta-feira. Marinis franziu novamente a testa e repetiu: Brigado? Como assim? Você esteve com ela na Sexta-feira? Que horas? Marcelo diz que não esteve. Até marcamos, sabe Marinis, mas eu atrasei no serviço aí liguei pra ela. Como eu não tinha o telefone dela, liguei para a portaria pra pegar o telefone dela. Aí ela ficou brava comigo porque eu me atrasei pro nosso encontro. Marinis questiona Marcelo: Mas se vocês saíam juntos e são vizinhos, como você não tinha o telefone dela? Marcelo, vendo que estava sendo interrogado e sua verdade sendo colocada a prova contou a Marinis: Olha, Marinis, assim, ó. Eu fazia muito tempo, mas muito tempo mesmo que não saía com uma mulher, aí, a gente começou a conversar por internet. Depois eu descubri que ela era minha vizinha e era tímida. Depois superamos essa fase inicial e saímos. E foi ótimo. Depois conversamos mais por internet e íamos nos encontrar de novo na Sexta, na lan house aqui pertinho de casa. Eu, ela e a Bia, mas minha mãe passou mal e eu tive que ir pra Ouro Branco. E até tentei ligar pra ela várias vezes, mas o telefone chamava até desligar. Marinis olha para Marcelo lhe diz: Então acho melhor você não subir agora. Vem cá comigo, por favor? Você conhece esse porteiro? Marcelo acena positivamente com a cabeça. Os dois vão até o porteiro e Marinis lhe pergunta até que horas ele trabalhava. O porteiro respondeu que variava, tinha dia que era até às oito e meia e tinha dia que largava às sete meia. Dependia das trocas que vaziam entre os porteiros. Marinis lhe pergunta que horas ele largou o serviço na Sexta. O porteiro assustado, responde ao delegado: Olha, doutor, vou falar a verdade pro senhor, na Sexta eu tinha combinado de sair daqui com o outro porteiro às sete e meia, ele atrasou, e eu tinha que buscar minha sogra na rodoviária e saí daqui era vinte pras oito e ele ainda não tinha chegado. Marinis olha com reprovação ao porteiro e volta a lhe perguntar: E esse porteiro, que horas chega hoje? O porteiro disse que era no horário normal. Marinis olhou para o relógio e ainda faltava algum tempo. Se convidou a tomar um café na casa de Marcelo. Marcelo, sem escapatória disse que sim apesar do cansaço da viagem. No elevador, Marcelo disse à Marinis: Marinis, eu quero vê-la, por favor? Marinis comentou com Marcelo: Olha só, eu acho melhor não. A Marina morreu enforcada e antes foi presa, amordaçada e torturada com queimaduras na pele. Marcelo se assustou com a descrição do delegado. Quando chegaram no seu andar. Marcelo viu a faixa listrada na porta do apartamento de Marina. Do lado de dentro alguns peritos tiravam fotos e comentavam sobre o que encontravam. Marinis volta a chamar a atenção de Marcelo para seu apartamento: Marcelo, e o nosso café? Marcelo respondeu instintivamente: Quê? Café? E Marinis continou enquanto puxava Marcelo para o seu apartamento: Foi a assistente dela que ligou dizendo que tinham um compromisso no Sábado de um trabalho que estavam finalizando para entregar na Segunda-feira. Enquanto Marcelo fazia o café conversaram mais a respeito de Marina. Marinis pediu a Marcelo que contasse mais sobre ela. Ele contou sobre a forma como se conheceram, a viagem que fariam juntos, sobre a noite que passaram juntos e mostrou-se bastante apaixonado por ela. Marinis ia anotando algumas informações no seu bloco de notas. Quando se deu conta já passavam das oito e Marinis disse que tinha que ir. Marcelo pediu mais uma vez para ver Marina. Marinis insistiu que se tratava de um assassinato muito estranho e que a cena chocaria muito a ele. Marinis lembrou dos textos que lera de Marcelo e resolveu dar a ele a chance de ir com ele falar com o porteiro: Marcelo, vou ali conversar com o porteiro que cubriu o outro turno. Ela morreu, Marcelo, era entre três e quatro da manhã. Marcelo se assustou e aceitou o convite. Desceram o elelvador e foram até o porteiro. Quando chegaram, Marinis conduziu novamente a situação. Se apresentou como delegado e foi logo perguntando ao porteiro se ele lembrava de alguém indo ao apartamento 1202 na Sexta-feira. Ele pensa muito pouco, pois já havia sido advertido pelo colega sobre o porquê da polícia ali e diz: Não, ninguém! Marinis acha a resposta do rapaz muito rápida e insiste em lhe perguntar se havia acontecido alguma coisa estranha naquela noite? Ele insiste que não. Marinis segue pressionando até que o porteiro olha para Marcelo e diz: Teve uma moça procurando ele. Lembro porque foi a primeira pessoa que chegou logo depois de mim. Eu cheguei era umas oito e ela chegou falando no celular com o Marcelo e disse que ele tava esperando, no 1201. Eu olhei a caixa de correspondência e a do 1201 era do Marcelo mesmo e tava vazia. Imaginei que ele já tinha mesmo chegado. E ela já foi logo chamando o elevador, e subindo. Logo depois chegou a dona Celeste com seus dois cachorros e fizeram cocô bem aqui na porta. É isso, lembrei doutor! Isso foi bem estranho. E eu tive que limpar porque de noite já não tem mais faxineira. Marinis escuta tudo com atenção. Marcelo emenda uma pergunta: E com o cocô do cachorro e o trabalho de limpar você não lembrou de me interfonar e dizer que essa moça estava subindo? O porteiro se sente culpado e diz que não. Me desculpa, senhor. Mas é que com essa confusão toda eu me esqueci mesmo. E depois a mulher não desceu mais. Sempre vem tanta gente esquisita nesse apartamento seu. Marcelo retruca: Meus convidados não são gente esquisita nada. Tem uns excêntricos, mas esquisito não tem nenhum! Marinis intervém e diz: Gente esquisita? Você se lembra de como ela era. Lembro pouco, doutor. Lembro que era grande e gostosa. Marinis olha em volta e pergunta: E o nome dela? E porteiro diz que não perguntou. Marinis vê um livro de registro de visitantes sobre a mesa e olha há algumas mulheres na Sexta-feira. Ah, ela assinou o livro também! Disse o porteiro se lembrando. Lembro até que foi por isso que não chamei o Marcelo pelo interfone. Marinis pega seu bloco de notas do bolso. Olha, folheia algumsa páginas e depois pergunta o nome do porteiro. Pega o telefone e diz que ele é uma testemunha. Chama Marcelo para subirem. No elevador, Marcelo pergunta a Marinis o que ele havia encontrado no livro e Marinis lhe revela que havia uma Beatriz entrado no prédio com o número de outro apartamento. Se despede de Marcelo e volta as suas investigações. Marcelo pede a Marinis para participar mais da investigação. Marinis lhe responde: Você já está participando, Marcelo. Muito mais do que você pensa. Agora vai descansar um pouco e deixa eu fazer meu trabalho. Depois conversamos mais. Tá? Marcelo foi obrigado a concordar com Marinis o levando até a porta de sua casa. Quando fechou a porta, Marcelo colou o olho no buraco da porta e viu Marinis voltando até a casa de Marina e chamando um detetive para conversar. O detetive sai e Marinis fica observando o que seria Marina morta na sala. Caminha lentamente até a porta e a fecha. Ainda com a mão na maçaneta, Marcelo vira de costas para a porta e agacha chorando por Marina.

sábado, 27 de junho de 2009

Capítulo XXIX - Sexta-feira

Na sexta-feira, Marcelo acordou antes do meio dia e se permitiu ir ao trabalho mais tarde. As páginas de sábado e de domingo já estavam quase prontas e bastaria mesmo sua revisão. Depois um encontro com Marina para colocar as vírgulas e os pontos em seus respectivos lugares e um final de semana inteirinho de folga. Marcelo preparou um café da manhã com torradas, geléia e seu inseparável café forte. Foi até a rua e comprou ingredientes para uma salada. Quando subia no elevador pensou em convidar Marina para almoçarem juntos. Estava com vontade de encontrar com ela de novo antes de irem resolver detalhes da viagem com Bia. Quando o elvador chegou no seu andar, desceu e olhou para o porta de Marina. Bateu campainha e foi em direção a sua porta. Abriu e colocou as compras sobre a bancada. Voltou e viu que a porta de Marina permanecia fechada. Tocou a campainha mais uma vez. Ninguém atendeu. Marcelo voltou até sua casa e preparou a salada. Enquanto preparava, pensava em Marina. Olhou para o relógio e era perto das duas. Ela deve estar trabalhando, pensou Marcelo. Terminou de fazer a salada e deixou sobre a bancada. Saiu de casa e foi até o porta de Marina. Chamou por mais uma vez e não obteve resposta. Colou o ouvido na porta e o que ouviu foi o silêncio. Voltou até sua casa, sentou e comeu a salada. Depois deitou no sofá e acendeu um cigarro. Enquanto fumava, pensava no trabalho. No que tinha para fazer, que não era muito, porém exigia que ele coordenasse bem tudo para que acumualasse material para Segunda-feira também, pois assim folgaria também no Domingo. Terminou de fumar e cochilou. Levantou pouco tempo depois, passou café e lavou toda a louça acumulada. Tomou um banho rápido e vestiu roupa. Antes de sair voltou, tirou a camisa, passou perfume e escolheu outra camisa. Chamou o elvador e voltou a pensar em Marina enquanto o elevador não chagava. Marcelo estava surpreso consigo mesmo. Esse meu comportamento estava fora do normal, pensou olhando a camisa que vestia. O elevador chegou, ele entrou e desceu. Saindo do prédio o porteiro lhe chamou e entregou algumas correspondências. Uma conta e duas publicidades. Marcelo colocou tudo dentro da bolsa e saiu a pé até o jornal. No caminho pegou a conta de dentro da bolsa e abriu. Verificou o valor e colocou de volta dentro da bolsa. Chegou no jornal e organizou as páginas para os próximos três dias. Viu que faltava conteúdo e pôs-se a escrever. Notas, dicas culturais, matéria de entretenimento. Marcelo escreveu algumas e as distribuiu entre os três dias. Terminou sua parte era quase 6 da tarde. Entregou tudo ao finalizador e antes de sair havia um recado do editor-chefe. Era um convite para que os dois fossem ao restaurante, pois o dono havia ficado muito satisfeito com o destaque que ele recebeu no jornal e fazia questão da presença dos dois. Marcelo foi até a sala do editor-chefe e conversou com ele por alguns minutos. Explicou a ele que tinha um compromisso marcado, mas que dependendo da hora que terminasse ligaria para ele combinando de ir. Mas que inflelizmente não poderia mudar esse compromisso. O editor-chefe entendeu mas não gostou. Franziu a testa e disse: Não, se você não puder ir comigo hoje, vamos amanhã. Não tenho a menor paciência para ficar fazendo esse social sozinho. Marcelo riu e disse: Tá bem. Vamos ver se dá pra gente dar uma passadinha lá hoje mais tarde. Eu te ligo. E depedindo-se saiu da sala. Voltou até sua sala para pegar sua bolsa quando o finalizador lhe esperava com alguns papéis nas mãos. O finalizador lhe mostrou um problema que acontecia nas três edições consecutivas. Marcelo logo viu que não poderia mesmo ir daquela forma. Os caras que faziam a noite acontecer eram figurinhas carimbadas e conehcidas de todo mundo. E eles e seus amigos apareciam mais de uma vez em alguns dias com roupas diferentes. Marcelo teve que repensar um pouco de conteúdo para a edição de Terça-feira. Logo ajeitou tudo com o editor e viu que faltaria conteúdo justamente para a edição de Sábado. Voltou até o seu computador e começou a pesquisar sobre as matérias de gaveta que ele tinha feito e por serem atemporais serviam para lhe salvar de situações como essas. O pior foi que ele não achou nenhuma. Havia usado todas as que tinha antes desses últimos dias de movimento nas noites da capital. E depois esteve muito ocupado cobrindo esse movimento. Marcelo olhou para o relógio e eram quase sete e meia. Pegou seu telefone e buscou pelo nome de Marina. Se deu conta que não tinha o telefone dela. Nem de casa e nem celular. Foi descendo um pouco mais e viu o telefone da portaria de seu prédio. Chamou e o porteiro atendeu. Marcelo se apresentou e pediu para falar no 1202, com Marina. O porteiro chamou Marina pelo interfone e lhe disse que Marcelo queria falar com ela pelo telefone. Ela passou o número de seu telefone ao porteiro que repassou a Marcelo. Marcelo ligou para Marina já se desculpando. Ei, Mari. Tive um contra tempo aqui no trabalho, mas chego depois das oito. Marina que já estava pronta dez minutos antes das sete esperando que ele chegasse ficou um pouco brava e falou ríspida com ele: Pô, Marcelo já são sete e meia. A Bia já deve tá lá esperando a gente. Isso é feio. Vou ver se consigo falar com ela. Marcelo, sem entender direito o porque da rispidez na fala de Marina concordou, pediu desculpas mais uma vez e disse que faria o mais rápido que pudesse. E talvez exatamente pela pressão de fazê-lo, Marcelo demorou mais que o habitual para redigir um matéria sobre uma viagem cultural. Terminou pouco depois das oito e o editor-chefe o esperava na porta de sua sala. Marcelo, você não tinha um compromisso, ele comenta. Marcelo olha a hora e suspirando diz: Tinha! Chama o finalizador e enrega o texto para ele. Em pouco mais de 10 minutos o finalizador dava a Marcelo o que ele precisava. 4 dias de trabalho prontos e bem acabados. Ao sair não conseguiu escapar do editor-chefe e foi com ele até o restaurante. Concordaram em ficar pouco tempo. Beber algo, beliscar, agradecer ao anfitrião e ir embora. Marcelo ligou para Marina e não consguiu falar com ela. Imaginou que havia ficado chateada com ele. Tentou mais uma vez e imaginou também que ela poderia ter ido até a lan house. Foi com o editor-chefe até o restaurante. Lá cumpriram o que haviam combinado. Sentaram, pediram uma dose cada um, dividiram uma porção e esperaram que o anfitrião aparecesse. Quando ele apreceu, já estavam na segunda dose. Ele se sentou na mesa e conversaram por algum tempo. Ele elogiava o jornal e a Marcelo. O telefone de Marcelo tocou e ele viu que era um número de Ouro Branco. Pediu licença e foi atender. Pouco tempo depois voltou com uma cara abatida. Disse que tinha que ir embora pois havia recebido uma ligação de uma vizinha dizendo que sua mãe não estava passando bem e havia sido levada ao hospital. O editor-chefe desconfiou de que Marcelo queria fugir do compromisso. O dono do restaurante, se solidarizando a ele disse que ia mandar chamar um taxi. O editor-chefe, vendo que restaria a ele ficar ali sozinho com o dono do restaurante fazendo o seu tão odiado social, logo se ofereceu para levar Marcelo de carro até sua casa. Assim se livrava daquilo, apesar da desconfiança que estava de Marcelo, o melhor era aproveitar aquela desculpa para ir embora. Marcelo sentou no banco do carro e não disse uma palavra no trajeto até chegar na sua casa. Seu olhar estava distante. Antes de Marcelo descer do carro, o editor-chefe já havia percebido que o caso era sério e disse a Marcelo: Força, que tudo vai dar certo. Marcelo pegou o telefone e tentou ligar para Marina. Ela não o atendeu. Ele disse ao editor-chefe. Seria muito abuso você me deixar na rodoviária? De forma alguma, lhe respondeu. Feche essa porta e vamos embora. Chegaram logo na rodviária. Marcelo desceu do carro e agradeceu. Correu até a rodoviária e comprou o primeiro bilhete que tinha para Ouro Branco. O ônibus sairia em 20 minutos. Marcelo comprou uma revista e tentou ligar mais uma vez para Marina. Outra tentativa frustada, ligou para uma tia em Ouro Branco que lhe atualizou sobre o quadro de sua mãe. Lhe disse que ela estava desde a noite anterior no hospital pois estava sentindo falta de ar. Estava sobre observação e cuidados intensivos. Marcelo ficou ainda mais preocupado e ligou para seus irmãos. Após os telefonemas, Marcelo ouvia que anunciava a partida de seu ônibus. Desceu apressado as escadas com a revista na mão. Sentou em duas poltronas sozinho e começou a ler a revista para tentar aliviar sua tensão. Terminou de ler a revista na metade do caminho. Só consegiu adormecer quando já estava quase chegando. Quando chegou, pegou um taxi e foi direto para o hospital. O médico lhe disse que sua mãe havia passado por insuficiência respiratória grave, que agora tudo estava controlado, mas que ela deveria permanecer alguns dias em observação e realizar alguns exames para identificar o porquê dessa insuficiência. Marcelo relatou ao médico que ela gostava de cozinhar no fogão a lenha. O médico lhe disse que era uma coisa a se pensar e que ele ficasse tranquilo que agora ela já estava fora de perigo mas que deveria ficar em observação no hospital até segunda-feira. Marcelo pediu para falar com ela. Conversaram um pouco e ela estava bem. Falava devagar e pausado, mas tinha a pele corada. Marcelo ficou o máximo de tempo que pode com ela até que foi interrompido pelo médico que lhe disse que ela não poderia se cansar muito. Marcelo compreendeu e foi para casa de sua mãe dormir. Deixou seu telefone com o médico antes de sair e deu um beijo em sua mãe, que lhe respondeu com um sorriso.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Capítulo XXVIII - Metades

Marcelo acorda com o celular tocando pela segunda vez. Era do jornal. A assessoria de imprensa do restaurante estava em cima e o jornalista assessor era amigo do editor-chefe do jornal. Marcelo olhou para o relógio e viu que era pouco mais das três da tarde. Com preguiça levantou, comeu um resto de pizza fria e colocou café para passar. De café da manhã, pizza fria e café queimando a boca. Marcelo toma um banho e coloca um jeans velho e uma camisa amassada. Toma mais um pouco de café e vai até a varanda fumar. Pensa em Marina. Gostaria de encontrar com ela, mas hoje eu ainda tô cheio de trabalho comenta soltando a fumaça do cigarro. Ri de si mesmo. Apaga o cigarro, toma mais um pouco de café, pega sua bolsa e sai de casa. Vai até a casa de Marina e toca a campainha. Ninguém atende. Toca mais uma vez e ninguém atende. Pega o elevador e desce em direção ao trabalho. Até o jornal, a pé, Marcelo demorava alguns minutos. Quando chegou teve que replanejar o uso das fotos para a o próximo dia, já que esperava fazer um especial do restaurante no Sábado, teria que utilizá-lo no de Sexta-feira mesmo. Mas tinha o lançamento do cd e o filme que mereciam destaque também. Marcelo acalmou os animos pouco depois que chegou. Reduziu e adiantou o Sábado pra Sexta. Deixou meia página pronta, faltando somente o conteúdo dos eventos que ele mesmo estaria naquela mesma noite. Teve que esperar a aprovação da página e ficou algumas horas ocioso no jornal. Abre o msn e fica off line. Poucos segundos depois uma mensagem de Marina: Amanhã, Marcelo! Na Sexta. Estamos pensando em uma lan house na praça aqui perto de casa. O que você acha? Você pode? Marcelo?! Beijo. E foi só. tudo escrito de uma única vezada. Marcelo achou graça e antes de responder pensou um pouco no trabalho que teria. A edição de Sábado havia mudado, o que interferia também na de Domingo. Marcelo planejou distribuir o que restava do show, dos famosos no restaurante, das baladas e boites. Viu que lhe restaria algum tempo pelo final de semana com direito a happy hour na sexta. Gostou da idéia e de uma vezada escreve para Marina. Ei, Mari. Amanhã? Posso a partir das sete. Acho essa lan house bem legal. E vamos marcar de comer alguma coisa nesse final de semana? Tenho um vinho branco maravilhoso!
Quando deu enter, Marcelo viu que Marina já não estava mais on line. A mensagem já tinha ido e na tela do seu computador piscava o cursor em cima de Beij| Marcelo deu o enter antes mesmo de terminar de digitar quando uma assistente disse que o restaurante havia convidado eles para irem comer lá. Marcelo que já havia ido repassou o convite para sua equipe. Desligou o computador e foi para casa. No caminho comprou comida e bebida. Chegou em casa e ligou o forno. Ligou o som baixinho e tranquilo. Quando o forno estava mais quente, Marcelo colocou uma carne que havia acabado de salgar. Preparou arroz e salada. Comeu e dormiu por algum tempo. Quando acordou já era quase sete e o filme começava às oito. Levanta correndo e apressado. Liga o chuveiro e corre até a sala. Pega o lap top e leva a música para o banheiro. Volta correndo até a cozinha e enche a louça suja de água. Corre até o banheiro. Com o lap top sobre a bancada, Marcelo escolhe justo o cd que ele vai ao lançamento. Olha a hora e vê que havia dormido pouco mais de vinte minutos. Que estava apressado mas nem havia dormido tanto. O tempo no jornal que foi mais que ele esperava. Tomou banho e se aprontou rápido. Antes de sair, já estava cantarolando algumas das música do cd sem nem mesmo se dar conta.

Marina acordou tarde e saiu para comer em um restaurante. Estava com preguiça de cozinhar e foi até um restaurante perto de onde morava. Colocou a primeira roupa que viu. Era um belo vestido. Comeu e voltou para casa. Quando chegou ligou o computador e falou com várias pessoas. Havia um recado off line de Marcelo, no meio da madrugada: Claro, vamos marcar sim. Quando? Onde? Beatriz não apreceu e nem mesmo Marcelo. Marina estava ansiosa com o encontro e acabou achando bom que nada havia sido combinado então, já que nenhum dos dois havia se manifestado. Marina clicou no nome de Marcelo off line e escreveu para ele. Amanhã, Marcelo! Na Sexta. Estamos pensando em uma lan house na praça aqui perto de casa. O que você acha? Você pode? Marcelo?! Beijo. Passou mais algum tempo e nem ele nem Beatriz apareceram. Marina decide desligar o computador e dar uma ida até o escritório para conferir como se finalizava o novo projeto. Foi até o banheiro e tomou um banho rápido. Se aprontou e saiu por volta de quatro da tarde. Chegou rápido no trabalho, pois o trânsito estava tranquilo. Trabalhou até anoitecer. Estava criando bichos e histórias em relação a Marcelo, a sua sexualidade, a paixão que ele despertava nela, a noite que haviam passado. Resolveu meter a cara no trabalho e trabalhou até anoitecer. Nem mesmo viu o tempo passar. Quando se deu conta já havia anoitecido e estava somente ela e sua assistente no escritório. Deixaram o trabalho do jeito que estava e saíram para comer. Foram até uma lanchonete próxima. Quando chegaram se animaram e pediram algo para beber também. Comeram e beberam. Celebraram o sucesso do projeto e conversaram um pouco. Marina contou sobre a viagem que planejava fazer a México e Cuba à sua assistente, que ouvia entusiasmada. A conversa rendeu um pouco. Depois, se despediram e cada uma foi para sua casa. No caminho de volta para casa, Marina pensou em como havia vencido algumas barreiras que ela mesma se colocava ao cumplicidar sua vida mais pessoal com sua vida no trabalho. Chegou mais rápido em casa do que havia ido enquanto filosofava sobre sua timidez. Subiu o eleveador e quanto mais se aproximava, mais Marina pensava em Marcelo. Abriu a porta do elevador e foi até a porta de Marcelo. Bateu a campainha. Nenhuma resposta. Bateu mais duas vezes e nenhuma resposta. Bateu com a mão na porta algumas vezes e gritou: Marcelo! Marcelô! O silêncio que sobrou depois foi rompido por um choro baixinho que Marina nem mesmo fazia questão de enxugar as lágrimas. Caminhou até a sua casa. Abriu a porta. Entrou e segurou o choro. Olhou em volta. Caminhou até o seu quarto. Deitou na cama e voltou a chorar abraçada com o travesseiro. Dormiu até pouco mais da meia noite. Levantou com a boca seca e foi até a cozinha. Serviu um copo de água e tomou inteiro. Serviu outro e tomou mais um gole. Pegou um pão de forma e comeu com queijo e tomate. Pensava nela chorando antes de domir. Primeiro sentiu raiva de Marcelo. Depois riu dela mesmo. Ligou o computador e foi até o banheiro. Quando voltou, antes mesmo de abrir as janelas que piscavam do msn pensou: Acho que chorei porque queria que o Marcelo me quisesse como eu quero ele. Olha para o computador e vê a janela de Beatriz piscando com três tentativas de se comunicar com ela. Uma no final da tarde, outra mais a noite, e outra a poucos minutos. Em todas elas tentava confirmar o encontro. Na última, comentava que tinham que começara olhar as passagens para comprá-las com antecedência. Marina pensou naquilo e abriu alguns sites para ver preços de passagens. Copiou alguns links e colou para Beatriz. Disse: Talvez não possa amanhã, mas quem sabe no final de semana? Beatriz, off line, não respondeu nada. Marina viu que na janela de Marcelo, que também estava off line, havia um recado do final da tarde: Ei, Mari. Amanhã? Posso a partir das sete. Acho essa lan house bem legal. E vamos marcar de comer alguma coisa nesse final de semana? Tenho um vinho branco maravilhoso!
Beij
Marina achou inusitado, esquisito, surpreendente, atraente e apaixonante. Voltou até a janela de Beatriz e escreveu: Vai dar sim. Vamos marcar amanhã entre sete e oito, que cada um vai chegando a hora que quiser. O que você acha? Volta até a janela de Marcelo e escreve: Vinho branco? Hmm!! Então tá marcado amanhã. Nos vemos lá a partir das sete: Eu, você e a Bia. Beijo. Navegou por mais algum tempo, encontrou outros preços por diferentes rotas. Salvou alguns links e mandou por e-mail para Marcelo e Beatriz. Bebeu mais um copo de água e foi dormir.

Marcelo chegou tarde, pois do lançamento do cd, esticou a noite em uma boite que alguns figuras da hi society estariam. Essa era parte do trabalho de Marcelo que ele mesmo tinha que cativar, pois eram esses que agitavam a noite da capital. Abriu o computador e com meia hora de trabalho e um zunido na cabeça ainda por conta da música alta da boite, Marcelo estava enviando conteúdo para o editor que estava de plantão. Pegou o celular e ligou para o editor. Ele atendeu com a voz sonolenta e disse que já ia terminar. Marcelo pegou uma jarra de água na geladeira e ficou esperando ele ligar para confirmar que havia realmente terminado. Marcelo estava preocupado com o que havia ocorrido pela tarde com o restaurante e queria se assegurar de que tudo estaria correto. Abriu o msn e recebeu uma mensagem de Marina off line: Vinho branco? Hmm!! Então tá marcado amanhã. Nos vemos lá a partir das sete: Eu, você e a Bia. Beijo. Marcelo leu aquilo e sorriu satisfeito. Escreveu para Marina. Me espera que vamos juntos. Tenho pouco trabalho amanhã, passo aqui e vamos juntos. O que você acha? Beijo. Marcelo ficou ali conectado por mais algum tempo até que o telefone tocou. Era o editor dizendo que a página estava fechada e enviada. Ainda falando pelo telefone, Marcelo abriu o e-mail, leu e aprovou. Desligou o telefone, o computador e foi dormir, cantarolando: Amanhã, vai ser outro dia! Amanhã, vai ser outro dia!

sábado, 13 de junho de 2009

Capítulo XXVII - Rotina

O telefone celular de Marcelo não parava de tocar. Marcelo, meio sonolento foi até a sala atrás do telefone. Com a vista um pouco embaçada ele viu que era do jornal. Quando atendeu era trabalho que estava de novo acontecendo na noite da capital. Havia inauguração de um restaurante, de uma boite e um show em plena quarta-feira. Mais algumas casas funcionando com sua rotina normal. Seguidos de um lançamento de cd na quinta-feira. Pré-estréia de um filme de um diretor de Belo Horizonte. E mais a noite bombando também. Marcelo olhou a hora e já era quase três da tarde. Ele desligou o telefone rapidamente e foi até a cozinha. Colocou água para o café e foi até o seu quarto. Tirou a roupa dormida e foi até o banheiro onde se lavou rápido, mal e porcamente. Saiu do banho e voltou até a cozinha. Passou o café e vestiu a primeira roupa que tinha no guarda-roupa. Marcelo já sabia o volume de trabalho que tinha nos próximos dias. Sabia inclusive que sua equipe teria que cobrir todos os eventos, mas ele também. A vida cultural, noturna, boêmia da cidade está em alta. Comenta Marcelo sozinho enquanto terminava de tomar uma xícara de café. Saiu apressado de casa e foi até o trabalho.

Marina se levantou ainda pela manhã e olhou o computador. Nenhuma resposta de Marcelo. Ela começou a achar o comportamento dele pouco interessado. Se arrumou e foi para o trabalho. Haviam alguns pequenos ajustes que o cliente havia pedido a ela e que eram simples de se fazer, mas que somente ela poderia fazê-los. Foi trabalhar com uma pulga atrás da orelha com Marcelo.

Quando Marcelo chegou no jornal, coordenou toda sua equipe com uma estratégia. Estariam sempre em duplas e com uma câmera digital. Marcelo levou com ele o fotógrafo. E reservou para ele os eventos onde sua presença seria mais notada. Deixou as baladas para o resto da equipe. Agendado e coordenado com todos sobre o formato de envio do conteúdo no final da noite, Marcelo organizou o que iria ser publicado nos próximos dias. Os eventos mais importantes óbviamente deveriam estar, mas com tantas casas noturnas funcionando, sempre dava pra dar uma variada e ter assunto importante até o final de semana do que tinha rolado na semana. Marcelo começou a adiantar ali mesmo no trabalho a diagramar alguns formatos para os próximos dias. Era perto das sete da noite quando Marcelo foi para casa tomar um banho decente e se preparar para voltar a trabalhar.

Marina chegou cedo do trabalho. E estava cansada, depois da noite com Marcelo, havia passado outra noite com o computador. Foi até a cozinha e comeu alguns biscoitos. Colou o ouvido na parede e não ouviu nenhum barulho na casa de Marcelo. Ligou o computador e foi até a porta enquanto ele iniciava. Parou de frente a porta e respirou fundo. Deu mais uma respirada funda e abriu a porta. Foi até a porta de Marcelo e tocou a campainha. Esperou por um tempo e tocou outra vez. Esperou por mais algum tempo e voltou a tocar. Desistiu e voltou a sua casa. Quando chegou até o computador, já havia uma respota de Ramón, outra de sua irmã e janelas do msn piscando. Marina leu primeiro a de sua irmã que dizia que tinha muita vontade de viajar com ela, mas que estava prestes a dar algum tempo na Europa. Algumas novas oportunidades iam pintando no velho continente. Marina sorriu ao terminar de ler o e-mail da irmã. Antes de ler o de Ramón abriu todas as janelas do msn que piscavam. Várias pessoas querendo conversar e uma delas era Beatriz, que sugeria de maracarem na sexta-feira, para se encontrarem depois do trabalho. Marina gostou da idéia e disse que poderia ser. Ficaram de se falar no dia seguinte para marcar direito. Marina queria confirmar com Marcelo se ele estaria com ela e tinha dúvidas sobre ele. Despediu-se de Beatriz dizendo que tinha de sair e só delsigou o msn. Ficou ali pensando sobre Marcelo, sobre o grande passo que tinha dado ao se revelar a uma pessoa de seu mundo virtual e que estava superando isso agora com Beatriz também. Leu o e-mail de Ramón e ficou muito feliz. Escreveu a ele contando sobre os próximos planos de viajar com Marcelo e Beatriz e também sobre seu receio de Marcelo não querer mais nada com ela. Desligou o computador após navegar por mais meia hora e foi dormir. Quando deitou na cama, não demorou muito para adormecer e dormir um sono pesado.

Marcelo chegou em casa e foi logo ligando a música. Levou o lap top para o quarto e ligou em umas caixinhas. Foi até o banheiro e ligou o chuveiro para começar a esquentar. Foi até a cozinha e viu que não tinha nada prático e rápido para comer. Pegou o telefone e pediu uma pizza. Entrou para o banho e pouco depois de sair chegou a pizza. Ainda de toalhas recebeu a pizza. Deixou a pizza sobre a bancada da cozinha e voltou até o seu quarto. Se enxugou e colocou um roupão. Levou o lap top para a cozinha e comeu a pizza enquanto navegava na internet. Antes de desligar o computador, Marcelo abre o msn. Olha para o nome de Marina e está off line. Passados uns quatro segundos surge uma mensagem de Marina off line: Marcelo! Preciso combinar com você da gente encontrar com a Beatriz para planejar nossa viagem. Beijo. Marcelo responde: Claro, vamos marcar sim. Quando? Onde? E Marina não responde. Depois de esperar por 10 minutos, Marcelo se deu conta que a mensagem que recebera off line de Marina havia sido enviada de madrugada. Ele desligou o computador e terminou de se aprontar. Saiu de casa e olhou para a porta de Marina. Chamou o elevador e enquanto ele não chegava, Marcelo chegou o ouvido perto da porta de Marina. Não ouviu nem um ruído lá de dentro. O elevador chegou, Marcelo desceu e pegou um táxi para levá-lo primeiro ao lançamento do cd. Do show, ele foi até o restaurante e terminou a noite na boite. Era perto das três da manhã quando ele voltou para casa. Chegou em casa e ligou o computador. Descarregou ele mesmo as fotos desses eventos. Montou a página do jornal. Viu que faltava algo. Abriu seu e-mail e haviam mais dois conteúdos de fotos e notícias. Marcelo pegou o segundo e tirou um pouco de fotos da boite e do restaurante para usá-las em outros dias. Terminou e mandou para o jornal antes das 4 da manhã. Antes de desligar abriu o msn e nenhuma resposta de Marina. Fechou o lap top e foi até a varanda fumar um cigarro. Fumou enquanto pensava na relação que estava contruíndo com Marina. Não sei explicar direito, mas ela me faz bem. Pensa Marcelo. Acho que vou investir mais. Deixa só passar esses dias tumultuados de trabalho que vou lá conversar com ela. Concluiu. Apagou o cigarro. Viu que a noite começava a ficar um pouco mais clara. Olhou para o relógio e a madrugada ia terminando. Foi até o seu quarto e não demorou para domir. Apagou antes mesmo do sol nascer.

sábado, 6 de junho de 2009

Capítulo XXVI - día nO laborable

Quando Marcelo abriu os olhos, Marina já não estava mais ali. Se levantou da cama e viu um bilhete pregado no marco da porta. Levantou e foi até ele. Havia um recado de Marina que dizia:
Tive que ir.
Beijo.
Mari
Marcelo tirou o bilhete da porta e olhou para o relógio. Já eram quase duas tarde. Ele se vestiu e foi para sua casa. Tomou um banho e depois preparou um caprichado café da manhã com omelete de queijo e muito café. Marcelo estava com uma leve ressaca, mas tinha o dia livre para fazer o que quisesse. E isso, era o que ele mais gostava, comia, pensava e descansava no seu tempo. E foi tomar seu café da manhã na varanda . Sentou e comeu enquanto via alguns ônibus e carros passar na rua. O barulho não se ouvia muito e Marcelo ficou olhando as janelas dos prédios da frente da sua casa. Começou pela de Marisa Pietra e não via nada além do cheiro de morte que já utilizara em sua história e foi buscar mais inspiração em outras janelas e viu um cara passar de toalha algumas janelas abaixo, continuou olhando e o cara não voltou. Seguiu olhando outras janelas e em uma delas uma senhora sentada sozinha em uma sala de estar. Marcelo ficou observando e ela permanecia sentada no sofá e sozinha. Marcelo ficou mais algum tempo vendo ela sentada sozinha ali e percebeu que havia somente uma xícara vazia do lado oposto de onde a senhora estava. Foi se inspirando e correu para buscar seu computador. Que interessante, pensa Marcelo, já colocando o lap top na mesa da varanda, acende o seu cigarro e a senhora permanece sozinha. Marcelo abre seu livro e começa a escrever mais em sua história, sua próxima vítima era uma senhora viúva. Quando olha novamente, Marcelo vê um senhor servindo um bule onde ele não havia visto que havia uma xícara por conta de um vaso de plantas na mesinha da sala. O senhor serviu para ele, colocou o bule sobre a mesa e abriu um pouco janela. Marcelo pode ouvir um jazz e escreveu mais em sua história. Sentaram e Marcelo se deu conta que tomavam um chá pois as duas xícaras permaneciam sobre a mesa, após alguns minutos o homem bebericou da dele. Voltou a xícara a até a mesa e ficaram sentados um de frente pro outro conversando. Após mais alguns minutos, a senhora tomou um gole da sua xícara enquanto ele parecia estar falando pela forma como gesticulava. Ele sem parar de gesticular pegou a xícara e tomou um gole do chá também. Assim seguiram por mais de meia hora. Marcelo havia escrito bastante em sua história e voltou para a sala. Ligou o laptop no som. Colocou uma música e foi até a cozinha. Abriu a geladeira e ficou olhando o que tinha pra fazer. Foi até o armário e abriu e viu que tinha pão integral, atum e azeitona e milho. Voltou até a geladeira e viu que tinha verduras e logo pensou em prepara uma bela salada. Ligou o forno e tirou o pão do armário. Colocou sobre a mesa tirou as outras latas e vidros, foi até a geladeira tirou duas alfaces diferentes, uma acelga, cenoura, tomate e maçã. Fechou a porta da geladeira e começou a picar o pão. Colocou em uma bandeja, passou um azeite e salpicou sal e ervas finas. Abriu o forno e viu que estava bem quente. Abaixou a temperatura do forno para a mínima e colocou a bandeja no forno. Marcelo começa todo o processo de descascar e picar. Vai separando cada parte picadinha separada. Antes de terminar vai até o forno e vê que os pães já estão virando crutons. Desliga o forno e volta para terminar de preparar a salada. Pega uma vasilha e começa a colocar os ingredientes. Derrama azeite, vinagre e um pouco de sal e óregano. Abre o forno e tira os crutons quentinhos. Passa eles para um pratinho e começa a misturar a salada. pega um dos crutons e experimenta, acha meio sem sal. Joga alguns no meio da salada e experimenta. Levemente salgada. Voilà ! É assim que eu gosto. Comenta Marcelo. Joga os croutons na salada e mistura tudo. Leva a vasilha até o sofá senta e come nela mesma. Come a vasilha inteira e depois dorme. A música acaba no computador alguns minutos depois.

Marina chega em casa pouco depois das sete, depois de um dia em que teve que terminar um projeto, apresentá-lo para o cliente e depois sair para um happy hour para comemorar o fechamento do projeto. Exausta Marina entra em casa e vai logo tomar um copo de água. Em seguida vai até o quarto. Vê que o bilhete não está mais pregado na porta e que a cama está do jeito que Marcelo havia levantado. Terminar de tomar o copo de água, tira a roupa e deita na cama. Sente o cheiro de Marcelo e adormece exausta.

Passada quase uma hora depois, Marcelo desperta de sua sesta. Levanta e coloca um pouco de água para esquentar. Prepara um filtro de papel na garrafa enquanto a água ferve. Passa o café vai até o seu computador. Liga a música alta. Uma música clássica muito alta de uma coleção especial de um concerto de 3 horas. Levou o café para a sala e serviu antes mesmo de se sentar. Queimando a boca, Marcelo coloca a garrafa de café sobre a mesa. Senta começa a balançar as mãos no ritmo da música. Passadas duas xícaras de café ele teve vontade de ir ao banheiro. Foi até o seu quarto e na volta viu o livro que estava lendo ao lado da cama. Pegou o livro e começou a ler. Achou a história interressante e sentou na cama. Leu duas páginas e foi até a sala buscar mais café. Pegou a garrafa e levou para o quarto. Meio que deitado na cama ficou ali, lendo, fumando e bebendo.

Marina acordou pouco tempo depois que havia se deitado. O som na casa de Marcelo era muito alto. Ela foi até a internet e viu que ele estava off line. Escreveu para ele: Marcelo, poderia abaixar o som por favor, estou cansada e preciso dormir. Beijo. Volta para sua cama e coloca uns fones nos ouvidos com uma música bem lenta e suave que a ópera que Marcelo escutava. Não conseguia dormir. Levantou e foi tomar banho. Fechou a porta do banheiro e com o barulho do chuveiro não se ouvia mais nada do lado de fora. Marina tomou um banho demorado. Quando saiu a música de Marcelo havia se desligado. Ainda sem se vestir foi até a cozinha. Do outro lado nenhum barulho. Abriu o computador e estava escrito: Tudo bem, foi mal! Beijo e boa noite.

Marcelo ficou algum tempo lendo e se entreteve muito pela história. Passou mais de hora ali. Levantou e foi desligar a música pois estava gostando mais do livro que estava lendo. Ele abre o computador, e seu msn off line tinha a mensagem de Marina. Ele responde e desilga o computador. Volta até o seu quarto, deita na cama e volta a se concentrar no livro.

Marina esscreve: Marcelo? E não tem nenhuma resposta do outro lado. Fica ali por algumas horas, e logo algumas pessoas começam a conversar com Marina. E-mails que trazem e levam notícias. Um enorme relato a Ramón sobre o desfecho da história com o Marcelo. Beatriz que ia planejando a viagem junto com Marina que se lembra de enviar um e-mail para sua irmã tentando convencê-la a ir a Cuba e a México. Olha a janela de Marcelo e nenhuma resposta. Volta a planejar a viagem com Beatriz. Depois de algum tempo falando sobre os lugares que gostariam de visitar, sugerem marcar um encontro para planejarem melhor a viagem. As duas se empolgam e sugerem marcar para os próximos dias. Marina está contente com a forma como funcionou sair da sua bolha virtual com Marcelo e está disposta a fazer o mesmo com Beatriz, ainda mais com Marcelo ao seu lado. Antes de desligar o computador, Marina digita para Marcelo: Marcelo! Preciso combinar com você da gente encontrar com a Beatriz para planejar nossa viagem. Beijo. Vai até o seu quarto deita e adormece.

domingo, 3 de maio de 2009

Capítulo XXV - Virada

Alguns dias se passaram e Marcelo nem havia se dado conta do passo tempo. Foi trabalho em cima de rotina, festas, fotos, textos, bebida, prazos, ressacas e o tempo que lhe sobrava, somente queria dormir. Quando se deu conta, fazia muito tempo que havia falado com Marinis pela última vez. Ele não tinha dado mais nenhuma notícia. Não tinha ligado e nem desvendado o caso, pois o único hábito que Marcelo conseguia manter mesmo quando o trabalho apertava era ler todo o jornal todos os dias. E no jornal, a seção que mais lhe interessava nem mesmo era a sua, essa ele via só mesmo para se orgulhar e conferir se estava tudo correto. A parte que Marcelo lia primeiro era sempre a de Polícia. Pegou o telefone para ligar para Marinis. Enquanto buscava o nome do delegado, Marcelo se lembrou que tinha um coquetel para ir naquela segunda-feira. Era um vernissage de um talentoso artista da capital, e Marcelo nem precisava muito ir, pois sua equipe poderia cubrir tranquilamente o evento, mas ele, particularmente, gostava do trabalho do jovem artista. Antes de chegar no nome de Marinis, Marcelo desistiu e pensou: Melhor amanhã, pois hoje chego cedo, não bebo muito, e amanhã e depois é folga, finalmente! Pegou o laptop e ligou no som, colocou uma música brasileira suave. Começou a cantar junto. A letra falava de um amor impossível entre pessoas totalmente diferentes, de mundos opostos, mas que insistiam em buscar alguma forma para que se entendessem e ficassem juntos pois se amavam. Marcelo começou a pensar na letra da música e lembrou de Marina. Ficava se recriminando em pensamento por ser uma relação hetero, mas ele sentia um carinho especial por Marina, ela despertava nele confiança, inteligência e algo de libído. Marcelo se explicava o que estava acontecendo para poder se justificar porque estava sentindo aquilo por uma mulher. Já faz algum tempo que não saio com um bofe, deve ser isso! Falou Marcelo abrindo o msn. Entrou e viu Marina, ocupada, como sempre. Logo ficou on line e começou a conversar com ela. Conversaram por mais de hora. Entre eles a conversa fluia, iam de um assunto ao outro com facildiade, discutiam, polemizavam, se entendiam, explicavam-se, e até sonhavam. Marcelo, no meio da conversa pediu licença a Marina que seu telefone estava tocando e era do trabalho. Marina disse que ele tomasse o tempo que precisasse, que ela também tinha que enviar uns e-mails ali. Marcelo estava mentindo. O telefone não tocava nada e ele foi para a varanda fumar um cigarrro. Acendeu o cigarro e sentou olhando para a janela de Pietra. Lembrou um pouco mais das cenas que havia visto. Notou que com o passo do tempo, era cada vez menos claro na sua memória o que tinha visto. Que aos poucos uns detalhes iam se perdendo. Já não lembrava muito bem com que mão havia sido dado o tapa, se com a esquerda ou com a direita. Quando estava quase terminando o cigarro, Marcelo lembrou de porque havia dado um tempo fumando. Era mais que matar seu vício, era para pensar sobre Marina. Marcelo pensou por quase vinte minutos e decidiu que se deixaria levar por isso que estava sentindo por Marina, que se tudo talvez fosse absolutamente e totalmente diferente, poderia funcionar. Lembrou da música e cantarolou um trechinho que falava que eram de mundos diferentes. Voltou ao computador pensando que se arriscaria antes por aqui do que em uma viagem no México, pois estava realmente determinado a ir com Marina à Cuba e México. Tinha muita vontade de conhecer o México por conta de um sonho que tinha tido quando era adolescente. Sonhou que era membro de uma tribo Maia, um membro com um certo perstígio, talvez um sacerdote. Quando abriu o msn outra vez, ele já estava ausente. Marina também estava ausente. Ele a chamou e ela não respondeu. Ele então lhe fez um convite para que ela o acompanhasse no vernissage que ele tinha para ir naquela noite. Sabia que um convite como esse ela não poderia recusar, pois o que mais atraia Marcelo, era como Marina utilizava sua inteligência para consumir cultura. Mas Marina não respondeu. Marcelo esperou por mais um tempo. Nada de Marina. Olhou para o relógio e se aproximava das seis da tarde. Foi até a cozinha e colocou uma água para fazer café. Voltou e não havia nenhuma resposta de Marina. Pensou, se o coquetel começa às oito, melhor eu falar com ela agora. Marcelo escreveu no msn: Marina? Se levantou, abriu a porta e bateu a campainha do apartamento de Marina. Ela demorou para atender, e depois da segunda vez que Marcelo chamou ela abriu a porta. Marcelo olhou para ela e sorriu: Ei, você gostaria de ir a um vernissage comigo hoje? Preciso saber pois preciso pedir para colocar seu nome na porta. Marina, sem fôlego, sorriu e acenou com a cabeça positivamente. Perguntou gaguejando: Que, que, é... que horas que é? Marcelo riu e disse que às oito. Mas quanto tempo você precisa pra se arrumar? Marina disse que não muito. Marcelo disse podemos beber um vinho lá em casa antes de irmos então. Te espero às sete, pode ser? Marina disse: Ahãm!Quero dizer, sim, às sete. Marcelo achou graça e voltou para sua casa. Marina fechou a porta e saiu correndo. Marcelo pode ouví-la correndo antes de fechar sua porta. Desligou a àgua fervendo e passou o café. Saiu do msn e viu que Marina havia lhe respondio: Ei, Marcelo, desculpa, tava no banho. Banho!?, pensou Marcelo. Mas é hoje que vamos dar a virada. Aumentou o som, tomou o café e foi tomar um banho. Saiu do banho e colocou uma garrafa de vinho na geladeira. Vestiu roupa, preparou um cigarro e foi fumar na varanda. Passavam poucos minutos das sete quando a campainha tocou. Marcelo apagou o cigarro, deixou o cinzeiro na varanda e abriu a porta. Era Marina. Estava linda em um vestido que valorizava suas curvas e ainda era super moderno. Tinha um laço na cabeça e uns sapatos que pareciam de personagem de desenho animado. Estava uma típica cult da arte. Marcelo convida ela para entrar e diz que ela está linda. Ele dá um beijo no rosto dela e sente que ela leva um perfume delicado e suave. Ela olha para a porta da varanda e comenta: Você tem varanda aqui, né? Que bom que é esse seu apartamento. Marcelo agradece: Ah, obrigado. Eu gosto muito dessa varanda mesmo. Tem tanta história. Ainda te conto. Ele abre a geladeira e tira um queijo da gaveta. Coloca sobre uma tábua na bancada que divide a sala da cozinha e pega uma faca na gaveta. Corta um pedaço e prova. Hum, está bom! Você aceita? Marina, que estava analisando a sala de Marcelo diz que sim. Ai, eu adoro queijo. Marcelo diz: Então, aproveite, que esse tá uma delícia. Marcelo pega o vinho dentro da geladeira enquanto fala: E para beber, um delicioso vinho chileno. Coloca a garrafa sobre a bancada e busca pelo abridor na pia. Acaba encontrando ele em cima do microondas. Abre a garrada de vinho e serve um pouco na taça para Marina. Ela levanta a taça contra a luz e a balança levemente, coloca o nariz dentro do copo e cheira, depois degusta o vinho. Está muito bom, pode servir. Diz Marina. Marcelo levanta as sobrancelhas e comenta: Vejo que você entende bem. Ela, ficando um pouco envergonhada, responde: É, pois é, minha mãe sempre fez muita questão que fosse bem educada culturalmente. Marcelo serve uma taça para ele e volta a encher o copo de Marina, que havia bebido a anterior muito rápido. Marina estava nervosa por estar ali com Marcelo e mais ainda por ele ter dito que iria colocar o nome dela na porta e não ter perguntado o nome dela. Quando o vinho já estava quase acabando, Marina perguntou a Marcelo: Foi fácil colocar meu nome na porta? E Marcelo, percebendo o jogo dela, respondeu somente que sim. Olhou no relógio e já passava das oito horas. Acho melhor irmos, disse Marcelo. Já tá na hora. Marina deu um grande gole na sua taça de vinho e levantou de uma vez. Deu uma balançada, desequilibrou e Marcelo lhe ajudou, segurando pelos braços. Eles tiveram a boca bem próxima nesse momento. Marcelo a olhou nos olhos e ela olhou de volta. Quando ela tentou fixar o olho em Marcelo, seus olhos viraram e ela desmaiou. Marcelo a deitou no sofá e correu até a cozinha. Encheu um copo de água, pegou o saleiro e uma pedra de gelo na geladeira. Passou a pedra de gelo nos pulso e na nuca de Marina. Ela abriu os olhos e Marcelo lhe disse: Você levantou muito rápido e desmaiou. Sua pressão deve ter caído, toma uma pouco de sal. Marcelo colocou um punhado de sal dentro da boca de Marina e disse: Engole que vai te fazer bem. Marina fez uma careta e disse: Credo, fiquei com a boca toda salgada. Marcelo lhe deu o copo de água. Ela tomou todo o copo e se levantou devagar. Marcelo a acompanhou até a cozinha onde ela tomou mais dois copos de água. Marina estava melhor e foram para o vernissage. Marina desceu no elevador abraçada a Marcelo. Chamaram um táxi e foram. Quando chegaram lá, Marina já estava melhor. Se recompôs e se apresentaram na portaria. O segurança logo identificou Marcelo. Oi, Marcelo tudo bem? Marcelo respondeu que estava tudo ótimo. O segurança olhou na lista e disse, você deve ser Marina, certo? Marina assustada respondeu que sim. Entraram e Marina ainda tentou colocar o assunto a Marcelo sobre ele saber o nome dela, mas lá dentro, Marcelo não parava por um único segundo. Eram fotos, abraços, beijos, conversas, comentários sobre as obras. E somente algumas taças de champagne depois e assuntos esgotados, foi que Marcelo consegiu apreciar as obras, Marina, já tinha visto e feito suas considerações sobre todas elas. Viu Marcelo olhando um quadro que ela havia gostado muito. Chegou até ele por trás e disse: Tão simples e carrega uma mensagem tão bonita. Marcelo respondeu sem virar para trás: Tem toda a razão! Tem toda a razão. Virou-se e viu Marina. Ela levanta a taça e oferecia um brinde. Você gostou? Marcelo disse: Desse mais que todo o resto. Ela comentou: Eu também. Agora me responde uma coisa? Como você sabia meu nome? Marcelo olhou para ela, sorriu e disse: Ora Mari, não temos mais tempo para perder, não é verdade? Ela olhou para ele e sorriu. Ele sorriu para ela também. Seus rostos se aproximaram e se beijaram. Marcelo abriu os olhos, olhou para os lado e interrompeu o beijo. Mari, acho melhor irmo embora. Tô cansado desse lugar, o que você acha de tomarmos uma última champa lá em casa. Marina pensa por um tempo. Olha para o quadro e volta a olhar para Marcelo, que já está conversando com o garçom pedindo uma garrafa de champagne. Marina chegou até o artista e voltou a fazer uma outra proposta para comprar aquele quadro. Durante a noite já havia feito uma proposta mais barata pagando a vista e ele havia recusado. Voltou e pediu apenas 15% de desconto e disse que queria muito aquele quadro. O jovem viu que deveria ser realmente importante para ela e aceitou a oferta de Marina. Ela pegou o cartão dele e disse que entraria em contato no dia seguinte. Quando Marina voltou, Marcelo já estava ao lado da porta com duas champagnes em uma sacola. Pegaram um táxi logo na porta e rapidamente chegaram em casa. No trajeto, nenhuma palavra. Quando entraram no elevador, Marcelo dirigiu-se a Marina e disse: Me desculpe, não sei porque eu fiz aquilo lá. Marina olhou assustada para Marcelo e respondeu: Tudo bem, não se preocupe. O elevador chegou e Marina foi em direção ao seu apartamento. Marcelo lhe interrompeu. Você não quer vir aqui, tomamos essas duas champagnes e conversamos mais um pouco. Marina, confusa, disse que achava melhor que não. Marcelo lembrou do que havia pensado pela tarde e que se jogaria na da Marina. Foi até ela, a segurou pela cabeça e lhe deu um beijo. Eles entraram no apartamento de Marina mesmo. Depois de beberem um das champagnes, já estavam pelados na cama de Marina. Marcelo fez sexo com Marina de maneira carinhosa e ela de forma selvagem, ambos gostaram do que tiveram do parceiro. Após terminarem abriram a outra garrafa e conversaram, esclarecendo a história da internet e Marina assumindo que era sua timidez que a fazia se esconder atrás do computador. Conversaram também sobre a opção sexual de Marcelo e a conversa chegou em um momento que ambos decidiram que deveriam esquecer o passado e se concentrar no presente. Antes mesmo de terminarem a segunda garrafa já estavam transando novamente. Quando terminaram, pelados, dormiram na cama de Marina.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Capítulo XXIV - Entre o ping e o pong

O dia amanhecia tarde na manhã seguinte. Marcelo tinha muito o que fazer, material de fofoca para se inteirar, pois havia dado uma sumida do seu trabalho e da noite de belo horizonte, como ele mesmo sempre chamava, bh night. Levantou, tomou um banho, e foi até a padaria. No elevador, Marcelo encontra com Marina que também descia. Ele não tirou os olhos dela no elevador pois vestia vestido leve e sandálias. Não tinha cara de quem ia trabalhar. Ouvia um rock argentino alto nos fones do celular e não dava a menor atenção a Marcelo. Ele a olhava e pensava: Eu sei que é você. E pensava mais um pouco. Oi, Marina. Ei, Mari, melhor. E quando vai falar o elevador para e a porta abre no terceiro andar. Entram um casal de avós e uma netinha. Eles os espremem no fundo do elevador e Marina encaixa os seios no braço de Marcelo. O avô não tomava muito banho e cheirava mal. Marcelo teve vontade de comentar e olhou para Marina. Ela viu que ele segurava o riso e acenou negativamente com a cabeça. Mexeu o nariz e acenou positivamente com a cabeça e depois sorriu. Marcelo segurou a risada que saia junto a um maldoso comentário que soltaria de fifi que era. Se recompôs e voltou a pensar. Que sorriso lindo. Que olhar encantador. Que perfume gostoso. Que corpinho.. Marcelo?!, se recrimina a si mesmo. Olha para o lado e Marina está olhando para ele. A porta do elevador se abre, Marcelo olha para a porta e a netinha também está olhando para ele. Ele volta se recompor e imagina se deveria ter feito alguma careta ou alguma coisa enquanto pensava em Marina. Quando se dá conta, todos já desceram do elevador e Marina se ofereceu a ajudar os avós a sairem do elevador desgrudando-se de Marcelo. Ela olha para trás e diz: Você não vem? Ele pensa: Oi, meu nome é Marcelo. E o seu? a porta do elevador começa a fechar e ele diz: Oi, eu me chamo Marcelo, e você como se chama. Vai ficando cada vez mais distante as palavras de Marcelo a medida que a porta do elevador terminava de fechar e ele começava a subir. Foi até o oitavo andar. Entra um senhor de terno com cara de advogado. Bom dia, disse Marcelo. Bom dia, quase boa tarde. Respondeu o homem que tirou o celular do bolso e começou a mexer nele. O elevador chegou até o térreo e nem sinal de Marina. Marcelo saiu e foi até a padaria. Padaria que era uma mercearia de tanta variedade de produtos. Desde produtos pra cachorro no caixa, a estante de shampoo. Marcelo comprou o café da manhã e carne para o almoço. Cigarro, e refrigerante. Voltou para casa e no caminho, que era perto, pensou onde estaria indo Marina tão à vontade. Sair para passear no centro não era o mais agradável a se fazer. Barulho e poluição são os ingredientes dessa aventura, pensa Marcelo. Opa, mais história pro livro, comenta em voz alta. Se assusta, dá uma risada e segue até o prédio. Entra no elevador e sobe sozinho até a sua casa. Coloca as compras de uma mão no chão, abre a porta, entra e coloca sobre a bancada a sacola. Volta até a porta e olha para a porta de Marina. Vou tocar lá pra ver se ela está lá, pensa. Pega a sacola, coloca sobre a bancada, volta e toca a campainha. Toca uma, duas, quatro vezes. Acena negativamente com a cabeça e joga as mãos pro alto. O elevador desce. Marcelo olha para o elevador e corre pra dentro de casa. Fecha a porta e cola o olho no buraco da porta. O elevador desce até o térreo. Marcelo se impacienta e olha para as sacolas que colocou sobre a bancada. O elevador está parado no térreo. Marcelo corre até a bancada e pega um pão com queijo e recheio de presunto, seu predileto na padaria. Dá uma mordida e serve um pouco de café na xícara. Volta até a porta e olha outra vez. O elevador está parado, mas parece que é no oito, pensa Marcelo. Dá mais uma mordia no pão. Olha outra vez e o elevador já passa do décimo. Chega no seu andar, a porta se abre, Marina está falando ao celular. Ô, mana, vamos sim. Vai ser muito bom! Traz na mão uma sacola da padaria e entra rápido em casa.

Logo que o elevador fechou e Marina ouviu Marcelo se apresentando, ela entrou em um leve estado de euforia e nervosísmo pois não sabia se estava preparada para se apresentar para ele. Saiu do prédio, correu até a padaria e comprou um saco de quinhentos gramas de pão de queijo. Correu para o outro lado da rua e se escondeu atrás de um carro. Comeu um pouco do pão de queijo e ficou ali escondida olhando para a porta de seu prédio. Viu Marcelo sair e ir até a padaria. Dois adolescentes passaram por ela e começaram a mexer com ela, pois agachada, Marina mostrava muito mais do seu corpo naquele vestidinho. Ela se levantou e se enfezou com os dois rapazes e foi para o outro lado da rua. Entrou no seu prédio e desceu até a garagem. Da garagem, havia uma grade para circular o ar que ela podia ver a rua. Ficou ali, escondida e vigiando o Marcelo. Ai, ai, ai. Tenho que ter coragem, tenho que ter coragem. Repetia para si mesma, Marina. Avistou Marcelo saindo da padaria com duas sacolas, uma em cada mão. Caminhou por quase todo o quarteirão, passou por ela e entrou no prédio. Marina, correu até o elevador. Viu que estava parado no E, onde estava. Marcelo chamou o elevador, ele subiu. Marina subiu de escadas até o térreo. Olhou e viu que era realmente Marcelo quem subia. O elevador parou no décimo segundo. Marina decidiu que ia esperar alguém chegar para ela subir junto. Não demorou muito o mesmo homem de terno que havia descido com Marcelo chega e chama o elevador. Você vai subir? Ele pergunta pra Marina. Vou sim, ela responde, tava só pensando uma coisa aqui, emenda e tira o telefone celular de um bolso no vestido. Coloca os fones e começa a buscar por um contato. O elevador chega e o homem entra. Ela, comendo um pão de queijo, entra no elevador. Alô?! Quem fala? Marina começa a falar no celular. O homem, fingindo-se de planta, dá as costas para ela, olha para a frente e fica somente escutando a conversa dela. Ei, mana. Tudo bem com você, Marina continua. Você nem acredita o que eu tô comendo. Dá uma risada e diz: Isso mesmo! Ai, lembrei de você e decidi te ligar. Uma saudade tão grande. O elevador para no oitavo andar. O homem desce. A porta se fecha e Marina segue. Ju, agora é sério, tô indo naquela viagem pro México que a gente sempre falou. Vamos? Juliana reclama: Será? Ah, não sei. Marina abre a porta e diz: Ô, mana, vamos sim. Vai ser muito bom! Juliana responde que não tem como decidir isso agora, tem uma exposição itinerante em nove cidades européias e que haviam sondado dela criar algo para o tema nove artistas com o nove. Marina entrou rápido em casa escutando a irmã contar do convite e ficou cheia de orgulho dela. Sentou no sofá com o saco de pão de queijo e ouviu Juliana contar do que estava pensando em criar para a exposição. A conversa durou pouco mais que o saco de pão de queijo de Marina, que se despediu insisitindo: Mana, tenho que ir, pensa na viagem do México. Vai ser legal! Juliana disse: Tá, vou pensar. Tchau, beijo, disse Marina. Beijo minha irmã, disse Juliana, se cuida. Desligaram e Marina ficou emocionada, chorando um pouco. A campainha de sua casa tocou. Ela abriu e era Marcelo. Ele viu que ela chorava e ficou calado por alguns segundos e disse: É, acho que não cheguei numa boa hora. Aconteceu alguma coisa? Posso te ajudar? Marina responde que não, Tá tudo bem. É que tava falando com minha irmã no celular. Mas o que posso te ajudar? Já sei, outra xícara de açucar? Marcelo responde que não e gaguejando diz: É, sabe o que é, é que, tava pensando, a gente é vizinho, né? E quem sabe se a gente almoçasse junto, é, um dia desses aí. Marina ri e diz: Hum, eu adoraria. Mas hoje eu não posso. Tenho uns compromisso inadiáveis. Marcelo entende e diz: Claro, um dia desses, como disse. E volta para o seu apartamento. Marina fecha a porta e dá uma risada.

Marcelo termina de comer o pão e a xícara de café pensando: Vou lá e vou me apresentar e acabar logo com isso. Que coisa estranha, conversa um mundo de coisas comigo na internet, quer ir pro México comigo e não fala nada comigo no elevador. Eu sei que é ela. E até que se for ela eu encaro, hein? Mas vou tirar essa história a limpo, e vai ser agora. Abre a porta de casa e vai até a porta da casa de Marina. Toca a campainha e ela abre a porta com lágrimas nos olhos. Marcelo ia puxando um 'Ei' cheio de simpatia quando viu o choro na cara de Marina e ficou sem palavras. Pensou, Ops, acho melhor não provocá-la. E disse: É, acho que não cheguei numa boa hora. Aconteceu alguma coisa? Posso te ajudar? Marina explicou que era por causa de sua irmã e perguntou o que ele tinha ido fazer ali. Marcelo pensando em um resposta rápida, já que havia sido desarmado pelas lágrimas de Marina acaba convidando ela pra almoçar. Marina aceita o pedido, mas não para aquele dia. Marcelo volta até a sua casa. Fecha a porta e pensa: Ela atua muito bem. Mas eu sei que é ela. E se ela quer ir pela internet, vamos pela internet. Vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Capítulo XXIII - oh happy day

Marcelo levantou na hora do almoço. O trabalho era muito pra compensar o dia anterior e exigia horas de computador, textos, internet, fotos, telefonemas, e a manhã de Marcelo terminava às 14:30. Quando ele não tinha mais o que fazer em casa e teria que ir até o jornal para realizar ali decidiu que antes ia comer e rapidamente fez um macarrão ao álho e óleo e almoçou. Tomou um gole de suco de caixinha, fez um cara meio ruim, misturou com um pouco de água e terminou o copo. Colocou o copo sobre a mesa e acendeu um cigarro. Tragou e nada pensou. Esqueceu do trabalho, que lhe apressava pois não poderia demorar tanto para chegar ao jornal, mas fumou calmamente seu cigarro. Levantou e foi fumar na varanda. Quando chegou na varanda, olhou para a janela de Marisa Prieta. Estava com uma cortina baixa. Olhou para a rua e terminou seu cigarro enquanto pensava em como poderia ajudar a Marinis a desvendar o caso. É tão difícil, pensa Marcelo, não tinha impressão digital, ninguém viu entrar nem sair, só quem viu fui eu! Se espanta e levanta a cabeça arremessando o que sobrava do cigarro. Vê a janela do quarto de Marisa Prieta com uma média luz. Fica intrigado e observando. A luz oscila e percebe a presença de alguém. A luz se acende, um homem abre a cortina. Marinis, de pé, tem alguns papéis nas mãos. Em um cadeira, ao canto, um outro oficial está mexendo no computador. O que abriu a janela começa a procurar por evidências na casa com uma lupa. O celular de Marcelo toca. Ele olha a hora e já são quase quatro da tarde. É do jornal! Ele fala. Não se deu conta que ficou na varanda vendo a visita de Marinis no dia seguinte à conversa que tiveram ao apartamento da vítima. Deixou o telefone tocar até desligar. Saiu correndo de casa e deixou o celular para trás. Entrou no elevador. Desceu e parou em alguns andares e Marcelo se impacientou. Olhava no relógio e batia o pé no chão. Quando chegou, saiu apressado em direção ao Butekim onde sempre haviam taxis. Pegou o primeiro da fila e disse pro motorista: Pro Jornal de Minas Gerais, e pisa quente que eu tinha uma reunião às três e meia! O motorista olhou para Marcelo e achou graça do jeito que ele falou e retrucou: Pode ficar tranquila, que chegamos antes mesmo que você pense que chegamos, me entende? E Marcelo pergunta: Tran... quê? Ah, sei lá! Anda logo, chega rápido. Ele acelera e realmente chegam muito rápido no jornal. O trânsito colabarou e era bem perto. Marcelo pagou e saiu sem se despedir do motorista. No jornal, muitas reuniões e pautas para os próximos dias. Vários eventos e festas das quais a presença de Marcelo era de função até mesmo lobbystica para ele e para o jornal. Então foram reuniões com chefes e com sua equipe de trabalho. Horas e horas, atualizando-se sobre os quens e os ques do que tinha rolado. Fazia um breve estudo para saber sobre como ia a vida de algumas pessoas que lhe dariam entrevistas e matérias, e se atualizava em nomes pela lista de convidados que recebia antes de uma fonte que ele não entregava de forma alguma. E essa lista completa ele guardava em casa. Só levava ao jornal alguns nomes que tinha para debater sobre eles. Cafés e cigarros. Cigarros e cafés. As horas passaram e Marcelo chegou em casa pouco mais de 9 da noite. Pegou o telefone e viu que haviam algumas chamadas não atendidas. Várias do jornal. Olhou a hora e ligou para o Marinis. Oi, Marinis. É o Marcelo, tudo bem? Marinis respondeu que sim. Marcelo perguntou se ele tinha descoberto mais alguma coisa e Marinis disse que não. Marcelo ficou incomodado com aquilo pois havia visto Marinis ler alguns papéis e separar alguns. Foi incisivo e disse: Mas nem hoje à tarde, na casa de Marisa Prieta? Marinis retrucou: Mas o jornalista tá fazendo o dever de casa dele, hein? Ô Marcelo, você não me vai publica nada dessa história não hein? O bicho pega pro seu lado. Marcelo responde: Que isso, Doutor, sabe que eu tô do seu lado, da polícia. E vi porque moro aqui em frente, só por isso. Marinis concorda com ele e insiste que realmente não havia achado nada de novo. Mas que seguia trabalhando no caso, apesar de quererem arquivar por falta de prova. Mas ele ainda acreditava. Marcelo ficou assustado. Após alguns segundo de silêncio Marinis disse: Marcelo, fica tranquilo, qualquer novidade eu te ligo. Tchau, boa noite! E Marcelo respondeu quase que automaticamente, Boa noite. E Marinis desligou. Marcelo pegou co computador e sentou na varanda. Abriu seu livro e olhou para a janela. Não conseguiu escrever nem duas linhas. Parou, acendeu um cigarro, destampou um vinho e ficou ali por quase duas horas. E o texto de Marcelo não ia muito pra frente pois ele não conseguia pensar em nada que Marinis pudesse ter encontrado naqueles papéis, até que pensou que poderia haver alguma coisa com nome ou algo assim e pensou em um nome de mulher. Marina. E escreveu. Parou, pensou em voz alta: Marina? Abriu o msn. Marina estava conectada. Ele em modo off line ficou pensando essa Marina é minha vizinha, só pode ser! Não posso colocar o nome dela. Apaga o texto e começa a pensar. Caramba, e agora, um nome: Juliana? Fernanda? Roberta, Luiza, Cecília? Ana, Olívia. E repetiu Olívia, tá aí! E escreveu. Voltou ao msn e Marina ainda lá, away, como sempre. Ele entrou ocupado. Com o pretexto do trabalho pois seu texto ainda estava curto, queria ficar pouco tempo no msn. Entrou e ficou ocupado. Uma das estagiárias estava conectada e passou um monte de informação para Marcelo, que ficou quase meia hora trabalhando na internet. Marina disse:
Ei, Marcelo!
Tudo bem?
Marcelo interrompeu o que fazia e foi conversar com Marina. Conversaram um bom tempo e muito sobre a viagem à América Latina, estavam bastante entusiasmados pois Marcelo, se embriagando sozinho, foi dando corda pro que Marina dizia e acabaram criando a possibilidade de Marcelo ir. Para Marina, conhecer Marcelo e Bia pessoalmente e oficialmente era algo incomum nas suas duas vidas, a real e a virtual. Mas Marina estava muito disposta a arriscar com Marcelo, mesmo sabendo que ele era homossexual. O que importava a ela era somente que o amava e nada mais. Decidiu que valia a pena insistir com Marcelo em irem juntos nessa viagem e conseguiu. Agora, era hora de fazer acontecer, pensava Marina. E Marcelo se despediu depois de perguntar a data de embarque e o preço da passagem. Marina disse que a idéia era ir final de setembro e enviou um link com algumas passagens e preços de hospedagem. Marcelo disse que final de setembro era ótimo que ele tinha férias pra tirar por essa época. Marina se empolgou e ficou cheia de esperanças do outro lado. Marcelo viu o msn piscar com mais trabalho chegando, leu, salvou e olhou a hora. Já era madrugada alta. Se despediu da estagiária, de Marina e saiu do msn. Voltou para o seu texto e não conseguia escrever nada. Salvou o arquivo inacabado. Pegou a garrafa de vinho, fechou o computador e levantou. Foi até a geladeira e achou alguns queijos e azeitonas. Misturou com azeite e ervas e serviu em uma tábua. Aproveitou e tomou três copos de água. Comeu um pouco e depois serviu mais um pouco de vinho. Ligou o som e só tinha rádio funcionando. Ouviu um pouco de tudo, entre Even Flow, a última do Jota Quest, um groove eletrônico, música romântica, samba, A-ha, Shakira e colocou no modo auxiliar. Foi até a varanda e pegou o laptop, conectou no som e ligou uma música eletrônica bem suave. Diminuiu a luz, encheu a taça de vinho até pouco mais da metade, colocou a tábua com o queijo na mesinha e sentou no tapete. Esticou as pernas, acendeu um cigarro e terminou a noite ali, adormecido no tapete da sala.

domingo, 15 de março de 2009

Capítulo XXII - Niñas

Marina entra em casa. Fecha a porta, solta a bolsa, tira a sandália e depois a calça. Estica o corpo pra cima, ergue os braços. Abaixa lentamente até que pega a bolsa e a calça. Levanta e joga a bolsa e a calça no sofá. Vai até a cozinha, abre a geladeira e pega um iogurte de coco e um mamão. Descasca e pica o mamão, e os joga em uma vasilha, despeja o iogurte sobre ele. Pela parede da cozinha, Marina escuta Marcelo ligando uma música, aumentando o volume e lavando alguma louça na cozinha. Marina cola o rosto na parede e abraça como se abrasasse a Marcelo. Dá uma risada, pega o pote de mamão com iogurte e coloca sobre a mesa. Vai até o banheiro, faz xixi e tira a calcinha, a blusa e o sutiã e coloca um camisão. Passa pelo seu quarto, pega o lap top e volta a cozinha. Coloca o lap top sobre a mesa e o liga. Vai até o armário ao lado da pia e pega o mel. Cola o ouvido e escuta Marcelo cantarolando uma música e o barulho da água correndo ainda mais alto. Dá mais uma risada e volta à mesa. Despeja o mel no pote e mistura o mamão com o iogurte de coco e o mel. Prova e coloca mais um fio de mel. Dá outra misturada e prova. Olha para o computador e ele já está iniciado, conectado na internet wireless e com o msn conectado em estado de off line. Marina tapa o pote de mel e o deixa sobre a mesa. Senta e começa a olhar os perfis das pessoas que estão on line na internet. Beatriz estava lá e Marina, ainda off line, foi logo puxando assunto. Oi Bia! Tudo bem? E dá uma colherada. Bia responde rápido. Ei Mari, tudo. e vc? Marina começa a escrever enquanto termina de mastigar e diz: Ó-T-E-M-O! Bia ri e pergunta Por que? Marina explica que as coisas estavam indo bem, que estava com bons pressentimentos que as coisas entre ela e o Marcelo iam dar certo. Bia pergunta, Marcelo é o vizinho, né? Marina responde que sim. Bia ri e pergunta: Mas nem uns beijinhos? Marina responde que não, que ele nem sabe que ela é ela, ainda. As duas se põem a rir e acabam mudando de assunto, a pedido de Marina. Falavam de uma viagem que pensavam em fazer juntas ao México e à Cuba. Outras pessoas foram ficando on line e as conversas de Marina alternavam entre seus amigos e algumas vezes ela demorava pra responder um e outro. Quando se deu conta, já havia comido todo o pote mamão com iogurte, estava falando com 7 pessoas e ainda estava off line, e Marcelo já havia acabado de lavar a louça, pois não havia mais barulho de água e ela pode ouvi-lo cantar mal e alto. Ri e comenta para si mesma: Tadinho, mas canta mal! Olha para o msn e a janela de Bia está piscando com uns orçamentos e links de companhias de turismo e áereas e de hóteis. Marina se interessa por aquilo e começa a abrir todos aqueles links que Bia havia lhe enviado. Começa a navegar pela internet e em alguns minutos tem orçamentos ainda mais baixos que os primeiros que Bia tinha apresentado. Marina estava começando a enviar o resultado da sua pesquisa pra Bia quando no seu msn apareceu Marcelo Ausente. Ela parou de enviar e comentou com a amiga que ele havia entrado e que estava querendo armar uma pra cima dele. A amiga apoiou a idéia e ficaram tramando pelo msn o que iam fazer. Depois de algum tempo, Marina ficou on line, esperou alguns minutos e escreveu para Marcelo: Ei, Marcelo, quanto tempo! Tudo bem? Ele demorou um pouco pra responder. Marina comentou com Bia que ele não respondia. Após algum tempo ele respondeu. Oi, Mari. Comigo as coisas vão bem. Trabalhando muito! Sabe? Ela entende que às vezes se trabalha muito mesmo. Em pouco tempo já estão conversando diversos assuntos, determinado momento ele se abre a ela e comenta que escreve e que estava escrevendo uma história atualmente. Marina pergunta do que se trata e ele diz que ainda não está terminada. Que em breve ela saberá do que se trata. Ela ri e diz: Hahaha. Agora fiquei de mal! Ele diz qual é? Ela nem responde. Ele escreve tava brincando, vai... Marina se levanta da cadeira, abre a porta aperta a campainha de Marcelo e volta correndo ao seu apartamento. E escreve no msn tá bom Marcelo, quando você quiser, você me conta. Mas agora fiquei curiosa, hein? Dá um tempo e escreve: Marcelo? Você está aí? Marina escuta Marcelo caminhando pelo hall do prédio. Bate a porta e volta ao msn. Ali está piscando a janela de Marina. Ele volta a conversar com ela. Muda seu status para ocupado. Volta a conversar com Marina como se nada tivesse acontecido. Disse que havia recebido um e-mail do trabalho e que tinha que resolver algumas coisas enquanto conversava com ela. Ela concordou e disse que também fazia muitas coisas ao mesmo tempo na internet e no msn. Voltou a falar com Bia e Marcelo se calou. Voltaram a planejar a viagem. Buscavam ir no outono de lá, pois achavam que a temperatura estava mais amena. Marina diz a Bia o que ela acha de mexer com o Marcelo outra vez. Bia gosta da idéia que Marina lhe escreve. a gente faz assim, ó. eu te apresento ele aqui no msn, a gente começa falar com ele. uma hora eu começo a puxar um assunto com ele, nesse meio tempo, vc puxa outro assunto e eu vou lá apertar a campainha dele outra vez. quando ele voltar eu já escrevi um monte de coisa pra ele também Bia ri da idéia de Marina e aceita colaborar com a amiga. Marina puxa assunto com Marcelo a respeito da viagem que vai realizar e fala que irá com uma amiga. Marcelo gosta do roteiro que Marina diz que vão fazer quando Marina lhe diz que pode lhe apresentar sua amiga que irá com ela e antes mesmo que Marcelo pudesse negar, Bia estava adicionada à conversa. Marcelo? Escreve Bia. Eu sou a Bia, tudo bem? Marina responde, Ei Bia. Bia escreve, Ei Mari. Oi Marcelo, tudo bem? Marcelo responde, Oi Bia, prazer em te conhecer. Legal essa viagem que vocês vão fazer, hein? E logo estão rendendo assuntos sobre onde visitar, política, civilizações instintas, cultura, astrologia, história. Marina, em uma outra janela comenta com Bia, é agora! olha só... Marina escreve na janela em que conversam os três, olha só Marcelo, a navegação estava pros europeus na mesma proporção do conhecimento das estrelas pelos maias, você não acha? E Marcelo, causando polêmica diz, não tenho certeza disso! Marina começa a escrever, após alguns segundos aparece, veja esse exemplo, e volta a escrever, Bia começa a escrever e diz, ah, eu quero mesmo é saber como é Cuba, pobre, solcialista, com boa escolas e tratamentos de saúde. Marcelo diz, mas Cuba é mas que isso! Para um segundo e vê que Marina ainda está escrevendo seu exemplo e continua. Veja bem, Bia, Cuba vive em um ditadura. E a campainha soa na casa de Marcelo. Bia começa a escrever uma mensagem e Marina continua escrevendo. Ele se levanta e vai até a porta. Marina, do outro lado, detrás de sua porta, vê pelo olho mágico da porta Marcelo se aproximar, colar o olho do outro lado do olho mágico, abaixar e olhar debaixo da porta. Marcelo se levanta e toca a campainha. Marina permanece imóvel. Ele espera alguns segundo e toca outra vez. Ela permanece imóvel. Ele volta até sua casa e antes mesmo de bater a porta, Marina corre até o computador que está no sofá e envia a mensagem que já tinha escrito à Marcelo. Bia envia uma logo em seguida continuando o tema de cuba, ditadura e socialista. Marcelo volta ao msn e vê que Marina havia escrito um largo exemplo sobre civilizações indígenas e sociedades européias, e Bia estava mostrando-se uma defensora da causa socialista como justificativa para ditadura. Marcelo com um início de dor cabeça por conta do vinho e das horas de internet vê que aquela conversa estava rendendo muito. Se despede das duas e diz que está com dor de cabeça. Diz que achou bem legal a história da viagem e que voltaria a falar mais do assunto depois. Marina e Bia, que estavam rindo da cena que Marina acabara de descrever na outra janela se assustaram, mais Marina que Bia, a reação de Marcelo. Se despediram dele, que no instante seguinte saiu do msn. Marina foi até a cozinha, colou o ouvido na parede escutou Marcelo chegando à cozinha e barulho de panelas e talheres. Marina voltou a conversar com Bia. Marina contou a Bia como ficou impressionada com a reação de Marcelo. Se despediu e disse que ia dormir. Já era tarde e em um belo dia de semana. O dia seguinte exigia acordar cedo e trabalho. Marina desligou o computador, ligou a televisão e adormeceu nos primeiros 5 minutos do filme. Foi acordada pouco depois pela campainha. Com a cara meio amassada, levantou e perguntou: Quem é? Dou outro lado Marcelo respondeu: Marcelo, sou seu vizinho aqui da frente. Tô fazendo um molho vermelho pra comer com uma massa e tô sem açucar. Queria saber se você tem? Marina foi até o espelho e deu uma arrumada na roupa, no cabelo e no rosto. Chegou o olho no olho mágico da porta e viu Marcelo com uma xícara na mão. Marcelo, ficando impaciente com o silêncio do outro lado disse: Olha, eu não sou ladrão. Pode olhar pelo buraco da porta que a porta da minha casa tá aberta. Marina abre a porta e diz: Ei, tudo bem? Desculpa, eu tava dormindo. Marcelo se desculpa: Desculpa te acordar. Ela diz: Não tem problema, coloquei um filme pra ver e acabei dormindo. Bom que não durmo no sofá. Açucar, né? Marcelo estendeu a xícara e olhou ela ir até a cozinha pegar o açucar. Não demorou muito e trouxe o açucar a Marcelo. Quando voltou, Marcelo comentou: Esse filme é muito bom, você já viu o original em espanhol, Abre los ojos? Marina olha e vê o filme passando, seu lap top fechado sobre o sofá e sentiu-se vigiada por Marcelo. Entregou a xícara e comentou com um pouco de rispidez: Não, nem esse e nem sabia que tinha outro. Marcelo percebe o tom de mau humor dela e agradece: Obrigado pelo açúcar e mais uma vez desculpa por te acordar. Ela acena com a cabeça e dá um bocejo. Bate a porta e pensa: Caceta! Esqueci o computador em cima do sofá. Será que ele sacou? Vai até a cozinha e coloca uma água para esquentar para fazer café. Volta até a sala e reincia o filme no dvd.