Marcelo Albuquerque, é assim que o jornalista da coluna "Sociedade Alta" do Jornal de Minas Gerais assina seu nome. Marcelo de Oliveira Silva Gomes adotou o Albuquerque de sua avó materna porque achava que soava melhor para um colunista social. Requisitado nas mais badaladas festas e eventos da alta sociedade e amigo íntimo de todos os figurões de Belo Horizonte.
Escreve notícias e fofocas em sua coluna por dois motivos: interesse e dinheiro. Nada que algumas cifras não comprem o bom grado do jornalista. Aliás, jornalista por profissão, homossexual por opção e colunista social para sobreviver. O grande sonho de Marcelo sempre foi ser repórter policial, mas nunca se deu bem na redação pela sua preferência sexual. Logo que se formara, no final da década de 70, mais precisamente em 1978, ainda havia um grande preconceito nas grandes empresas e nos grandes jornais não era diferente.
Começou no jornalismo na seção de astrologia, aos poucos ganhou espaço no rádio, em um programa onde entregava a fofoca e os babados da noite de BH. Logo recebeu alguns avisos para que calasse a matraca. Os primeiros eram por escrito, alguns com boas quantias de dinheiro e alguns com ameaças diretas e violentas.
Em virtude de um olho roxo e algumas costelas quebradas, resolveu amenizar seu discurso na rádio. Na mesma época começou a perceber que poderia ganhar algum dinheiro se amigando para o lado dos figurões. E deu certo, falava bem deles e eles lhe retribuíam como podiam, dinheiro, acesso às festas mais importantes da cidade e algumas trocas de experiências até mesmo físicas.
Devido ao grande sucesso na rádio, Marcelo foi convidado em 1983 para assinar a coluna do Jornal de Minas Gerais sobre a alta sociedade.
Marcelo é natural de Ouro Branco, cidade próxima de Belo Horizonte aproximadamente 100 Km. Mudou-se para a capital aos 21 anos, quando iniciou os estudos em jornalismo. Descobriu-se no sexo e na vida no 2º período do curso superior, quando em uma festa em uma república de estudantes na Rua Tupis, no quinto andar de um prédio antigo, se embriagou de vodka barata e vinho, se entorpeceu com cocaína e muita maconha e experimentou no meio da noite sexo com Juliana, uma caloura da faculdade e com Diogo, um colega de sala com quem acordou abraçado e pelado pela manhã.
Revelou-se sua opção por rapazes e assumiu publicamente, mas somente na capital. Filho de mãe beata e pai repressor, jamais teve coragem de assumir para eles que optara pelo homossexualismo. Até porque não aparenta sê-lo. Veste-se, fala e age como um homem, apenas na cama que se comporta como uma donzela. Mas assume publicamente seus namorados, eis o motivo de tanto preconceito quando começou na profissão.
Dono de um apartamento na Rua Goiás, no centro de Belo Horizonte, bem próximo do jornal e da antiga república onde acontecia as festas e orgias de faculdade, Marcelo adora passear a noite pela região central. Não possui carro, muito menos carteira de motorista, opção própria. Acha carro muito perigoso e preferiu investir todo seu dinheiro no seu apartamento. Com uma decoração de altíssimo luxo, Marcelo promove festas freqüentes no 12º andar do velho prédio de frente ao automóvel clube.
Geralmente termina as festas embriagado de vinho tinto seco, um vício que trouxe de Ouro Branco, e muita maconha na cabeça. Algumas das vezes só, outras acompanhado, mas isso nunca lhe foi algum problema. Na verdade até gostava de terminar só, achava que no final da festa era o melhor momento para trabalhar, pois a mente estava aberta pelas drogas e pelo vinho. Acendia um cigarro, vício esse que adquiriu na faculdade, abria seu notebook na varanda de seu apartamento e começava a redigir, ora as matérias de sua coluna, ora se dedicava a um projeto pessoal: um romance policial.
Na noite de 12 de fevereiro de 2003 tudo caminhava para mais uma noitada de trabalho pós-festa, nenhum rapaz interessante naquela noite em seu apê e a cabeça pensado com muito entusiasmo em algumas idéias novas para o seu livro. Aproximadamente às 2:30 da manhã, dispensou os últimos convidados alegando sono. Pegou seu notebook, posicionou-se na varanda, como de costume, pegou o maço de cigarros todo amassado do bolso e quando pegou o cigarro verificou que era o último. Sem cigarro, não dava para escrever, era como energia essencial para alimentar sua inspiração.