Era uma vez um blog... Um espaço onde o autor escreve um livro on line. Livro: Pela Janela - Romance Policial .. Os capítulos estão à direita dessa página..
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Capítulo XIX - Ela
Nascida em Sete Lagoas, Marina viveu com seu pai biológico até pouco mais de um ano, quando ele brigou com sua mãe e a expulsou de casa com ela e uma irmã 5 anos mais velha. Viveram com a avó durante algum tempo até que sua mãe se casou de novo com um viajeiro gaúcho visionário. Fazia vários tipos de negócios por onde passava. A maioria dos negócios eram muito bem sucedido e foi crescer mesmo quando ele chegou em Belo Horizonte onde chegou a ser investidor em construtoras de imóveis. Quando um negócio ou outro ia mal, ele viajava até o local e resolvia, consertava ou vendia e tinha pouco prejuízo. Ao final acumulou muito dinheiro e Marina pré-adolesceu e cresceu amparada pelo Gutierrez como filha, pois ele assim a tratava, a ela e a sua irmã. De presente de 18 anos, comprou o apartamento onde ela vive até hoje mas só o deu quando ela completou 21. Mas antes disso, na pré-adolescência, Marina cresceu estudando por alguns países da América Latina, acompanhando sua família, pois seu pai prosperava nos negócios. Conheceu algumas cidades de 4 países, Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia e depois de uma rápida temporada no norte do Brasil, seu pai resolveu recuar um pouco e retornou a Belo Horizonte, cidade que escolhera para viver, uma vez que suas negociações haviam sido bem sucedidas no tempo suficiente para fazer com que ele acumulasse muito patrimônio e capital. E foi na sua viagem para Argentina que conheceu a Ramón, seu amigo argentino, um homem de quase 60 anos dono de uma livraria cyber café em Florianópolis. Fizeram-se amigos quando ela viveu em Buenos Aires e ele também era dono de uma livraria e um grande inconformado com a política. Ela era sua vizinha, morava em uma casa ao lado da livraria e foram suas primeiras experiências, para ambos, sobre internet e as possibilidades que ela ofereciam, quando Marina sugeriu Ramón que coloca-se um computador e internet na livraria dele. Ramón que sempre foi de experimentar, gostou da idéia da menina e colocou. Os dois juntos descobriram as possibilidades da internet e Marina logo tratou de pedir ao seu pai um laptop para ela mesma. Como Marina já era muito estudiosa e disciplinada desde muito cedo, o computador e depois a internet passaram a ser fonte de estudo e depois de tempo gasto com diversão também. Marina se aplicava muito nos estudos para compensar as mudanças de escolas a cada 2 anos. Mudança de escola, de país, de tudo. Mas ainda assim, sua mãe estudava com ela e sua irmã. E sempre foram muito inteligentes. Mas quando Marina fez 18 anos, tinha acabado de passar na faculdade de arquitetura e compraram uma casa nova para a família e um labrador para ela. Estudava arquitetura e desde os primeiros períodos, fazia estágios em projetos que eram interessantes mesmo sem remuneração pois seu pai lhe prometeu que daria a ela tudo o que ela quisesse enquanto ela estudasse e em troca ela realmente estudava. Tinha uma mesada gorda do papai que lhe bancava carro e cartão de crédito com limite mais o seu apartamento que chegou aos 21 anos todo mobiliado. Mas aos 23, voltando de uma viagem de uma casa de campo nas montanhas, morrem em um acidente de carro seu pai e sua mãe. Em um fim de tarde chuvoso, havia um buraco e foi fatal. Marina e sua irmã assumiram toda a herança de seus pais. Bens e negócios. Criaram uma corporação, nomeram um conselho e um presidente e foram seguir com suas carreiras profissionais. Juliana, a irmã de Marina é artista, pinta, desenha, toca instumentos, representa, fotográfa e vive em Nova York, mas tem duas casas na Europa onde passa parte do ano. Marina não gastou tanto a sua parte em dinheiro da herança. Investiu seu capital em patrimônio e em ações. Viveria já muito bem com o rendimento das empresas de seu pai, mas doava parte a duas instituições de menores carentes, pois ganhava bem de seu trabalho e amava o que fazia. Arquiteta e das boas, porque Marina gosta do que faz. Se entrega, se dedica, coloca um pouco de si nos projetos. Buscar viabilizá-los economicamente mas não perde nunca o requinte e a sofisticação que o cliente busca. Atende os desejos do que seu cliente quer e os transforma em seus lares. Ao final, as duas irmãs sairam muito bem sucedidas graças à educação e influência cultural que receberam em suas viagens. Marina estava prestes a abrir sua própria empresa de arquitetura e só hesitava pois gostava de não ter que se preocupar em gerenciar uma empresa, e que podia só ir lá e trabalhar e voltar pra casa. Ser só artquiteta. E conseguia se manter bem assim. E isso estava de bom funcionamento para ela porque sempre lhe sobrava tempo para fazer as duas coisas que mais gostava: estudar e estar na internet. Marina adora estudar, sempre mais e mais. É sedenta por informação nova e construtiva ou que a faça pensar. Mas também tem suas manias e imperfeições. E uma delas é sua forma de se relacionar com as pessoas. Sempre rasa. Profissionalmente e com as colegas de faculdade e de trabalho, com os rolos. Mas no mundo virtual, tem amigos que conversava coisas de extrema intimidade, igual quando contou a Ramón que tinha perdido sua virgindade por e-mail. E foi justo depois de 6 dias de muito trabalho, em uma quarta-feira pela tarde que Marina havia conseguido entregar a parte do projeto em que estava trabalhando. No dia seguinte, passou o dia inteiro em casa, com meia roupa, na frente do computador, bebendo e navegando na internet. Conversando com muitas pessoas, fazendo planos de viagens, e matando a saudade de Ramón pelo msn quando surgiu o assunto Marcelo. Ela falou com o Ramón que estava apaixonada pelo Marcelo e falaram muito mais a respeito, inclusive de como ela se sentia, enganando e acabaram concordando que sim, mas ainda assim ela não estava pronta para se declarar para ele. E já era fim do dia quando Marina desligou o computador e pensou: E o Marcelo? Cadê ele? Foi até a cozinha, colou o ouvido na parede com um copo e escutou um jazz tocando na casa de Marcelo. Olhou para o relógio e já era quase meia noite e ela tinha estado na internet desde as 9 da manhã. Pensou: Melhor dormir e descansar um pouco. Bebeu um copo d'água, apagou a luz da cozinha e foi pro seu quarto dormir.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Capítulo XVIII - Do lado de lá
Marcelo tinha seu tempo para conduzir as coisas. Assim o fazia com o trabalho, e o fazia muito bem. Mas assim o é para tudo, metódico em suas rotinas que ele faz questão de administrar seu tempo para fazer as coisas. E entre muitas baladas, notas, fotos, mais baladas e eventos, Marcelo passava horas acordado trabalhando. E parte delas era na frente do computador. E arrumava tempo para escrever mais sua história. Cuidava da casa, e esse tempo para ele era essencial. São plantas por cuidar e coisas a desfrutar, pois a Marcelo há ainda o tempo em que não há nada melhor que curtir que suas bebedeiras em seu apartamento, seja nas frequentes, já nem mais tanto, baladas que promove Marcelo ou seja sozinho, o que vinha acontecendo muito, pois Marcelo encontrava-se em um fase introspectiva. E bebia seus espumantes e vinhos ao som de variadas músicas. Também tinha seus porres de banheira que duravam horas. E entre esses tantos de tempo que Marcelo tinha que administrar, ele ainda pensava na noite do assassinato que vira de seu apartamento. Algumas imagens iam e vinham. Enquanto outras se perdiam. Ia contruindo com as imagens que tinha uma idéia do que tinha visto. Nossa, se eu soubesse desenhar! Pensa Marcelo. Podia mostrar pro Marinis, emenda. E volta aos poucos a dispensar seu tempo a reescrever o texto que havia enviado a Marinis. Em um dia que a inspiração tinha dado uma travada, Marcelo pensou e falou ao mesmo tempo: Já acho que tenho algo novo pra apresentar ao Marinis. E riu. Abre o e-mail e vê algumas funções do trabalho. São inevitáveis, resultados de uma época do ano que as festas davam uma aumentada e o trabalho de Marcelo se fazia mais puxado, inclusive na parte de computador, recebia fotos de fotógrafos digitais do jornal que o acompanhavam e resenhas de um trio de estagiárias que mereciam um posto mais elevado, mas o maior diferencial era exatamente o intuito delas em estarem se esforçando ainda nos primeiros períodos do curso de jornalismo. Faziam rodízios nas festas e Marcelo fazia questão de sempre passar em todas elas ficar um pouco, e deixar a turma trabalhar depois. No dia seguinte, tem o trabalho de um editor com todo o material que recebe. Quase 3 horas depois. Marcelo fecha o e-mail e abre o msn. Sem se dar conta, entra diretamente com a opção que havia deixado a última vez que havia entrado, ocupado. Marcelo já correu o olho na lista e viu algumas pessoas. Entre elas está Marina. Ele clica no nome dela e aparece uma foto junto com a janela que se abre. Ela é bonita!, pensa Marcelo, e tem 25 anos, lê nas suas informações. Marcelo escreve. Oi! E nenhuma resposta. Só o perfil que havia mudado para ocupado.
Do outro lado do computador, Marina conversava com Beatriz e vê saltar uma janela dizendo da entrada do Marcelo. Ela clicou no nome dele. Um ícone do msn vermelho dizia que ele estava ocupado. Na janela menor via sua própria foto. Voltou a conversar com Beatriz. Uma das tantas amigas recém feitas de Marina. Marina adorava conversar no msn. Tinha suas manias e essa era uma delas. Marina era desse tipo. Tinha um monte de amigos, todos virtuais. Os amava, odiava, conversava, se entendia, se desentendia, brigava, deixava de ser amigo e depois voltava. Mas com Marcelo tinha um negócio estranho que ela sentia que lhe faltava coragem. Sempre adicionava e já puxava assunto. Mas com ele, ela tinha até medo de misturar amor com paixão, pois ele era tão desatento, que ela era vizinha de frente dele. E sabia que ele era gay, mas quando foi seu último aniversário tinha tido que depois de 3 anos ia se declarar pra ele. E foi quando resolveu tocar campainha um dia de madrugada, bebada na casa de Marcelo. Marina contava essa história a Beatriz quando a janela com o nome de Marcelo muda de um bonequinho verde para sua foto. Marina vai se despedindo de Beatriz com uma desculpa de trabalho, muda seu status para ocupado e lê algumas informações do perfil de Marcelo. Ela vê que Marcelo está digitando algo, sente que seu coração pulsa mais devagar e lê suspirando: Oi! Marina sente uma emoção forte e começa a chorar. No playlist do computador ela busca algo para pensar e vê o perfil de Marcelo mudar de ocupado para off-line. Ela clica e escreve. Ei!
Marcelo, já no modo off line, mas ainda conectado no msn recebe uma mensagem de Marina. Ainda off line responde: Tudo bem? Marina responde que sim, buscando se tranquilizar começa a conversar temas que encontrara no perfil dele. Falam de trabalho, de jornalismo e de arquitetura. De cidades. De serem do interior. De Belo Horizonte. Das cidades que gostariam de ir. E as histórias das já visitadas. Contam casos. Discutem cinema, comentam de livros, sugerem vinhos, falam de viagens, de música, e de mais muita coisa. Marcelo se deu conta de quanto tempo esteve conversanso com Marina quando percebeu que o céu começava a clarear e o dia a nascer. Se despediram e Marcelo foi dormir.
Marina também mudou para o modo off line. Abre o texto onde estava toda a conversa que tinha tido com Marcelo e relê tudo. Fica encantada. Sai cantarolando e prepara um café. Boa noite! diz olhando em direção ao apartamento de seu vizinho, fato esse que não conversaram no msn. Coloca uma bandeja de pão-de-queijo no forno e toma a primeira taça de café antes que eles assem. Marina morava sozinha ali também e por uma sorte do destino, seu pai trabalhava como investidor de imóveis e entre seus investimentos, conquistou apartamentos de patrimônio para a família. Havia se dedicado bastante na faculdade e antes de formar já fazia muitos e bem pagos projetos arquitetônicos. Ganhava bem, saia, se divertia, ia ao cinema e tinha relativa vida social. Mas sua maior rede de relação, de níveis mais profundos era toda contruída no universo virtual. Para Marina aquele momento era histórico. Estava conseguindo misturar os dois universos, levando o real ao virtual. E Marcelo havia conversado por muito tempo com ela e não tinha a menor idéia que ela morava no apartamento da frente. E sentiu-se segura e confiante. Marina é uma mulher bonita. E ainda é muito vaidosa. Academia e salão de beleza fazem parte da sua rotina. Entre uma mordida e outra no pão-de-queijo Marina pensa no dia que tem pela frente como se tivesse acabado de acordar. Por ser muito viciada em tudo que era de relacionamento do mundo virtual, tinha desenvolvido um lado insônico meio zumbi que passava até 2 noites sem dumir. E foi tomar banho. Pouco tempo depois estava quase pronta e abriu a internet. Abriu alguns sites, leu alguma informação aqui e ali. Mandou um e-mail pro seu melhor amigo, um senhor argentino que morava em Florianópolis. Marina contou a ele coisas que estava sentindo em relação ao Marcelo e que sentia que o estava enganando. Era pouco mais de 10 horas quando Marina saiu de casa. Olhou para a porta de Marcelo, chamou o elvador e sorriu olhando para a sua porta. Saiu e foi direto para um reunião com um cliente. Com direito a almoço com outro cliente e um pouco de escritório pela tarde. E pela noite, muito trabalho demandado dessas duas reuniões. E assim como Marina ficava muito no mundo virtual quando estava por conta do à toa, ela simplesmente desaparecia de todas as pessoas que conhecia quando o trabalho apertava. E assim ficou seis dias sem dar notícias.
Do outro lado do computador, Marina conversava com Beatriz e vê saltar uma janela dizendo da entrada do Marcelo. Ela clicou no nome dele. Um ícone do msn vermelho dizia que ele estava ocupado. Na janela menor via sua própria foto. Voltou a conversar com Beatriz. Uma das tantas amigas recém feitas de Marina. Marina adorava conversar no msn. Tinha suas manias e essa era uma delas. Marina era desse tipo. Tinha um monte de amigos, todos virtuais. Os amava, odiava, conversava, se entendia, se desentendia, brigava, deixava de ser amigo e depois voltava. Mas com Marcelo tinha um negócio estranho que ela sentia que lhe faltava coragem. Sempre adicionava e já puxava assunto. Mas com ele, ela tinha até medo de misturar amor com paixão, pois ele era tão desatento, que ela era vizinha de frente dele. E sabia que ele era gay, mas quando foi seu último aniversário tinha tido que depois de 3 anos ia se declarar pra ele. E foi quando resolveu tocar campainha um dia de madrugada, bebada na casa de Marcelo. Marina contava essa história a Beatriz quando a janela com o nome de Marcelo muda de um bonequinho verde para sua foto. Marina vai se despedindo de Beatriz com uma desculpa de trabalho, muda seu status para ocupado e lê algumas informações do perfil de Marcelo. Ela vê que Marcelo está digitando algo, sente que seu coração pulsa mais devagar e lê suspirando: Oi! Marina sente uma emoção forte e começa a chorar. No playlist do computador ela busca algo para pensar e vê o perfil de Marcelo mudar de ocupado para off-line. Ela clica e escreve. Ei!
Marcelo, já no modo off line, mas ainda conectado no msn recebe uma mensagem de Marina. Ainda off line responde: Tudo bem? Marina responde que sim, buscando se tranquilizar começa a conversar temas que encontrara no perfil dele. Falam de trabalho, de jornalismo e de arquitetura. De cidades. De serem do interior. De Belo Horizonte. Das cidades que gostariam de ir. E as histórias das já visitadas. Contam casos. Discutem cinema, comentam de livros, sugerem vinhos, falam de viagens, de música, e de mais muita coisa. Marcelo se deu conta de quanto tempo esteve conversanso com Marina quando percebeu que o céu começava a clarear e o dia a nascer. Se despediram e Marcelo foi dormir.
Marina também mudou para o modo off line. Abre o texto onde estava toda a conversa que tinha tido com Marcelo e relê tudo. Fica encantada. Sai cantarolando e prepara um café. Boa noite! diz olhando em direção ao apartamento de seu vizinho, fato esse que não conversaram no msn. Coloca uma bandeja de pão-de-queijo no forno e toma a primeira taça de café antes que eles assem. Marina morava sozinha ali também e por uma sorte do destino, seu pai trabalhava como investidor de imóveis e entre seus investimentos, conquistou apartamentos de patrimônio para a família. Havia se dedicado bastante na faculdade e antes de formar já fazia muitos e bem pagos projetos arquitetônicos. Ganhava bem, saia, se divertia, ia ao cinema e tinha relativa vida social. Mas sua maior rede de relação, de níveis mais profundos era toda contruída no universo virtual. Para Marina aquele momento era histórico. Estava conseguindo misturar os dois universos, levando o real ao virtual. E Marcelo havia conversado por muito tempo com ela e não tinha a menor idéia que ela morava no apartamento da frente. E sentiu-se segura e confiante. Marina é uma mulher bonita. E ainda é muito vaidosa. Academia e salão de beleza fazem parte da sua rotina. Entre uma mordida e outra no pão-de-queijo Marina pensa no dia que tem pela frente como se tivesse acabado de acordar. Por ser muito viciada em tudo que era de relacionamento do mundo virtual, tinha desenvolvido um lado insônico meio zumbi que passava até 2 noites sem dumir. E foi tomar banho. Pouco tempo depois estava quase pronta e abriu a internet. Abriu alguns sites, leu alguma informação aqui e ali. Mandou um e-mail pro seu melhor amigo, um senhor argentino que morava em Florianópolis. Marina contou a ele coisas que estava sentindo em relação ao Marcelo e que sentia que o estava enganando. Era pouco mais de 10 horas quando Marina saiu de casa. Olhou para a porta de Marcelo, chamou o elvador e sorriu olhando para a sua porta. Saiu e foi direto para um reunião com um cliente. Com direito a almoço com outro cliente e um pouco de escritório pela tarde. E pela noite, muito trabalho demandado dessas duas reuniões. E assim como Marina ficava muito no mundo virtual quando estava por conta do à toa, ela simplesmente desaparecia de todas as pessoas que conhecia quando o trabalho apertava. E assim ficou seis dias sem dar notícias.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Capítulo XVII - Tecnologia
Fazia alguns dias que o celular de Marcelo estava tocando com um som meio estranho. Ele atendia sem conseguir ver quem era. A tela já não acendia mais nenhuma luz depois do banho que o celular tomou dentro do vaso sanitário da casa de Marcelo em uma de suas últimas bebedeiras. Alô, Marcelo? E ele respondeu que sim. E do outro lado Marinis disse: Quanto tempo! Como está? Nem me respondeu a última mensagem que te enviei. O que foi que houve? E Marcelo tratou de pegar uma mentira pra ele em que num dia de bebedeira, achava que tinha mesmo recebido uma mensagem importante, mas não se lembrava de quem pois tinha bebido muito. Tanto que no dia dessa bebedeira, o celular caiu no vaso sanitário e ficou com um som estranho, meio metalizado e sem nenhuma informação na tela. Pela meia verdade de Marcelo. Marinis entendeu que sim. Convidou Marcelo para tomar um café no final da tarde. Marcelo disse que teria muito prazer em tomar, e que inclusive tomaria um chá da tarde, mais apropriado. Marinis segurou o riso do outro lado. Mas hoje não posso!, disse Marcelo. E completou: Tenho uns dias de trabalho pela frente. Muita coisa por preparar, vários eventos e festas acontecendo em diversos segmentos. Tenho que concentrar um pouco no trabalho, doutor. Marinis entendeu que sim. Marcelo lhe pediu o número de seu telefone para que ligasse para ele tão logo tivesse terminado esses compromissos com o trabalho. Nisto ficaram.
Tenho que levar esse celular pra consertar logo. Pensa Marcelo enquanto reacende o cigarro. Como só trabalhava em um turno, Marcelo criava uma rotina de trabalhar sempre pelas manhãs. Dar-se a tarde livre para estar descansado para eventuais baladas na noite. E no começo da tarde não era hora de ninguém falar com Marcelo um assunto sério porque esse momento é só dele. Com as pernas esticadas pra cima, ele escuta o barulho que vem da rua sentado na varanda. A janela à frente de Marcelo o convidava a lembrar novamente da cena do strip tease que tanto o intreteve. Marcelo tem flashs de memória e algumas imagens vem e vão na sua cabeça. Acabado o cigarro, ele resolve colocar uma música. Em baixo volume, ele se estica no tapete da sala. Ali adormece por uma hora. Acorda, estica o braço e puxa o computador. Abre seu e-mail e realmente há muito trabalho por fazer nos próximos dias. 5 festas entre quinta-feira e sábado. Todas com seu merecido direito de serem comentadas na página de Marcelo. Muito trabalho! Pensa Marcelo. Abre o msn ainda off line vê que o e-mail que adicionara algunas dias atrás tinha agora sido substituído por um nome, e ali ele lia Marina. Uma mulher, claro. Comenta consigo mesmo Marcelo. Ri de si mesmo e diz: Isso tá virando um hábito. Muda seu status de off line para on line. Passam-se 10 minutos e o nome de Marina muda de disponível para ausente. Marcelo clica sobre o nome dela e imediatamente uma janela se abre. Começa a digitar, apaga e fecha a janela. Quem será essa mulher? Será aqui do prédio? Ah, mas nem. Que preguiça. Com tanto gato por aí vem justo uma gata. Sai do msn. Aumenta o som da música se levanta e vai arrumar um pouco seu apartamento. Dançando ele dá uma meia faxina na casa. Antes que a tarde termine, Marcelo leva seu telefone celular até uma loja de assistência técnica muito próximo na Afonso Pena. O rapaz diz a Marcelo que o problema não vai ser tão fácil assim de ser consertado e que por isso mesmo vai ficar caro. Mas ao mesmo tempo em que Marcelo pensava que o técnico queria ser oportunista, esse mesmo técnico lhe deu uma dica de ligar para a operadora e como falar com o antendente, ameaçando trocar de operadora, que na loja mesmo da assistência técnica, a atendente, do outro lado da linha estava prometendo uma máximo de 3 dias para que o novo e mais recente lançamento celular de Marcelo chegasse na sua residência. Marcelo saiu satisfeito da assistência técnica. Voltou pra casa, tomou um de seus banhos de banheira de horas. Se aprontou e foi para um coquetel de lançamento de um longa-metragem todo realizado na cidade.
Um microfone inalámbrico instalado no agente da corregedoria estava sentenciando dois policiais em um churrasco na cobertura de um deles. Ali estavam os companheiros da Narcóticos fortalecendo seu laço de irmandade entre eles, dando as boas vindas ao mais novo integrante. Um deles, mais bebado que todos os demais deu a ficha toda, confessando inclusive que tinha ido junto, dirigido, colocado as algemas nos pés e empurrado o Naldo ladeira abaixo. Faltava só o outro depoimento. Mas isso era relativamente fácil de conseguir.
No dia seguinte pela manhã, Marinis aguardava a chegada dos dois detetives. Os dois receberam a notícia do seu delegado que eles deveriam entregar as armas, os distintivos e que eles estavam temporariamente suspensos. Breno foi o que esteve mais fora de si. Mesmo contra sua própria vontade, cumpriram as ordens de seu superior. Ao sairem da sala, foram agarrados por um grupo de 8 policiais, que os algemaram e levaram para salas distintas. Em uma delas, Marinis tenta convencer Breno a assumir sua parcela de culpa, chegando a forçá-lo a falar mostrando o diálogo de seu companheiro, entregando ele. Na outra sala, não tiravam nenhuma informação do companheiro de Breno. Marinis usou a mesma gravação e mentiu dizendo que Breno já havia confessado. E nesse jogo de empurra dali e empurra daqui, os dois acabam que se entregam. Nesse momento, Marinis os coloca frente à frente um com o outro, e ambos escutam uma gravação do outro assumindo o crime e entregando o parceiro. Marinis sai da sala e deixa os dois aí. Eles brigam por uns 5 minutos. Alguns machucados a mais, uns dentes a menos e a camisa branca tinjida de vermelho. Marinis entra na sala, os algema junto com 3 agentes e ordena que sejam levados à penitenciaria. Marinis se dá por satisfeito. Volta a reler tudo o que escreveu a respeito do caso Marisa Prieta. Relê também o texto de Marcelo e começa a fazer suposições fora da sua lógica. Há algumas coisas que não se encaixam no texto de Marcelo. E isso era algo que tinha que resolver diretamente com ele. Olha para o relógio e vê que o tempo está perdido até às 19 horas, quando termina seu expediente. Abre o arquivo do livro que Marcelo está escrevendo e vai ler. Em vinte minutos já está envolvido na história. Tem mais de cem páginas naquele arquivo. Marinis lê tudo por mais de uma vez. É impressionate como é estranha a cabeça de um artista. E esse Marcelo escreve bem. Pensa Marinis. Depois de terminado, cansado e com uma dor de cabeça progredindo, toma um remédio e vai para casa. Encarar, se muito, umas duas cervejas e um amendoim para beliscar enquanto se estirava no sofá. Ali, Marinis dormia mais que na sua cama.
Tenho que levar esse celular pra consertar logo. Pensa Marcelo enquanto reacende o cigarro. Como só trabalhava em um turno, Marcelo criava uma rotina de trabalhar sempre pelas manhãs. Dar-se a tarde livre para estar descansado para eventuais baladas na noite. E no começo da tarde não era hora de ninguém falar com Marcelo um assunto sério porque esse momento é só dele. Com as pernas esticadas pra cima, ele escuta o barulho que vem da rua sentado na varanda. A janela à frente de Marcelo o convidava a lembrar novamente da cena do strip tease que tanto o intreteve. Marcelo tem flashs de memória e algumas imagens vem e vão na sua cabeça. Acabado o cigarro, ele resolve colocar uma música. Em baixo volume, ele se estica no tapete da sala. Ali adormece por uma hora. Acorda, estica o braço e puxa o computador. Abre seu e-mail e realmente há muito trabalho por fazer nos próximos dias. 5 festas entre quinta-feira e sábado. Todas com seu merecido direito de serem comentadas na página de Marcelo. Muito trabalho! Pensa Marcelo. Abre o msn ainda off line vê que o e-mail que adicionara algunas dias atrás tinha agora sido substituído por um nome, e ali ele lia Marina. Uma mulher, claro. Comenta consigo mesmo Marcelo. Ri de si mesmo e diz: Isso tá virando um hábito. Muda seu status de off line para on line. Passam-se 10 minutos e o nome de Marina muda de disponível para ausente. Marcelo clica sobre o nome dela e imediatamente uma janela se abre. Começa a digitar, apaga e fecha a janela. Quem será essa mulher? Será aqui do prédio? Ah, mas nem. Que preguiça. Com tanto gato por aí vem justo uma gata. Sai do msn. Aumenta o som da música se levanta e vai arrumar um pouco seu apartamento. Dançando ele dá uma meia faxina na casa. Antes que a tarde termine, Marcelo leva seu telefone celular até uma loja de assistência técnica muito próximo na Afonso Pena. O rapaz diz a Marcelo que o problema não vai ser tão fácil assim de ser consertado e que por isso mesmo vai ficar caro. Mas ao mesmo tempo em que Marcelo pensava que o técnico queria ser oportunista, esse mesmo técnico lhe deu uma dica de ligar para a operadora e como falar com o antendente, ameaçando trocar de operadora, que na loja mesmo da assistência técnica, a atendente, do outro lado da linha estava prometendo uma máximo de 3 dias para que o novo e mais recente lançamento celular de Marcelo chegasse na sua residência. Marcelo saiu satisfeito da assistência técnica. Voltou pra casa, tomou um de seus banhos de banheira de horas. Se aprontou e foi para um coquetel de lançamento de um longa-metragem todo realizado na cidade.
Um microfone inalámbrico instalado no agente da corregedoria estava sentenciando dois policiais em um churrasco na cobertura de um deles. Ali estavam os companheiros da Narcóticos fortalecendo seu laço de irmandade entre eles, dando as boas vindas ao mais novo integrante. Um deles, mais bebado que todos os demais deu a ficha toda, confessando inclusive que tinha ido junto, dirigido, colocado as algemas nos pés e empurrado o Naldo ladeira abaixo. Faltava só o outro depoimento. Mas isso era relativamente fácil de conseguir.
No dia seguinte pela manhã, Marinis aguardava a chegada dos dois detetives. Os dois receberam a notícia do seu delegado que eles deveriam entregar as armas, os distintivos e que eles estavam temporariamente suspensos. Breno foi o que esteve mais fora de si. Mesmo contra sua própria vontade, cumpriram as ordens de seu superior. Ao sairem da sala, foram agarrados por um grupo de 8 policiais, que os algemaram e levaram para salas distintas. Em uma delas, Marinis tenta convencer Breno a assumir sua parcela de culpa, chegando a forçá-lo a falar mostrando o diálogo de seu companheiro, entregando ele. Na outra sala, não tiravam nenhuma informação do companheiro de Breno. Marinis usou a mesma gravação e mentiu dizendo que Breno já havia confessado. E nesse jogo de empurra dali e empurra daqui, os dois acabam que se entregam. Nesse momento, Marinis os coloca frente à frente um com o outro, e ambos escutam uma gravação do outro assumindo o crime e entregando o parceiro. Marinis sai da sala e deixa os dois aí. Eles brigam por uns 5 minutos. Alguns machucados a mais, uns dentes a menos e a camisa branca tinjida de vermelho. Marinis entra na sala, os algema junto com 3 agentes e ordena que sejam levados à penitenciaria. Marinis se dá por satisfeito. Volta a reler tudo o que escreveu a respeito do caso Marisa Prieta. Relê também o texto de Marcelo e começa a fazer suposições fora da sua lógica. Há algumas coisas que não se encaixam no texto de Marcelo. E isso era algo que tinha que resolver diretamente com ele. Olha para o relógio e vê que o tempo está perdido até às 19 horas, quando termina seu expediente. Abre o arquivo do livro que Marcelo está escrevendo e vai ler. Em vinte minutos já está envolvido na história. Tem mais de cem páginas naquele arquivo. Marinis lê tudo por mais de uma vez. É impressionate como é estranha a cabeça de um artista. E esse Marcelo escreve bem. Pensa Marinis. Depois de terminado, cansado e com uma dor de cabeça progredindo, toma um remédio e vai para casa. Encarar, se muito, umas duas cervejas e um amendoim para beliscar enquanto se estirava no sofá. Ali, Marinis dormia mais que na sua cama.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Capítulo XVI - Le Jour
Era pouco mais de 9 da noite quando Marcelo chegou em casa. Ao abrir a porta empurrou um papel dobrado. Pisou nele amassando um pedaço que o prendia debaixo da porta. Pegou o papel no chão e fechou a porta. Acendeu a luz e abriu o papel. Duas linhas: Oi! e um e-mail: ei_mari@hotmail.com. Marcelo lê aquilo e se espanta. Vai até a cozinha com o bilhete na mão lendo e relendo. Pensa: Um 'Oi' e um eMe eSse eNe. Cheirou o papel e tinha cheiro de colônia de flores. Marcelo sentiu-se vigiado, observado. Sendo alvo de alguma paixão platônica, pensa Marcelo. Prepara uma boa macarronada e deixa o bilhete na bancada que separa a cozinha da sala. Abre uma garrafa de vinho e liga o som. Coloca um velho jazz que ainda tocava no vinil. Entre indas e vindas na cozinha. Entre taças de vinho e copos de água, Marcelo leva o computador da sala para a bancada da cozinha. Abre o msn e procura pelo e-mail no papel. Encontra e está on-line. Marcelo hesita, fecha o computador e se volta ao macarrão. Em pouco tempo sai um macarrão com tomate, azeitona, allho e vinho a la Marcelo. Ele contente, come sozinho e se diverte ao tentar dar um nome ao prato. Antes mesmo de poder pensar o primeiro nome a agulha agarrou em um arrando do velho disco, importunando a Marcelo que desliga o vinil e coloca uma música eletrônica lenta diretamente do computador. Senta de volta na mesa e termina de comer o macarrão. Vê o celular em cima da mesa com o sinal de uma nova mensagem. Pega o celular e lê a mensagem. Oi Marcelo, tudo bem? Obrigado pelo café da manhã. Gostei muito do seu texto. Quando puder, gostaria de conversar com você. Marinis. Marcelo se assusta e para de comer. Vai até a varanda e olha a janela mais uma vez. Relembra o quanto pode do que havia visto dali. Na sua cabeça imagens se formam em fragmentos da história. Lembra da mulher tirando a roupa enquanto ele estava sentado. Para Marcelo parecia um caso típico de puta que atendia em casa e o cliente a matou. Tirava conclusões Marcelo porque assim o achava. E seu romance ganhava mais trama. Com as histórias que Marinis lhe contara colocou um pouco mais de violência e suspense na sua história. Duas garrafas mais de vinho, Marcelo já tinha ido 40 páginas mais pra frente, e as quase 3 da manhã se dá por satisfeito e fecha o texto. Vê o texto que escrevera para Marinis, o fecha e lembra de como Marinis havia copiado rápido o texto. Na tela do computador resta a última pesquisa que ele havia feito no msn e aquele e-mail do bilhete que havia sido depositado em baixo da porta estava lá, mas não estava mais on line. Marcelo adiciona e entra no msn. Depois de 5 minutos, desliga o computador e vai dormir.
Na delegacia o trabalho de Marinis não para depois que o corpo de Naldo foi encontrado a pouco mais de 20 km da saída da cidade. Agora sim o caso tinha chegado a ele. E Marinis já tinha seus primeiros suspeitos. Mas antes tinha que recuperar o tempo perdido com o tão prolongado café da manhã. Na delegacia tinha relatórios por preencher sobre as novas informações do caso de Marisa Prieta. Após algumas horas no computador, um almoço frio e atrasado. Marinis pode finalmente concentra-se no caso de Naldo. Seus suspeitos eram fortíssimos candidatos a serem os responsáveis por esse homicídio. Mas que essa abordagem não seria fácil de ser feita, pois os policiais envolvidos não se entregariam facilmente se fossem eles mesmos quem tivessem matado a Naldo. No fim do dia Marinis se reúne com o outro dois delegados, um da corregedoria e outro da narcóticos, a de Gustavo e ainda um agente da corregedoria que irá trabalhar infiltrado na seção de narcóticos para tentar conseguir o depoimento de algum deles. O plano parecia bem e dependia de tempo. Para ajudar ele a ser querido pelos seus colegas, Marinis pediu ao delagado da narcóticos para ele ser duro e repreender ao novato. Todos riram e acharam boa a idéia de Marinis. Após a reunião, Marinis vai até a sua sala. Na tela do computador está o relatório que havia escrito pela manhã. Abre a gaveta e pega o pen drive. Coloca no computador e abre o texto de Marcelo lê as primeiras 20 páginas e gosta do jeito que Marcelo caminha entre o ficcional e o real, o romântico e o concreto. É um texto de linha tênues, pensa Marinis. Abre o texto que Marcelo escrevera para ele e o lê. Com mais atenção em cada detalhe, algumas coisas começam a incomodar a Marinis. Algumas peças começaram a se encaixar aqui e acolá, mas ainda não todas e em nenhum dos dois lugares. Adriano bate na porta entre aberta e ao escutar a voz de Marinis a empurra. Escuta a Marinis terminar uma frase falando sozinho olhando pela janela. Marinis se assusta com a presença de Adriano e um silêncio toma conta da sala do delegado. Adriando irrompe o silêncio depois de algum tempo dizendo: Ô doutor, o senhor tava falando sozinho? Marinis se tranquiliza ao ver que pela pergunta de Adriano ele acabara de chegar e não havia se dado conta do conteúdo que Marinis estava falando. Marinis suspira e atende a demanda de assinaturas em relatórios de Adriano. O coloca a par do caso de Naldo e pede para que ele observe de longe se encontra algo. Já pensando que sua presença pudesse desviar a atenção ainda mais em relação à chegada do novato. Adriando saiu da sala e Marinis pegou o celular. Escreveu uma mensagem para Marcelo. Enviou e ficou ali, parado, esperando por mais de 20 minutos. Colocou o celular no bolso e desceu para falar com o médico legista que estava de plantão. Com a confirmação da causa da morte e do possível horário que Naldo havia morrido, Marinis tinha algo mais concreto para levar esses assassinos para a cadeia e não apenas perderem o distintivo. Sufocado com um saco plástico na cabeça, uma fita crepe e os pés e mão algemados. Cruel, pensou Marinis. Olhou mais uma vez o celular e nenhuma mensagem de Marcelo. Subiu até a sua sala, preencheu mais um pouco de informação, agora no caso Naldo, no computador. E quando se deu conta que já era noite, entendeu o porque de tamanha fome. Desligou o computador e antes mesmo de sair da delegacia, do celular, já ligou para a pizzaria do seu bairro, de um amigo de trilhas de bicicleta e encomendou sua tradicional pizza. Ele sempre a entregava com meia hora. Marinis demorava, sem trânsito, 20 minuto até sua casa, e aquela hora o que ele tinha a seu favor era justamente o trânsito. E Marinis se foi a casa comer pizza e ver filme na televisão.
Na delegacia o trabalho de Marinis não para depois que o corpo de Naldo foi encontrado a pouco mais de 20 km da saída da cidade. Agora sim o caso tinha chegado a ele. E Marinis já tinha seus primeiros suspeitos. Mas antes tinha que recuperar o tempo perdido com o tão prolongado café da manhã. Na delegacia tinha relatórios por preencher sobre as novas informações do caso de Marisa Prieta. Após algumas horas no computador, um almoço frio e atrasado. Marinis pode finalmente concentra-se no caso de Naldo. Seus suspeitos eram fortíssimos candidatos a serem os responsáveis por esse homicídio. Mas que essa abordagem não seria fácil de ser feita, pois os policiais envolvidos não se entregariam facilmente se fossem eles mesmos quem tivessem matado a Naldo. No fim do dia Marinis se reúne com o outro dois delegados, um da corregedoria e outro da narcóticos, a de Gustavo e ainda um agente da corregedoria que irá trabalhar infiltrado na seção de narcóticos para tentar conseguir o depoimento de algum deles. O plano parecia bem e dependia de tempo. Para ajudar ele a ser querido pelos seus colegas, Marinis pediu ao delagado da narcóticos para ele ser duro e repreender ao novato. Todos riram e acharam boa a idéia de Marinis. Após a reunião, Marinis vai até a sua sala. Na tela do computador está o relatório que havia escrito pela manhã. Abre a gaveta e pega o pen drive. Coloca no computador e abre o texto de Marcelo lê as primeiras 20 páginas e gosta do jeito que Marcelo caminha entre o ficcional e o real, o romântico e o concreto. É um texto de linha tênues, pensa Marinis. Abre o texto que Marcelo escrevera para ele e o lê. Com mais atenção em cada detalhe, algumas coisas começam a incomodar a Marinis. Algumas peças começaram a se encaixar aqui e acolá, mas ainda não todas e em nenhum dos dois lugares. Adriano bate na porta entre aberta e ao escutar a voz de Marinis a empurra. Escuta a Marinis terminar uma frase falando sozinho olhando pela janela. Marinis se assusta com a presença de Adriano e um silêncio toma conta da sala do delegado. Adriando irrompe o silêncio depois de algum tempo dizendo: Ô doutor, o senhor tava falando sozinho? Marinis se tranquiliza ao ver que pela pergunta de Adriano ele acabara de chegar e não havia se dado conta do conteúdo que Marinis estava falando. Marinis suspira e atende a demanda de assinaturas em relatórios de Adriano. O coloca a par do caso de Naldo e pede para que ele observe de longe se encontra algo. Já pensando que sua presença pudesse desviar a atenção ainda mais em relação à chegada do novato. Adriando saiu da sala e Marinis pegou o celular. Escreveu uma mensagem para Marcelo. Enviou e ficou ali, parado, esperando por mais de 20 minutos. Colocou o celular no bolso e desceu para falar com o médico legista que estava de plantão. Com a confirmação da causa da morte e do possível horário que Naldo havia morrido, Marinis tinha algo mais concreto para levar esses assassinos para a cadeia e não apenas perderem o distintivo. Sufocado com um saco plástico na cabeça, uma fita crepe e os pés e mão algemados. Cruel, pensou Marinis. Olhou mais uma vez o celular e nenhuma mensagem de Marcelo. Subiu até a sua sala, preencheu mais um pouco de informação, agora no caso Naldo, no computador. E quando se deu conta que já era noite, entendeu o porque de tamanha fome. Desligou o computador e antes mesmo de sair da delegacia, do celular, já ligou para a pizzaria do seu bairro, de um amigo de trilhas de bicicleta e encomendou sua tradicional pizza. Ele sempre a entregava com meia hora. Marinis demorava, sem trânsito, 20 minuto até sua casa, e aquela hora o que ele tinha a seu favor era justamente o trânsito. E Marinis se foi a casa comer pizza e ver filme na televisão.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Capítulo XV - Café de manhã
O ruído do interfone começa a misturar com o do celular de Marcelo, quando ele, meio ressaqueado do domingo e do pós-cinema acorda e olha para o relógio. São quase 9 e meia. No celular o nome de Marinis pisca junto com a melodia. Marcelo atende e pede a ele que suba. Desliga o telefone e se vê com uma preguiça enorme e um cansaço em todo o corpo. Se levanta, coloca um roupão e abre a porta. Vai até a cozinha, abre a geladeira e vê o que tem de opção. Liga o fogão e coloca uma água para esquentar para o café. Marinis toca a campainha na sequência. Marcelo grita que a porta está aberta e abre o armário para ver o que tem de opção pro café da manhã. Se dá conta que Marinis não entrou em sua casa. Vai até a entrada e abre a porta para Marinis. Ele pede licença e entra. Marcelo tem uma cara de quem está com muita ressaca, cabelo meio em pé, olho meio aberto, e cheirava álcool, cigarro e perfume. Marinis logo identificou que a noite anterior havia sido da pesada para Marcelo. Marcelo o convidou para sentar na cozinha. Perguntou o que ele queria comer. Marinis se espantou com a possibilidade de poder escolher e disse: Café, só! Tá ótimo. Marcelo disse: Ai, nem! Que falta de graça. Vou te preparar uns ovos com bacon igual café da manhã de filme americano. Brincadeira, vou fazer uma surpresa. Coisa rápida. Marinis, disse: Claro. Como quiser. E Marcelo saiu da cozinha e disse para Marinis esperar que já voltava. Foi até o banheiro do seu quarto e colocou a banheira para encher. Marinis saiu da cozinha e foi até a varanda. A vista de Marcelo era realmente muito privilegiada em relação ao quarto da vítima. Marcelo voltou e viu Marinis na varanda olhando para a janela. Me desculpa, Marinis, disse Marcelo ao passar pela sala indo em direção a cozinha. E Marinis pergunta porque indo atrás de Marcelo na cozinha. Marcelo está passando o café no coador quando Marinis entra e volta a perguntar o porque do pedido de desculpas de Marcelo. Ele diz: Por ter perdido a hora. Ontem o encontro foi divino. Ah! E Marinis diz: Claro! Não se preocupe com isso. Aliás esse café tá com um cheiro ótimo, hein? Marcelo sorri e diz: Espero que melhor o gosto que o cheiro. E pergunta a Marinis. Marinis, o que mais que o senhor descobriu do caso? Marinis se assusta pela pergunta de Marcelo e lhe responde com outra pergunta: Eu vim aqui para eu ou para você colher mais informações? Marcelo assustado com o tom rispido com o que soaram as palavras de Marinis, disse: Tudo bem, doutor! Marinis percebendo que havia sido indelicado com Marcelo sentou-se em um banco e se calou. Marcelo pergunta descontraindo: Mas queijo você come, né? Marinis sorri e responde que sim. Marcelo serve uma xícara de café a Marinis e outra para ele. Conduz Marinis até a varanda e diz a ele: Vamos às vias de fato. Você veio aqui para saber a respeito do meu texto, não foi? Marinis assente com a cabeça enquanto Marcelo segue falando: Pois eu escrevi ele sim. Tá ali prontinho pra você ler. Mas quero me envolver mais nessa história. Me conta alguma novidade aí, vai? E Marinis lhe diz: Marisa Prieta. Marcelo se empolga: O nome da vítima?! Marinis assente novamente com a cabeça e completa e a briga no bar daquele dia rendeu muita história. Marcelo pediu a Marinis que lhe contasse a história. Marinis reprimiu a Marcelo dizendo que ele quem estava ali para recolher mais informações e onde estava o texto. Marcelo pediu a Marinis para esperar para ler o texto dele enquanto estivesse no banho, pois estava preparando o ovo com bacons a la Marcelo do dia. Marinis achou graça e disse: Como assim, se saímos juntos da cozinha? E Marcelo brincando: Eu tenho meus truques. Os dois se colocam a rir da situação. Marinis resolve atender ao pedido de Marcelo e lhe conta um pouco sobre a história do bar e acaba deixando espacapar algumas informações sobre o porteiro contadas por Giuliani que Marcelo logo confirmou ao lembrar-se do porteiro daquela noite vir do ButeKim de onde tomava uma café. Lembrava porque foi ele quem tinha lembrado a Marcelo do troco que havia esquecido e voltara para pegá-lo. Mas não contou isso a Marinis e interrompeu a conversa quando sentiu o cheiro de queijo tostando. Correu até a cozinha e deixou Marinis na varanda. No balcão que divide a cozinha e a sala, Marcelo coloca dois jogos americanos, uma cesta com umas torradas, geléia de morando, a garrafa de café, uma caixa de leite e um pão de forma integral com queijo, tomate e óregano grelhado tipo misto-quente. Marinis se assutou com o café da manhã de Marcelo. Sentaram e comeram. Marinis ficou ainda mais espantando com a combinação do que ele achou a primeira vista ser um misto-quente, o surpreender com um gosto de pizza marguerita logo no café da manhã, mas que era muito gostoso. Assim como a geléia de morango. Entre mais cafés, Marinis deixou escapar um pouco mais da história de Naldo a Marcelo que as ouviu como fonte de inspiração para seu livro. Terminado de comer o café, Marcelo trouxe o notebook até a sala e o deixou ali aberto para que Marinis pudesse ler o seu texto sobre a noite do assassinato de Marisa Prieta. Pediu licença e entrou para o banho. Mal sabia Marinis que era uma banho de banheira pois não tinha hora certa e menos ainda cedo para chegar ao trabalho, já que já havia feito o trabalho na noite anterior. Marinis foi limpando um resto de café no canto da boca e foi correndo ler o que Marcelo tinha escrito. Pegou o laptop e leu uma vez. Rápido. Com algumas paradas que não chegavam a lugar algum. Levou o computador até a varanda. Sentou-se ali e se fixou nas situações mais concretas do texto. Ela estava sentada sobre ele. Ele provavelmente estava amarrado na cadeira, porque não reagia ao jogo de sedução e provocação que ela aplicava. Nem mesmo a um forte tapa ele reagiu. Talvez por isso ele a tenha matado. E quando Marcelo começava a supor no seu texto, Marinis lia um pouco mais adiante para tentar peneirar a informação no texto. Logo se dava conta: A luz daquele apartamento que propiciara uma noite tão sado erótica permanecia havia permanecido acessa no dia seguinte. E entre histórias pessoais, Marcelo contava o número de vezes que havia visto a luz acesa. O relógio já ia batendo em 10:40 e Marcelo ainda não saia do banheiro. Marinis copia o arquivo em um pen drive. Ao fazer a cópia vê o texto do livro que Marcelo está escrevendo. Copia também. Quem sabe não é legal o que ele escreve. Vamos ver! Pensa Marinis. Chega até a porta do banheiro e não escuta barulho de chuveiro. Vai até a sala, come mais uma torrada com geléia. Volta até a porta do banheiro e diz: Marcelo? Tô precisando ir pra delegacia. Você vai demorar? Marcelo hesita em levantar para passar o arquivo a Marinis quando ele comenta. Posso copiar o teu texto num pen drive? Marcelo aliviado, pensa no seu banho relaxante e responde que sim. Que basta ele puxar porta quando sair que ela tranca sozinha. Marinis sai empolgado e rápido. Marcelo se assusta com a velocidade que supostamente Marinis tinha copiado o arquivo. Em poucos segundo Marcelo escuta o elevedor chegar no seu andar e descer até o térreo. Tranquilo, acende o cigarro ainda na banheira
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Capítulo XIV - La Policía
Marinis está na entrada de um clube de campo, onde o espera Gustavo. Era um clube de tiro, e era o ponto de encontro onde utilizavam para descarregar em alvos de madeira. Marinis estava de plantão. Pois o desaparecimento de Naldo lhe cheirava assassinato. Tudo bem que esse era o papel da corregedoria, mas ainda tinha mais que lhe interessava particularmente para o caso de Marisa Prieta. Em pouco tempo já estavam falando de trabalho. Gustavo preocupado pelas perguntas de Marinis o envolverem no que ele tinha participado mas não tinha concluído, resolve chamá-lo para darem uma volta no campo. Marinis, que adora caminhadas, se apresenta. Saem para uma caminhada de 3 horas entre mata, serras, cachoeiras e montanhas. Na caminhada, Gustavo tenta relaxar e pergunta coisas mais pessoais da vida, do tempo que passou, e Marinis entra no jogo e gosta, responde e também pergunta. Em pouco tempo já estão mais próximos, mais intímos. Gustavo se dá conta que todas as vezes que Marinis voltava ao assunto do trabalho, perguntava coisas que não estavam relacionadas ao Naldo, mas sim ao bar, à rua, aos edifícios. Gustavo pensa entre mergulhos de cachoeira e escaladas e resolve comentar com Marcelo um fato curioso que lhe chamou a atenção. Marinis se espanta e põe-se a ouvir. Olha só, naquela noite, a gente teve lá mesmo, pois quem tava envolvido com a puta era o irmão do Renato, o Breno, meu colega. Nos fomos lá porque o muleque tava arrumando briga doidão com a nata da malandragem. Mas aí no final, quem conduzia a equipe era o Morais e ele mandou a gente levar o Renato pra dar uma volta e depois soltar ele bem longe. E o Naldo?, perguntou Marinis. O Naldo, ele levaram na viatura deles. Mas o que eu quero mesmo te contar, é que lembro de ter visto uma coisa estranha quando colocava o doidão do Renato na viatura. Ele já tava algemado e tentou fugir, nós o pegamos uns metros mais pra frente. Ele caiu, a gente tropeçou nele e o trouxemos carregado de volta. Antes de levantá-lo. Esperamos um pouco e vimos que a puta tinha saído correndo, mas que ela não nos interessava. Eu olhei para o outro lado e vi um pessoa bem alta e forte, dentro de um jaqueta preta de capuz caminhando rapidamente pela rua, me distraí quando meu parceiro deu um chute no estômago de Renato, mas ele bem que merecia, porque tava muido doidão. Quando olhei de novo para aquela grande figura negra que andava rapidamente pelas sombras, não estava mais lá. Na hora achei até que tinha visto coisa que não existia, mas você me perguntando se eu tinha visto alguma coisa estranha nesse dia, te digo que isso foi bem estranho. Marinis gostou da história de Gustavo. Resolveu não mais lhe perguntar a respeito de Naldo, percebeu que dali não poderia contar com Gustavo, e deixou isso claro para ele, tentaria não envolvê-lo mais do que ele mesmo já havia se envolvido. Gustavo assentiu positivamente, quando o telefone de Marinis tocou. Marinis assutado atende o telefone: Alô?! Do outro lado um voz de homem afeminada responde: Marinis, como vai tudo bem? Marinis pede licença a Gustavo, caminha em direção a um lugar mais distante o interrompe e pergunta: Quem é?! Marcelo responde que é ele. A voz de Marinis perde uma tensão incial e com tranquilidade ele comenta a Marcelo que iria anotar o telefone de Marcelo, que já aproveita e fala para ele anotar o celular também. Gustavo relaxa e se sente mais aliviado. Após pouco tempo Marinis está caminhando de volta falando ao celular: As 9 tá ótimo. Tchau! desliga o celular e comenta: Plantão não é moleza. Inclusive, tenho que ir, marquei um encontro hoje as 9, aproveita o gancho para ir resolver outras questões. Se despedem e Gustavo também vai para casa. Marinis, no caminho de casa, passa antes pela Rua Goiás, passou devagar, olhou pra cima e viu as luzes de alguns aprtamentos acesa. Mediu a distância que o Renato poderia ter corrido do Butekim, e reparou em algo. A distância que ele poderia ter corrido dava uma vista ótima da entrada do prédio da vítima. Então aquele ser de negro e truculento poderia ser o assassino. Será? Pensou Marinis. E se ele saltou a grade, porque ela é bem baixinha. Mas o prédio tem porteiro 24 horas. Foi até o prédio e tocou a campainha. Ninguém respondeu. Olhou para guarita, um pouco mais alta e com vidros escuros e não tinha ninguém lá. Um senhor chegou por trás dele, com um pacote de cigarros na mão perguntando: Pois não? O senhor tá procurando alguém? Marinis o identificou pela roupa e se apresentou como delegado de polícia. O porteiro já sabendo do caso do assassinato, abriu o portão e o convidou a entrar, Marinis aceitou e disse que só necessitava entrar na guarita dele e ver o campo de visão que ele tinha. E era realmente um excelente campo de visão, com a ajuda de espelhos tinha uma boa visão da rua. Dava pra ver qualquer um indo e vindo à distância. Marinis agradeceu e saiu do prédio. Caminhou um pouco até o ButeKim e quem estava de plantão não era ninguém menos que Giuliani. Marinis sentou, pediu uma água e um tradicional frango à passarinho. Entre indas e vindas de Giuliani no balcão, Marinis o prende para um conversa. Pergunta se ele conhece um porteiro e foi dizer a palavra porteiro, que Giuliani lhe interrompeu. O seu Tito? Esse é um porteiro que vem muito aqui. Trabalha madrugada e domingo. Vem sempre aqui comprar cigarro e pinga com café. Marinis começa a gostar da forma como as peças do quebra-çabeça começam a se encaixar. O ocorrido daquela tarde de quando ele chegou a entrada do edifício era recorrente com esse tal de seu Tito, porteiro das madrugadas e do domingo. Uma pessoa alta que pularia com facilidade a grade do edifício some às vistas de um policial que tinha visto ele passar correndo. Certamente, esse cara é o assassino. Na mesma noite, um pouco mais cedo. Quando chegar na delegacia amanhã, perguntarei ao Gustavo mais a respeito desse cara. Mas agora tenho mais o que saber. E consegue extrair de Giuliani que corria na boca miúda que o Naldo da briga com o Renato tinha desparecido não, tinha mesmo era sumido do mapa. Marinis disse para que ele se tranquilizasse que tão logo os culpados pagarão pelos seus atos. Pede a conta, agradece paga e vai embora. Tão de repente como entrou. Ao entrar no carro vê Marcelo sai e entrar em um taxi. Entra no carro e o segue. O trajeto de Marcelo é curto, pelos cincos quarteirões da Avenida João Pinheiro. Desce na porta do Belas Artes e encontra um rapazinho de vinte e poucos anos na fila do cinema. Se cumprimentam com abraços e um beijinho. Marinis avança o carro e não o vê mais. Dirige até sua casa juntando todas as informações que tinha coletado naquele dia. Vai começando a se formar o perfil do assassino, um homem alto, forte, que usava um moleton negro com capuz era o único suspeito até então, já que não havia nem mesmo digitais. A forma como ele entraria e sairia do edifício parece ser tranquila tamanha a displicência com que trabalha o tal de seu Tito. Mas o que será que Marcelo tem pra me contar? A janela dele tem uma vista bem privilegiada do apartamento da vítima. Hmm! Amanhã tenho um prato cheio pra corregedoria, só preciso que eles achem o corpo para que constatemos uma assassinato. O tal do Marcelo precisa escrever pra me contar? Bem que o Adriano me advertiu dessa empolgação de jornalista policial do Marcelo. Vou dar corda pra ele, quem sabe ele me surpreende. E nos devaneios de seus pensamentos, lembra da cena de Marcelo beijando um jovem na porta do cinema e responde a si mesmo em voz alta: Ou não, né?
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Capítulo XIII - Domingo
Uva, álcool, fumo, assassinos e assassinatos faziam parte da história que Marcelo escrevia e das madrugadas que vivia. Enquanto redigia o texto em que tentaria descrever para Marinis o que tinha visto, se deixa contaminar desse assassinato em sua história, e sua história se mistura no caso. Marcelo, mais criativo que descritivo, termina por florear seu texto à Marinis, enquanto sonhava em serem parceiros de uma história de polícia e repórter possível só no cinema. Em uma semana, o livro de Marcelo ganhara 74 páginas e o texto para Marinis se adequava em layouts e laudas. 2 e meia, para ser mais preciso. O título não estava lá, mas o espaço para ele sim.
Ding! Dong! Traz Marcelo para a realidade às 2:20 da manhã de uma madrugada de sábado para domingo. Ele fecha o laptop, e à meia luz, taciturno, aproxima-se da porta e cola o olho no buraco. Do outro lado, tudo escuro. Ele destranca a porta sem fazer ruídos. Acende a luz e abre a porta de um só golpe. Do outro lado, ninguém. Ele avança pelo corredor, acende a luz e não encontra ninguém. O elevador está parado no térreo. Ele sobe e desce correndo alguns andares e não encontra ninguém. Volta a casa e pega sua agenda, abre na página com um clip e pega o bilhete, lê e relê, como se você encontrar uma pista naquela caligrafia. Pensa que talvez seja alguém do prédio e já associando o evento do bilhete, em que também não encontrara ninguém ao convite do encontro em ser no terraço do próprio prédio. Como no caso de hoje, alguém veio do jeito que foi, sem que eu nem mesmo me desse conta! Comenta Marcelo sozinho. Ri de si mesmo, ao ver que estava falando sozinho. Passa pela cozinha, belisca uns amendoins, serve mais um pouco de vinho em uma taça limpa e volta ao seu quarto. Deitado na cama, abre o laptop e não consegue escrever nenhuma letra. As palavras mais se apagam que se completam. Marcelo coloca uma música e desiste do computador. Uma vizinha, pensa. Um vizinho, hum, que tudo! Mas com aquela letra, ai, certeza que é uma mona. Que coisa estranha! Bater na minha casa às 2 da manhã. Deixar um bilhete e sair correndo. Eu, hein?! Quanta loucura. Vou pensar um jeito de pegar quem quer que seja. Ao concluir esse pensamento, Marcelo se dá conta que enquanto pensava, seu olhar havia sido desviado para a luz do computador. Na tela está o texto que estava escrevendo para Marinis. Toma um gole de vinho, se concentra e relê o texto mais uma vez. Acredita que está muito bom. Corre e pega o cartão de Marinis. Senta na cama, abre o e-mail e quando está anexando o arquivo, pensa que melhor se encontrar com o Marinis, assim pode ter mais informação dele também, inclusive, material para seu livro. Cancela o envio do arquivo por e-mail no momento final. Olha no relógio e já é tarde. Desliga o computador. Toma mais um gole de vinho, vira pro lado e fica sonhando com a dupla de cinema de repórter e xerife. Adormece rapidamente.
O sol não fazia muito que havia nascido e Marcelo já se levantava, as cortinas do quarto que dormiam abertas para facilitar a circulação de ar, favoreciam a entrada dos raios de sol matutinos justo no quarto e na sala do apartamento de Marcelo. Ele nem se incomodava, levantava, fazia uma café e ia aproveitar o dia. E quando já era final da tarde desse dia que Marcelo estava curtindo, entre muita e alta música à experiências culinárias regadas a mais vinho, ele volta a se inspirar ao lembrar da inusitada campainha da madrugada. Leva a garrafa de vinho para a varanda, volta até o quarto para pegar o computador e vê o cartão de Marinis junto dele. Pega o telefone e disca para ele. Antes mesmo do último número bater, desliga. Pensa se seria imprudente ligar no domingo. Pensa melhor e diz: Porque não? Sorri ao falar consigo mesmo, disca novamente e escuta o sinal de chamar. Após alguns toques Marinis atende do outro lado da linha: Alô?! E Marcelo com empolgação pela tarde etílica: Marinis, como vai tudo bem? Marinis o interrompe e pergunta: Quem é?! Marcelo responde que é ele. A voz de Marinis perde uma tensão incial e com tranquilidade ele comenta a Marcelo que iria anotar o telefone de Marcelo, que já aproveita e fala para ele anotar o celular também. Marinis se espanta com tanta presteza de Marcelo em querer se envolver e vai logo as vias de fato, pergunta a Marcelo se ele tem novidades a respeito do texto. Marcelo que já ia se desculpando por ligar no domingo, vê a oportunidade de se envolver cada vez mais, dado o interesse de Marinis ser tão rápido. Ele conta que havia acabado o texto sim, mas que sua internet não estava funcionando. Falava cruzando os dedos, para que ele mesmo se perdoasse da mentira. Marinis se oferece de passar lá depois das 8 da noite para pegar e dar mais uma olhada da janela. Marcelo volta ao tema, e pede desculpas por ligar no domingo, que voltaria a ligar na segunda-feira. Marinis o interrompe e diz que não tem problema e que ele está de plantão. Marcelo engasga, e diz que não pode encontrar com Marinis hoje, porque tem um encontro. Marinis se desculpa e diz para que eles se encontrem na segunda-feira então. Marcelo, suspira com um certo alívio, e diz: Claro, por que não tomamos um café aqui em casa amanhã? Eu posso até chegar um pouco mais tarde no jornal. Marinis concorda, e marcam às 9 horas. Marcelo desliga o telefone empolgado, olha para o lado e vê que aquele realmente não era um dia para um delegado visitar sua casa. No computador, na varanda, vinho, livro com pitadas de romance platônico e secreto, misturando ainda mais a trama da história e ainda os artigos que tinha para entregar na segunda-feira, assim ganhava tempo para poder chegar mais tarde no jornal. O fim de semana tinha sido tranquilo, talvez por ser fim de mês, e a grana andar curta pra muitos. Era hora de inventar umas fofocas, cutucar a vida alheia e ser uma boa dona Fifi da hi society belorizontina. Algumas fotos de belas jovens enchem bem o espaço e são ótimas saídas para esses dias sem assunto. E o fácil era que Marcelo recebia as fotos e o release por e-mail, sem nenhum esforço. A noite caía e Marcelo assistia da sua varanda o claro ficar escuro da cidade. As luzes que se acendiam e se apagavam. No celular uma mensagem de um rolo. Marcelo lê, faz uma cara de preguiça ao olhar a bagunça que está sua casa. É um convite para ir ao Belas ver um filme e comer algumas coisa. Ele responde perguntando a que horas. Em pouco tempo chega uma mensagem dizendo que às 21:30. Marcelo olha o relógio e são quase 8. Escreve uma mensagem pedindo quarenta minutos para resolver umas coisas e dar a resposta. E depois disso, nenhuma mensagem mais. Marcelo se levanta e na metade do tempo já arrumou tudo o que era mais importante para deixar sua casa aprensentável ao delegado de polícia. Na outra metade do tempo toma um banho e enquanto coloca a roupa envia uma mensagem: E o convite, ainda tá de pé? Após longos 4 minutos, o celular de Marcelo apita com a seguinte mensagem: 21:30, no Belas. Beijo.
Ding! Dong! Traz Marcelo para a realidade às 2:20 da manhã de uma madrugada de sábado para domingo. Ele fecha o laptop, e à meia luz, taciturno, aproxima-se da porta e cola o olho no buraco. Do outro lado, tudo escuro. Ele destranca a porta sem fazer ruídos. Acende a luz e abre a porta de um só golpe. Do outro lado, ninguém. Ele avança pelo corredor, acende a luz e não encontra ninguém. O elevador está parado no térreo. Ele sobe e desce correndo alguns andares e não encontra ninguém. Volta a casa e pega sua agenda, abre na página com um clip e pega o bilhete, lê e relê, como se você encontrar uma pista naquela caligrafia. Pensa que talvez seja alguém do prédio e já associando o evento do bilhete, em que também não encontrara ninguém ao convite do encontro em ser no terraço do próprio prédio. Como no caso de hoje, alguém veio do jeito que foi, sem que eu nem mesmo me desse conta! Comenta Marcelo sozinho. Ri de si mesmo, ao ver que estava falando sozinho. Passa pela cozinha, belisca uns amendoins, serve mais um pouco de vinho em uma taça limpa e volta ao seu quarto. Deitado na cama, abre o laptop e não consegue escrever nenhuma letra. As palavras mais se apagam que se completam. Marcelo coloca uma música e desiste do computador. Uma vizinha, pensa. Um vizinho, hum, que tudo! Mas com aquela letra, ai, certeza que é uma mona. Que coisa estranha! Bater na minha casa às 2 da manhã. Deixar um bilhete e sair correndo. Eu, hein?! Quanta loucura. Vou pensar um jeito de pegar quem quer que seja. Ao concluir esse pensamento, Marcelo se dá conta que enquanto pensava, seu olhar havia sido desviado para a luz do computador. Na tela está o texto que estava escrevendo para Marinis. Toma um gole de vinho, se concentra e relê o texto mais uma vez. Acredita que está muito bom. Corre e pega o cartão de Marinis. Senta na cama, abre o e-mail e quando está anexando o arquivo, pensa que melhor se encontrar com o Marinis, assim pode ter mais informação dele também, inclusive, material para seu livro. Cancela o envio do arquivo por e-mail no momento final. Olha no relógio e já é tarde. Desliga o computador. Toma mais um gole de vinho, vira pro lado e fica sonhando com a dupla de cinema de repórter e xerife. Adormece rapidamente.
O sol não fazia muito que havia nascido e Marcelo já se levantava, as cortinas do quarto que dormiam abertas para facilitar a circulação de ar, favoreciam a entrada dos raios de sol matutinos justo no quarto e na sala do apartamento de Marcelo. Ele nem se incomodava, levantava, fazia uma café e ia aproveitar o dia. E quando já era final da tarde desse dia que Marcelo estava curtindo, entre muita e alta música à experiências culinárias regadas a mais vinho, ele volta a se inspirar ao lembrar da inusitada campainha da madrugada. Leva a garrafa de vinho para a varanda, volta até o quarto para pegar o computador e vê o cartão de Marinis junto dele. Pega o telefone e disca para ele. Antes mesmo do último número bater, desliga. Pensa se seria imprudente ligar no domingo. Pensa melhor e diz: Porque não? Sorri ao falar consigo mesmo, disca novamente e escuta o sinal de chamar. Após alguns toques Marinis atende do outro lado da linha: Alô?! E Marcelo com empolgação pela tarde etílica: Marinis, como vai tudo bem? Marinis o interrompe e pergunta: Quem é?! Marcelo responde que é ele. A voz de Marinis perde uma tensão incial e com tranquilidade ele comenta a Marcelo que iria anotar o telefone de Marcelo, que já aproveita e fala para ele anotar o celular também. Marinis se espanta com tanta presteza de Marcelo em querer se envolver e vai logo as vias de fato, pergunta a Marcelo se ele tem novidades a respeito do texto. Marcelo que já ia se desculpando por ligar no domingo, vê a oportunidade de se envolver cada vez mais, dado o interesse de Marinis ser tão rápido. Ele conta que havia acabado o texto sim, mas que sua internet não estava funcionando. Falava cruzando os dedos, para que ele mesmo se perdoasse da mentira. Marinis se oferece de passar lá depois das 8 da noite para pegar e dar mais uma olhada da janela. Marcelo volta ao tema, e pede desculpas por ligar no domingo, que voltaria a ligar na segunda-feira. Marinis o interrompe e diz que não tem problema e que ele está de plantão. Marcelo engasga, e diz que não pode encontrar com Marinis hoje, porque tem um encontro. Marinis se desculpa e diz para que eles se encontrem na segunda-feira então. Marcelo, suspira com um certo alívio, e diz: Claro, por que não tomamos um café aqui em casa amanhã? Eu posso até chegar um pouco mais tarde no jornal. Marinis concorda, e marcam às 9 horas. Marcelo desliga o telefone empolgado, olha para o lado e vê que aquele realmente não era um dia para um delegado visitar sua casa. No computador, na varanda, vinho, livro com pitadas de romance platônico e secreto, misturando ainda mais a trama da história e ainda os artigos que tinha para entregar na segunda-feira, assim ganhava tempo para poder chegar mais tarde no jornal. O fim de semana tinha sido tranquilo, talvez por ser fim de mês, e a grana andar curta pra muitos. Era hora de inventar umas fofocas, cutucar a vida alheia e ser uma boa dona Fifi da hi society belorizontina. Algumas fotos de belas jovens enchem bem o espaço e são ótimas saídas para esses dias sem assunto. E o fácil era que Marcelo recebia as fotos e o release por e-mail, sem nenhum esforço. A noite caía e Marcelo assistia da sua varanda o claro ficar escuro da cidade. As luzes que se acendiam e se apagavam. No celular uma mensagem de um rolo. Marcelo lê, faz uma cara de preguiça ao olhar a bagunça que está sua casa. É um convite para ir ao Belas ver um filme e comer algumas coisa. Ele responde perguntando a que horas. Em pouco tempo chega uma mensagem dizendo que às 21:30. Marcelo olha o relógio e são quase 8. Escreve uma mensagem pedindo quarenta minutos para resolver umas coisas e dar a resposta. E depois disso, nenhuma mensagem mais. Marcelo se levanta e na metade do tempo já arrumou tudo o que era mais importante para deixar sua casa aprensentável ao delegado de polícia. Na outra metade do tempo toma um banho e enquanto coloca a roupa envia uma mensagem: E o convite, ainda tá de pé? Após longos 4 minutos, o celular de Marcelo apita com a seguinte mensagem: 21:30, no Belas. Beijo.
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