domingo, 3 de maio de 2009

Capítulo XXV - Virada

Alguns dias se passaram e Marcelo nem havia se dado conta do passo tempo. Foi trabalho em cima de rotina, festas, fotos, textos, bebida, prazos, ressacas e o tempo que lhe sobrava, somente queria dormir. Quando se deu conta, fazia muito tempo que havia falado com Marinis pela última vez. Ele não tinha dado mais nenhuma notícia. Não tinha ligado e nem desvendado o caso, pois o único hábito que Marcelo conseguia manter mesmo quando o trabalho apertava era ler todo o jornal todos os dias. E no jornal, a seção que mais lhe interessava nem mesmo era a sua, essa ele via só mesmo para se orgulhar e conferir se estava tudo correto. A parte que Marcelo lia primeiro era sempre a de Polícia. Pegou o telefone para ligar para Marinis. Enquanto buscava o nome do delegado, Marcelo se lembrou que tinha um coquetel para ir naquela segunda-feira. Era um vernissage de um talentoso artista da capital, e Marcelo nem precisava muito ir, pois sua equipe poderia cubrir tranquilamente o evento, mas ele, particularmente, gostava do trabalho do jovem artista. Antes de chegar no nome de Marinis, Marcelo desistiu e pensou: Melhor amanhã, pois hoje chego cedo, não bebo muito, e amanhã e depois é folga, finalmente! Pegou o laptop e ligou no som, colocou uma música brasileira suave. Começou a cantar junto. A letra falava de um amor impossível entre pessoas totalmente diferentes, de mundos opostos, mas que insistiam em buscar alguma forma para que se entendessem e ficassem juntos pois se amavam. Marcelo começou a pensar na letra da música e lembrou de Marina. Ficava se recriminando em pensamento por ser uma relação hetero, mas ele sentia um carinho especial por Marina, ela despertava nele confiança, inteligência e algo de libído. Marcelo se explicava o que estava acontecendo para poder se justificar porque estava sentindo aquilo por uma mulher. Já faz algum tempo que não saio com um bofe, deve ser isso! Falou Marcelo abrindo o msn. Entrou e viu Marina, ocupada, como sempre. Logo ficou on line e começou a conversar com ela. Conversaram por mais de hora. Entre eles a conversa fluia, iam de um assunto ao outro com facildiade, discutiam, polemizavam, se entendiam, explicavam-se, e até sonhavam. Marcelo, no meio da conversa pediu licença a Marina que seu telefone estava tocando e era do trabalho. Marina disse que ele tomasse o tempo que precisasse, que ela também tinha que enviar uns e-mails ali. Marcelo estava mentindo. O telefone não tocava nada e ele foi para a varanda fumar um cigarrro. Acendeu o cigarro e sentou olhando para a janela de Pietra. Lembrou um pouco mais das cenas que havia visto. Notou que com o passo do tempo, era cada vez menos claro na sua memória o que tinha visto. Que aos poucos uns detalhes iam se perdendo. Já não lembrava muito bem com que mão havia sido dado o tapa, se com a esquerda ou com a direita. Quando estava quase terminando o cigarro, Marcelo lembrou de porque havia dado um tempo fumando. Era mais que matar seu vício, era para pensar sobre Marina. Marcelo pensou por quase vinte minutos e decidiu que se deixaria levar por isso que estava sentindo por Marina, que se tudo talvez fosse absolutamente e totalmente diferente, poderia funcionar. Lembrou da música e cantarolou um trechinho que falava que eram de mundos diferentes. Voltou ao computador pensando que se arriscaria antes por aqui do que em uma viagem no México, pois estava realmente determinado a ir com Marina à Cuba e México. Tinha muita vontade de conhecer o México por conta de um sonho que tinha tido quando era adolescente. Sonhou que era membro de uma tribo Maia, um membro com um certo perstígio, talvez um sacerdote. Quando abriu o msn outra vez, ele já estava ausente. Marina também estava ausente. Ele a chamou e ela não respondeu. Ele então lhe fez um convite para que ela o acompanhasse no vernissage que ele tinha para ir naquela noite. Sabia que um convite como esse ela não poderia recusar, pois o que mais atraia Marcelo, era como Marina utilizava sua inteligência para consumir cultura. Mas Marina não respondeu. Marcelo esperou por mais um tempo. Nada de Marina. Olhou para o relógio e se aproximava das seis da tarde. Foi até a cozinha e colocou uma água para fazer café. Voltou e não havia nenhuma resposta de Marina. Pensou, se o coquetel começa às oito, melhor eu falar com ela agora. Marcelo escreveu no msn: Marina? Se levantou, abriu a porta e bateu a campainha do apartamento de Marina. Ela demorou para atender, e depois da segunda vez que Marcelo chamou ela abriu a porta. Marcelo olhou para ela e sorriu: Ei, você gostaria de ir a um vernissage comigo hoje? Preciso saber pois preciso pedir para colocar seu nome na porta. Marina, sem fôlego, sorriu e acenou com a cabeça positivamente. Perguntou gaguejando: Que, que, é... que horas que é? Marcelo riu e disse que às oito. Mas quanto tempo você precisa pra se arrumar? Marina disse que não muito. Marcelo disse podemos beber um vinho lá em casa antes de irmos então. Te espero às sete, pode ser? Marina disse: Ahãm!Quero dizer, sim, às sete. Marcelo achou graça e voltou para sua casa. Marina fechou a porta e saiu correndo. Marcelo pode ouví-la correndo antes de fechar sua porta. Desligou a àgua fervendo e passou o café. Saiu do msn e viu que Marina havia lhe respondio: Ei, Marcelo, desculpa, tava no banho. Banho!?, pensou Marcelo. Mas é hoje que vamos dar a virada. Aumentou o som, tomou o café e foi tomar um banho. Saiu do banho e colocou uma garrafa de vinho na geladeira. Vestiu roupa, preparou um cigarro e foi fumar na varanda. Passavam poucos minutos das sete quando a campainha tocou. Marcelo apagou o cigarro, deixou o cinzeiro na varanda e abriu a porta. Era Marina. Estava linda em um vestido que valorizava suas curvas e ainda era super moderno. Tinha um laço na cabeça e uns sapatos que pareciam de personagem de desenho animado. Estava uma típica cult da arte. Marcelo convida ela para entrar e diz que ela está linda. Ele dá um beijo no rosto dela e sente que ela leva um perfume delicado e suave. Ela olha para a porta da varanda e comenta: Você tem varanda aqui, né? Que bom que é esse seu apartamento. Marcelo agradece: Ah, obrigado. Eu gosto muito dessa varanda mesmo. Tem tanta história. Ainda te conto. Ele abre a geladeira e tira um queijo da gaveta. Coloca sobre uma tábua na bancada que divide a sala da cozinha e pega uma faca na gaveta. Corta um pedaço e prova. Hum, está bom! Você aceita? Marina, que estava analisando a sala de Marcelo diz que sim. Ai, eu adoro queijo. Marcelo diz: Então, aproveite, que esse tá uma delícia. Marcelo pega o vinho dentro da geladeira enquanto fala: E para beber, um delicioso vinho chileno. Coloca a garrafa sobre a bancada e busca pelo abridor na pia. Acaba encontrando ele em cima do microondas. Abre a garrada de vinho e serve um pouco na taça para Marina. Ela levanta a taça contra a luz e a balança levemente, coloca o nariz dentro do copo e cheira, depois degusta o vinho. Está muito bom, pode servir. Diz Marina. Marcelo levanta as sobrancelhas e comenta: Vejo que você entende bem. Ela, ficando um pouco envergonhada, responde: É, pois é, minha mãe sempre fez muita questão que fosse bem educada culturalmente. Marcelo serve uma taça para ele e volta a encher o copo de Marina, que havia bebido a anterior muito rápido. Marina estava nervosa por estar ali com Marcelo e mais ainda por ele ter dito que iria colocar o nome dela na porta e não ter perguntado o nome dela. Quando o vinho já estava quase acabando, Marina perguntou a Marcelo: Foi fácil colocar meu nome na porta? E Marcelo, percebendo o jogo dela, respondeu somente que sim. Olhou no relógio e já passava das oito horas. Acho melhor irmos, disse Marcelo. Já tá na hora. Marina deu um grande gole na sua taça de vinho e levantou de uma vez. Deu uma balançada, desequilibrou e Marcelo lhe ajudou, segurando pelos braços. Eles tiveram a boca bem próxima nesse momento. Marcelo a olhou nos olhos e ela olhou de volta. Quando ela tentou fixar o olho em Marcelo, seus olhos viraram e ela desmaiou. Marcelo a deitou no sofá e correu até a cozinha. Encheu um copo de água, pegou o saleiro e uma pedra de gelo na geladeira. Passou a pedra de gelo nos pulso e na nuca de Marina. Ela abriu os olhos e Marcelo lhe disse: Você levantou muito rápido e desmaiou. Sua pressão deve ter caído, toma uma pouco de sal. Marcelo colocou um punhado de sal dentro da boca de Marina e disse: Engole que vai te fazer bem. Marina fez uma careta e disse: Credo, fiquei com a boca toda salgada. Marcelo lhe deu o copo de água. Ela tomou todo o copo e se levantou devagar. Marcelo a acompanhou até a cozinha onde ela tomou mais dois copos de água. Marina estava melhor e foram para o vernissage. Marina desceu no elevador abraçada a Marcelo. Chamaram um táxi e foram. Quando chegaram lá, Marina já estava melhor. Se recompôs e se apresentaram na portaria. O segurança logo identificou Marcelo. Oi, Marcelo tudo bem? Marcelo respondeu que estava tudo ótimo. O segurança olhou na lista e disse, você deve ser Marina, certo? Marina assustada respondeu que sim. Entraram e Marina ainda tentou colocar o assunto a Marcelo sobre ele saber o nome dela, mas lá dentro, Marcelo não parava por um único segundo. Eram fotos, abraços, beijos, conversas, comentários sobre as obras. E somente algumas taças de champagne depois e assuntos esgotados, foi que Marcelo consegiu apreciar as obras, Marina, já tinha visto e feito suas considerações sobre todas elas. Viu Marcelo olhando um quadro que ela havia gostado muito. Chegou até ele por trás e disse: Tão simples e carrega uma mensagem tão bonita. Marcelo respondeu sem virar para trás: Tem toda a razão! Tem toda a razão. Virou-se e viu Marina. Ela levanta a taça e oferecia um brinde. Você gostou? Marcelo disse: Desse mais que todo o resto. Ela comentou: Eu também. Agora me responde uma coisa? Como você sabia meu nome? Marcelo olhou para ela, sorriu e disse: Ora Mari, não temos mais tempo para perder, não é verdade? Ela olhou para ele e sorriu. Ele sorriu para ela também. Seus rostos se aproximaram e se beijaram. Marcelo abriu os olhos, olhou para os lado e interrompeu o beijo. Mari, acho melhor irmo embora. Tô cansado desse lugar, o que você acha de tomarmos uma última champa lá em casa. Marina pensa por um tempo. Olha para o quadro e volta a olhar para Marcelo, que já está conversando com o garçom pedindo uma garrafa de champagne. Marina chegou até o artista e voltou a fazer uma outra proposta para comprar aquele quadro. Durante a noite já havia feito uma proposta mais barata pagando a vista e ele havia recusado. Voltou e pediu apenas 15% de desconto e disse que queria muito aquele quadro. O jovem viu que deveria ser realmente importante para ela e aceitou a oferta de Marina. Ela pegou o cartão dele e disse que entraria em contato no dia seguinte. Quando Marina voltou, Marcelo já estava ao lado da porta com duas champagnes em uma sacola. Pegaram um táxi logo na porta e rapidamente chegaram em casa. No trajeto, nenhuma palavra. Quando entraram no elevador, Marcelo dirigiu-se a Marina e disse: Me desculpe, não sei porque eu fiz aquilo lá. Marina olhou assustada para Marcelo e respondeu: Tudo bem, não se preocupe. O elevador chegou e Marina foi em direção ao seu apartamento. Marcelo lhe interrompeu. Você não quer vir aqui, tomamos essas duas champagnes e conversamos mais um pouco. Marina, confusa, disse que achava melhor que não. Marcelo lembrou do que havia pensado pela tarde e que se jogaria na da Marina. Foi até ela, a segurou pela cabeça e lhe deu um beijo. Eles entraram no apartamento de Marina mesmo. Depois de beberem um das champagnes, já estavam pelados na cama de Marina. Marcelo fez sexo com Marina de maneira carinhosa e ela de forma selvagem, ambos gostaram do que tiveram do parceiro. Após terminarem abriram a outra garrafa e conversaram, esclarecendo a história da internet e Marina assumindo que era sua timidez que a fazia se esconder atrás do computador. Conversaram também sobre a opção sexual de Marcelo e a conversa chegou em um momento que ambos decidiram que deveriam esquecer o passado e se concentrar no presente. Antes mesmo de terminarem a segunda garrafa já estavam transando novamente. Quando terminaram, pelados, dormiram na cama de Marina.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Capítulo XXIV - Entre o ping e o pong

O dia amanhecia tarde na manhã seguinte. Marcelo tinha muito o que fazer, material de fofoca para se inteirar, pois havia dado uma sumida do seu trabalho e da noite de belo horizonte, como ele mesmo sempre chamava, bh night. Levantou, tomou um banho, e foi até a padaria. No elevador, Marcelo encontra com Marina que também descia. Ele não tirou os olhos dela no elevador pois vestia vestido leve e sandálias. Não tinha cara de quem ia trabalhar. Ouvia um rock argentino alto nos fones do celular e não dava a menor atenção a Marcelo. Ele a olhava e pensava: Eu sei que é você. E pensava mais um pouco. Oi, Marina. Ei, Mari, melhor. E quando vai falar o elevador para e a porta abre no terceiro andar. Entram um casal de avós e uma netinha. Eles os espremem no fundo do elevador e Marina encaixa os seios no braço de Marcelo. O avô não tomava muito banho e cheirava mal. Marcelo teve vontade de comentar e olhou para Marina. Ela viu que ele segurava o riso e acenou negativamente com a cabeça. Mexeu o nariz e acenou positivamente com a cabeça e depois sorriu. Marcelo segurou a risada que saia junto a um maldoso comentário que soltaria de fifi que era. Se recompôs e voltou a pensar. Que sorriso lindo. Que olhar encantador. Que perfume gostoso. Que corpinho.. Marcelo?!, se recrimina a si mesmo. Olha para o lado e Marina está olhando para ele. A porta do elevador se abre, Marcelo olha para a porta e a netinha também está olhando para ele. Ele volta se recompor e imagina se deveria ter feito alguma careta ou alguma coisa enquanto pensava em Marina. Quando se dá conta, todos já desceram do elevador e Marina se ofereceu a ajudar os avós a sairem do elevador desgrudando-se de Marcelo. Ela olha para trás e diz: Você não vem? Ele pensa: Oi, meu nome é Marcelo. E o seu? a porta do elevador começa a fechar e ele diz: Oi, eu me chamo Marcelo, e você como se chama. Vai ficando cada vez mais distante as palavras de Marcelo a medida que a porta do elevador terminava de fechar e ele começava a subir. Foi até o oitavo andar. Entra um senhor de terno com cara de advogado. Bom dia, disse Marcelo. Bom dia, quase boa tarde. Respondeu o homem que tirou o celular do bolso e começou a mexer nele. O elevador chegou até o térreo e nem sinal de Marina. Marcelo saiu e foi até a padaria. Padaria que era uma mercearia de tanta variedade de produtos. Desde produtos pra cachorro no caixa, a estante de shampoo. Marcelo comprou o café da manhã e carne para o almoço. Cigarro, e refrigerante. Voltou para casa e no caminho, que era perto, pensou onde estaria indo Marina tão à vontade. Sair para passear no centro não era o mais agradável a se fazer. Barulho e poluição são os ingredientes dessa aventura, pensa Marcelo. Opa, mais história pro livro, comenta em voz alta. Se assusta, dá uma risada e segue até o prédio. Entra no elevador e sobe sozinho até a sua casa. Coloca as compras de uma mão no chão, abre a porta, entra e coloca sobre a bancada a sacola. Volta até a porta e olha para a porta de Marina. Vou tocar lá pra ver se ela está lá, pensa. Pega a sacola, coloca sobre a bancada, volta e toca a campainha. Toca uma, duas, quatro vezes. Acena negativamente com a cabeça e joga as mãos pro alto. O elevador desce. Marcelo olha para o elevador e corre pra dentro de casa. Fecha a porta e cola o olho no buraco da porta. O elevador desce até o térreo. Marcelo se impacienta e olha para as sacolas que colocou sobre a bancada. O elevador está parado no térreo. Marcelo corre até a bancada e pega um pão com queijo e recheio de presunto, seu predileto na padaria. Dá uma mordida e serve um pouco de café na xícara. Volta até a porta e olha outra vez. O elevador está parado, mas parece que é no oito, pensa Marcelo. Dá mais uma mordia no pão. Olha outra vez e o elevador já passa do décimo. Chega no seu andar, a porta se abre, Marina está falando ao celular. Ô, mana, vamos sim. Vai ser muito bom! Traz na mão uma sacola da padaria e entra rápido em casa.

Logo que o elevador fechou e Marina ouviu Marcelo se apresentando, ela entrou em um leve estado de euforia e nervosísmo pois não sabia se estava preparada para se apresentar para ele. Saiu do prédio, correu até a padaria e comprou um saco de quinhentos gramas de pão de queijo. Correu para o outro lado da rua e se escondeu atrás de um carro. Comeu um pouco do pão de queijo e ficou ali escondida olhando para a porta de seu prédio. Viu Marcelo sair e ir até a padaria. Dois adolescentes passaram por ela e começaram a mexer com ela, pois agachada, Marina mostrava muito mais do seu corpo naquele vestidinho. Ela se levantou e se enfezou com os dois rapazes e foi para o outro lado da rua. Entrou no seu prédio e desceu até a garagem. Da garagem, havia uma grade para circular o ar que ela podia ver a rua. Ficou ali, escondida e vigiando o Marcelo. Ai, ai, ai. Tenho que ter coragem, tenho que ter coragem. Repetia para si mesma, Marina. Avistou Marcelo saindo da padaria com duas sacolas, uma em cada mão. Caminhou por quase todo o quarteirão, passou por ela e entrou no prédio. Marina, correu até o elevador. Viu que estava parado no E, onde estava. Marcelo chamou o elevador, ele subiu. Marina subiu de escadas até o térreo. Olhou e viu que era realmente Marcelo quem subia. O elevador parou no décimo segundo. Marina decidiu que ia esperar alguém chegar para ela subir junto. Não demorou muito o mesmo homem de terno que havia descido com Marcelo chega e chama o elevador. Você vai subir? Ele pergunta pra Marina. Vou sim, ela responde, tava só pensando uma coisa aqui, emenda e tira o telefone celular de um bolso no vestido. Coloca os fones e começa a buscar por um contato. O elevador chega e o homem entra. Ela, comendo um pão de queijo, entra no elevador. Alô?! Quem fala? Marina começa a falar no celular. O homem, fingindo-se de planta, dá as costas para ela, olha para a frente e fica somente escutando a conversa dela. Ei, mana. Tudo bem com você, Marina continua. Você nem acredita o que eu tô comendo. Dá uma risada e diz: Isso mesmo! Ai, lembrei de você e decidi te ligar. Uma saudade tão grande. O elevador para no oitavo andar. O homem desce. A porta se fecha e Marina segue. Ju, agora é sério, tô indo naquela viagem pro México que a gente sempre falou. Vamos? Juliana reclama: Será? Ah, não sei. Marina abre a porta e diz: Ô, mana, vamos sim. Vai ser muito bom! Juliana responde que não tem como decidir isso agora, tem uma exposição itinerante em nove cidades européias e que haviam sondado dela criar algo para o tema nove artistas com o nove. Marina entrou rápido em casa escutando a irmã contar do convite e ficou cheia de orgulho dela. Sentou no sofá com o saco de pão de queijo e ouviu Juliana contar do que estava pensando em criar para a exposição. A conversa durou pouco mais que o saco de pão de queijo de Marina, que se despediu insisitindo: Mana, tenho que ir, pensa na viagem do México. Vai ser legal! Juliana disse: Tá, vou pensar. Tchau, beijo, disse Marina. Beijo minha irmã, disse Juliana, se cuida. Desligaram e Marina ficou emocionada, chorando um pouco. A campainha de sua casa tocou. Ela abriu e era Marcelo. Ele viu que ela chorava e ficou calado por alguns segundos e disse: É, acho que não cheguei numa boa hora. Aconteceu alguma coisa? Posso te ajudar? Marina responde que não, Tá tudo bem. É que tava falando com minha irmã no celular. Mas o que posso te ajudar? Já sei, outra xícara de açucar? Marcelo responde que não e gaguejando diz: É, sabe o que é, é que, tava pensando, a gente é vizinho, né? E quem sabe se a gente almoçasse junto, é, um dia desses aí. Marina ri e diz: Hum, eu adoraria. Mas hoje eu não posso. Tenho uns compromisso inadiáveis. Marcelo entende e diz: Claro, um dia desses, como disse. E volta para o seu apartamento. Marina fecha a porta e dá uma risada.

Marcelo termina de comer o pão e a xícara de café pensando: Vou lá e vou me apresentar e acabar logo com isso. Que coisa estranha, conversa um mundo de coisas comigo na internet, quer ir pro México comigo e não fala nada comigo no elevador. Eu sei que é ela. E até que se for ela eu encaro, hein? Mas vou tirar essa história a limpo, e vai ser agora. Abre a porta de casa e vai até a porta da casa de Marina. Toca a campainha e ela abre a porta com lágrimas nos olhos. Marcelo ia puxando um 'Ei' cheio de simpatia quando viu o choro na cara de Marina e ficou sem palavras. Pensou, Ops, acho melhor não provocá-la. E disse: É, acho que não cheguei numa boa hora. Aconteceu alguma coisa? Posso te ajudar? Marina explicou que era por causa de sua irmã e perguntou o que ele tinha ido fazer ali. Marcelo pensando em um resposta rápida, já que havia sido desarmado pelas lágrimas de Marina acaba convidando ela pra almoçar. Marina aceita o pedido, mas não para aquele dia. Marcelo volta até a sua casa. Fecha a porta e pensa: Ela atua muito bem. Mas eu sei que é ela. E se ela quer ir pela internet, vamos pela internet. Vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Capítulo XXIII - oh happy day

Marcelo levantou na hora do almoço. O trabalho era muito pra compensar o dia anterior e exigia horas de computador, textos, internet, fotos, telefonemas, e a manhã de Marcelo terminava às 14:30. Quando ele não tinha mais o que fazer em casa e teria que ir até o jornal para realizar ali decidiu que antes ia comer e rapidamente fez um macarrão ao álho e óleo e almoçou. Tomou um gole de suco de caixinha, fez um cara meio ruim, misturou com um pouco de água e terminou o copo. Colocou o copo sobre a mesa e acendeu um cigarro. Tragou e nada pensou. Esqueceu do trabalho, que lhe apressava pois não poderia demorar tanto para chegar ao jornal, mas fumou calmamente seu cigarro. Levantou e foi fumar na varanda. Quando chegou na varanda, olhou para a janela de Marisa Prieta. Estava com uma cortina baixa. Olhou para a rua e terminou seu cigarro enquanto pensava em como poderia ajudar a Marinis a desvendar o caso. É tão difícil, pensa Marcelo, não tinha impressão digital, ninguém viu entrar nem sair, só quem viu fui eu! Se espanta e levanta a cabeça arremessando o que sobrava do cigarro. Vê a janela do quarto de Marisa Prieta com uma média luz. Fica intrigado e observando. A luz oscila e percebe a presença de alguém. A luz se acende, um homem abre a cortina. Marinis, de pé, tem alguns papéis nas mãos. Em um cadeira, ao canto, um outro oficial está mexendo no computador. O que abriu a janela começa a procurar por evidências na casa com uma lupa. O celular de Marcelo toca. Ele olha a hora e já são quase quatro da tarde. É do jornal! Ele fala. Não se deu conta que ficou na varanda vendo a visita de Marinis no dia seguinte à conversa que tiveram ao apartamento da vítima. Deixou o telefone tocar até desligar. Saiu correndo de casa e deixou o celular para trás. Entrou no elevador. Desceu e parou em alguns andares e Marcelo se impacientou. Olhava no relógio e batia o pé no chão. Quando chegou, saiu apressado em direção ao Butekim onde sempre haviam taxis. Pegou o primeiro da fila e disse pro motorista: Pro Jornal de Minas Gerais, e pisa quente que eu tinha uma reunião às três e meia! O motorista olhou para Marcelo e achou graça do jeito que ele falou e retrucou: Pode ficar tranquila, que chegamos antes mesmo que você pense que chegamos, me entende? E Marcelo pergunta: Tran... quê? Ah, sei lá! Anda logo, chega rápido. Ele acelera e realmente chegam muito rápido no jornal. O trânsito colabarou e era bem perto. Marcelo pagou e saiu sem se despedir do motorista. No jornal, muitas reuniões e pautas para os próximos dias. Vários eventos e festas das quais a presença de Marcelo era de função até mesmo lobbystica para ele e para o jornal. Então foram reuniões com chefes e com sua equipe de trabalho. Horas e horas, atualizando-se sobre os quens e os ques do que tinha rolado. Fazia um breve estudo para saber sobre como ia a vida de algumas pessoas que lhe dariam entrevistas e matérias, e se atualizava em nomes pela lista de convidados que recebia antes de uma fonte que ele não entregava de forma alguma. E essa lista completa ele guardava em casa. Só levava ao jornal alguns nomes que tinha para debater sobre eles. Cafés e cigarros. Cigarros e cafés. As horas passaram e Marcelo chegou em casa pouco mais de 9 da noite. Pegou o telefone e viu que haviam algumas chamadas não atendidas. Várias do jornal. Olhou a hora e ligou para o Marinis. Oi, Marinis. É o Marcelo, tudo bem? Marinis respondeu que sim. Marcelo perguntou se ele tinha descoberto mais alguma coisa e Marinis disse que não. Marcelo ficou incomodado com aquilo pois havia visto Marinis ler alguns papéis e separar alguns. Foi incisivo e disse: Mas nem hoje à tarde, na casa de Marisa Prieta? Marinis retrucou: Mas o jornalista tá fazendo o dever de casa dele, hein? Ô Marcelo, você não me vai publica nada dessa história não hein? O bicho pega pro seu lado. Marcelo responde: Que isso, Doutor, sabe que eu tô do seu lado, da polícia. E vi porque moro aqui em frente, só por isso. Marinis concorda com ele e insiste que realmente não havia achado nada de novo. Mas que seguia trabalhando no caso, apesar de quererem arquivar por falta de prova. Mas ele ainda acreditava. Marcelo ficou assustado. Após alguns segundo de silêncio Marinis disse: Marcelo, fica tranquilo, qualquer novidade eu te ligo. Tchau, boa noite! E Marcelo respondeu quase que automaticamente, Boa noite. E Marinis desligou. Marcelo pegou co computador e sentou na varanda. Abriu seu livro e olhou para a janela. Não conseguiu escrever nem duas linhas. Parou, acendeu um cigarro, destampou um vinho e ficou ali por quase duas horas. E o texto de Marcelo não ia muito pra frente pois ele não conseguia pensar em nada que Marinis pudesse ter encontrado naqueles papéis, até que pensou que poderia haver alguma coisa com nome ou algo assim e pensou em um nome de mulher. Marina. E escreveu. Parou, pensou em voz alta: Marina? Abriu o msn. Marina estava conectada. Ele em modo off line ficou pensando essa Marina é minha vizinha, só pode ser! Não posso colocar o nome dela. Apaga o texto e começa a pensar. Caramba, e agora, um nome: Juliana? Fernanda? Roberta, Luiza, Cecília? Ana, Olívia. E repetiu Olívia, tá aí! E escreveu. Voltou ao msn e Marina ainda lá, away, como sempre. Ele entrou ocupado. Com o pretexto do trabalho pois seu texto ainda estava curto, queria ficar pouco tempo no msn. Entrou e ficou ocupado. Uma das estagiárias estava conectada e passou um monte de informação para Marcelo, que ficou quase meia hora trabalhando na internet. Marina disse:
Ei, Marcelo!
Tudo bem?
Marcelo interrompeu o que fazia e foi conversar com Marina. Conversaram um bom tempo e muito sobre a viagem à América Latina, estavam bastante entusiasmados pois Marcelo, se embriagando sozinho, foi dando corda pro que Marina dizia e acabaram criando a possibilidade de Marcelo ir. Para Marina, conhecer Marcelo e Bia pessoalmente e oficialmente era algo incomum nas suas duas vidas, a real e a virtual. Mas Marina estava muito disposta a arriscar com Marcelo, mesmo sabendo que ele era homossexual. O que importava a ela era somente que o amava e nada mais. Decidiu que valia a pena insistir com Marcelo em irem juntos nessa viagem e conseguiu. Agora, era hora de fazer acontecer, pensava Marina. E Marcelo se despediu depois de perguntar a data de embarque e o preço da passagem. Marina disse que a idéia era ir final de setembro e enviou um link com algumas passagens e preços de hospedagem. Marcelo disse que final de setembro era ótimo que ele tinha férias pra tirar por essa época. Marina se empolgou e ficou cheia de esperanças do outro lado. Marcelo viu o msn piscar com mais trabalho chegando, leu, salvou e olhou a hora. Já era madrugada alta. Se despediu da estagiária, de Marina e saiu do msn. Voltou para o seu texto e não conseguia escrever nada. Salvou o arquivo inacabado. Pegou a garrafa de vinho, fechou o computador e levantou. Foi até a geladeira e achou alguns queijos e azeitonas. Misturou com azeite e ervas e serviu em uma tábua. Aproveitou e tomou três copos de água. Comeu um pouco e depois serviu mais um pouco de vinho. Ligou o som e só tinha rádio funcionando. Ouviu um pouco de tudo, entre Even Flow, a última do Jota Quest, um groove eletrônico, música romântica, samba, A-ha, Shakira e colocou no modo auxiliar. Foi até a varanda e pegou o laptop, conectou no som e ligou uma música eletrônica bem suave. Diminuiu a luz, encheu a taça de vinho até pouco mais da metade, colocou a tábua com o queijo na mesinha e sentou no tapete. Esticou as pernas, acendeu um cigarro e terminou a noite ali, adormecido no tapete da sala.

domingo, 15 de março de 2009

Capítulo XXII - Niñas

Marina entra em casa. Fecha a porta, solta a bolsa, tira a sandália e depois a calça. Estica o corpo pra cima, ergue os braços. Abaixa lentamente até que pega a bolsa e a calça. Levanta e joga a bolsa e a calça no sofá. Vai até a cozinha, abre a geladeira e pega um iogurte de coco e um mamão. Descasca e pica o mamão, e os joga em uma vasilha, despeja o iogurte sobre ele. Pela parede da cozinha, Marina escuta Marcelo ligando uma música, aumentando o volume e lavando alguma louça na cozinha. Marina cola o rosto na parede e abraça como se abrasasse a Marcelo. Dá uma risada, pega o pote de mamão com iogurte e coloca sobre a mesa. Vai até o banheiro, faz xixi e tira a calcinha, a blusa e o sutiã e coloca um camisão. Passa pelo seu quarto, pega o lap top e volta a cozinha. Coloca o lap top sobre a mesa e o liga. Vai até o armário ao lado da pia e pega o mel. Cola o ouvido e escuta Marcelo cantarolando uma música e o barulho da água correndo ainda mais alto. Dá mais uma risada e volta à mesa. Despeja o mel no pote e mistura o mamão com o iogurte de coco e o mel. Prova e coloca mais um fio de mel. Dá outra misturada e prova. Olha para o computador e ele já está iniciado, conectado na internet wireless e com o msn conectado em estado de off line. Marina tapa o pote de mel e o deixa sobre a mesa. Senta e começa a olhar os perfis das pessoas que estão on line na internet. Beatriz estava lá e Marina, ainda off line, foi logo puxando assunto. Oi Bia! Tudo bem? E dá uma colherada. Bia responde rápido. Ei Mari, tudo. e vc? Marina começa a escrever enquanto termina de mastigar e diz: Ó-T-E-M-O! Bia ri e pergunta Por que? Marina explica que as coisas estavam indo bem, que estava com bons pressentimentos que as coisas entre ela e o Marcelo iam dar certo. Bia pergunta, Marcelo é o vizinho, né? Marina responde que sim. Bia ri e pergunta: Mas nem uns beijinhos? Marina responde que não, que ele nem sabe que ela é ela, ainda. As duas se põem a rir e acabam mudando de assunto, a pedido de Marina. Falavam de uma viagem que pensavam em fazer juntas ao México e à Cuba. Outras pessoas foram ficando on line e as conversas de Marina alternavam entre seus amigos e algumas vezes ela demorava pra responder um e outro. Quando se deu conta, já havia comido todo o pote mamão com iogurte, estava falando com 7 pessoas e ainda estava off line, e Marcelo já havia acabado de lavar a louça, pois não havia mais barulho de água e ela pode ouvi-lo cantar mal e alto. Ri e comenta para si mesma: Tadinho, mas canta mal! Olha para o msn e a janela de Bia está piscando com uns orçamentos e links de companhias de turismo e áereas e de hóteis. Marina se interessa por aquilo e começa a abrir todos aqueles links que Bia havia lhe enviado. Começa a navegar pela internet e em alguns minutos tem orçamentos ainda mais baixos que os primeiros que Bia tinha apresentado. Marina estava começando a enviar o resultado da sua pesquisa pra Bia quando no seu msn apareceu Marcelo Ausente. Ela parou de enviar e comentou com a amiga que ele havia entrado e que estava querendo armar uma pra cima dele. A amiga apoiou a idéia e ficaram tramando pelo msn o que iam fazer. Depois de algum tempo, Marina ficou on line, esperou alguns minutos e escreveu para Marcelo: Ei, Marcelo, quanto tempo! Tudo bem? Ele demorou um pouco pra responder. Marina comentou com Bia que ele não respondia. Após algum tempo ele respondeu. Oi, Mari. Comigo as coisas vão bem. Trabalhando muito! Sabe? Ela entende que às vezes se trabalha muito mesmo. Em pouco tempo já estão conversando diversos assuntos, determinado momento ele se abre a ela e comenta que escreve e que estava escrevendo uma história atualmente. Marina pergunta do que se trata e ele diz que ainda não está terminada. Que em breve ela saberá do que se trata. Ela ri e diz: Hahaha. Agora fiquei de mal! Ele diz qual é? Ela nem responde. Ele escreve tava brincando, vai... Marina se levanta da cadeira, abre a porta aperta a campainha de Marcelo e volta correndo ao seu apartamento. E escreve no msn tá bom Marcelo, quando você quiser, você me conta. Mas agora fiquei curiosa, hein? Dá um tempo e escreve: Marcelo? Você está aí? Marina escuta Marcelo caminhando pelo hall do prédio. Bate a porta e volta ao msn. Ali está piscando a janela de Marina. Ele volta a conversar com ela. Muda seu status para ocupado. Volta a conversar com Marina como se nada tivesse acontecido. Disse que havia recebido um e-mail do trabalho e que tinha que resolver algumas coisas enquanto conversava com ela. Ela concordou e disse que também fazia muitas coisas ao mesmo tempo na internet e no msn. Voltou a falar com Bia e Marcelo se calou. Voltaram a planejar a viagem. Buscavam ir no outono de lá, pois achavam que a temperatura estava mais amena. Marina diz a Bia o que ela acha de mexer com o Marcelo outra vez. Bia gosta da idéia que Marina lhe escreve. a gente faz assim, ó. eu te apresento ele aqui no msn, a gente começa falar com ele. uma hora eu começo a puxar um assunto com ele, nesse meio tempo, vc puxa outro assunto e eu vou lá apertar a campainha dele outra vez. quando ele voltar eu já escrevi um monte de coisa pra ele também Bia ri da idéia de Marina e aceita colaborar com a amiga. Marina puxa assunto com Marcelo a respeito da viagem que vai realizar e fala que irá com uma amiga. Marcelo gosta do roteiro que Marina diz que vão fazer quando Marina lhe diz que pode lhe apresentar sua amiga que irá com ela e antes mesmo que Marcelo pudesse negar, Bia estava adicionada à conversa. Marcelo? Escreve Bia. Eu sou a Bia, tudo bem? Marina responde, Ei Bia. Bia escreve, Ei Mari. Oi Marcelo, tudo bem? Marcelo responde, Oi Bia, prazer em te conhecer. Legal essa viagem que vocês vão fazer, hein? E logo estão rendendo assuntos sobre onde visitar, política, civilizações instintas, cultura, astrologia, história. Marina, em uma outra janela comenta com Bia, é agora! olha só... Marina escreve na janela em que conversam os três, olha só Marcelo, a navegação estava pros europeus na mesma proporção do conhecimento das estrelas pelos maias, você não acha? E Marcelo, causando polêmica diz, não tenho certeza disso! Marina começa a escrever, após alguns segundos aparece, veja esse exemplo, e volta a escrever, Bia começa a escrever e diz, ah, eu quero mesmo é saber como é Cuba, pobre, solcialista, com boa escolas e tratamentos de saúde. Marcelo diz, mas Cuba é mas que isso! Para um segundo e vê que Marina ainda está escrevendo seu exemplo e continua. Veja bem, Bia, Cuba vive em um ditadura. E a campainha soa na casa de Marcelo. Bia começa a escrever uma mensagem e Marina continua escrevendo. Ele se levanta e vai até a porta. Marina, do outro lado, detrás de sua porta, vê pelo olho mágico da porta Marcelo se aproximar, colar o olho do outro lado do olho mágico, abaixar e olhar debaixo da porta. Marcelo se levanta e toca a campainha. Marina permanece imóvel. Ele espera alguns segundo e toca outra vez. Ela permanece imóvel. Ele volta até sua casa e antes mesmo de bater a porta, Marina corre até o computador que está no sofá e envia a mensagem que já tinha escrito à Marcelo. Bia envia uma logo em seguida continuando o tema de cuba, ditadura e socialista. Marcelo volta ao msn e vê que Marina havia escrito um largo exemplo sobre civilizações indígenas e sociedades européias, e Bia estava mostrando-se uma defensora da causa socialista como justificativa para ditadura. Marcelo com um início de dor cabeça por conta do vinho e das horas de internet vê que aquela conversa estava rendendo muito. Se despede das duas e diz que está com dor de cabeça. Diz que achou bem legal a história da viagem e que voltaria a falar mais do assunto depois. Marina e Bia, que estavam rindo da cena que Marina acabara de descrever na outra janela se assustaram, mais Marina que Bia, a reação de Marcelo. Se despediram dele, que no instante seguinte saiu do msn. Marina foi até a cozinha, colou o ouvido na parede escutou Marcelo chegando à cozinha e barulho de panelas e talheres. Marina voltou a conversar com Bia. Marina contou a Bia como ficou impressionada com a reação de Marcelo. Se despediu e disse que ia dormir. Já era tarde e em um belo dia de semana. O dia seguinte exigia acordar cedo e trabalho. Marina desligou o computador, ligou a televisão e adormeceu nos primeiros 5 minutos do filme. Foi acordada pouco depois pela campainha. Com a cara meio amassada, levantou e perguntou: Quem é? Dou outro lado Marcelo respondeu: Marcelo, sou seu vizinho aqui da frente. Tô fazendo um molho vermelho pra comer com uma massa e tô sem açucar. Queria saber se você tem? Marina foi até o espelho e deu uma arrumada na roupa, no cabelo e no rosto. Chegou o olho no olho mágico da porta e viu Marcelo com uma xícara na mão. Marcelo, ficando impaciente com o silêncio do outro lado disse: Olha, eu não sou ladrão. Pode olhar pelo buraco da porta que a porta da minha casa tá aberta. Marina abre a porta e diz: Ei, tudo bem? Desculpa, eu tava dormindo. Marcelo se desculpa: Desculpa te acordar. Ela diz: Não tem problema, coloquei um filme pra ver e acabei dormindo. Bom que não durmo no sofá. Açucar, né? Marcelo estendeu a xícara e olhou ela ir até a cozinha pegar o açucar. Não demorou muito e trouxe o açucar a Marcelo. Quando voltou, Marcelo comentou: Esse filme é muito bom, você já viu o original em espanhol, Abre los ojos? Marina olha e vê o filme passando, seu lap top fechado sobre o sofá e sentiu-se vigiada por Marcelo. Entregou a xícara e comentou com um pouco de rispidez: Não, nem esse e nem sabia que tinha outro. Marcelo percebe o tom de mau humor dela e agradece: Obrigado pelo açúcar e mais uma vez desculpa por te acordar. Ela acena com a cabeça e dá um bocejo. Bate a porta e pensa: Caceta! Esqueci o computador em cima do sofá. Será que ele sacou? Vai até a cozinha e coloca uma água para esquentar para fazer café. Volta até a sala e reincia o filme no dvd.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Capítulo XXI - Varanda

Após um ritual quase metódico de Marinis de café após as refeições. Ele volta a perguntar a Marcelo pelo texto. Marcelo, meio embriagado pelo vinho enche alguns pratos de água na cozinha e olha para o sofá. Marcelo!? Pergunta Marinis. E Marcelo responde. Tá no computador, já pego pra você. Marcelo, trombando ao sair pela porta da cozinha vai em direção ao seu quarto. Volta após alguns segundos com o laptop debaixo do braço. Marinis está na varanda, sentado olhando para o apartamento da vítima. Marcelo chega na sala, liga o computador e olha mais uma vez para o sofá. Marinis percebe a chegada de Marcelo, mas continua na varanda. Marcelo abre o documento no computador. Vai até a varanda e leva o computador até Marinis, que agradece. Muito obrigado, Marcelo. E emenda. Bonita vista você tem daqui. E Marcelo responde: É, mas é tão barulhento! E deixa o corpo cair no sofá. Após alguns minutos, Marcelo está prestes realizar o velho hábito de cochilar depois do almoço. Seus olhos estão quase fechando, mas insistem em fazer girar o teto. Aos poucos Marcelo vai se desconectando do que escuta e do que vê. Vinte minutos mais tarde Marcelo escuta: Marcelo!? E ele se desperta. Era Marinis e insistiu: Marcelo!? E ele respondeu, com a voz meio rouca: Oi! E Marinis, percebendo que Marcelo havia apagado no sofá, se desculpa: Você adormeceu?! Me desculpa! Marcelo pergunta: Quanto tempo eu durmi? E Marinis diz que pouco mais de 20. Marcelo levanta de um só golpe e diz: Já tá bom! Vai até a cozinha, pega uma garrafa de água, abre e dá uma golada. Volta até a sala, empurra o sofá e deita nele. Marinis termina de abrir a porta da varanda e diz: Marcelo, o arquivo que você me passou era o antigo. Marcelo, pergunta: Sério? E Marinis responde que sim. Mas não se preocupe, eu encontrei o outro e já o li também. Acho que temos muito o que conversar. E Marcelo, quase sem fôlego pelo susto, toma um gole de água e fala: Que bom, doutor! Marinis faz uma careta e continua: Eu estive pensando, você descreveu bem a cena que viu aqui, ou pelo menos algumas partes delas. Você falou que ela deu um tapa nele? Não foi? Marcelo diz: Foi, ué? Eu lembro algumas partes pois rolou um strip-tease e ela tava dançando e parecia que ele tava sentado numa cadeira, amarrado, sabe? Essas coisas de sexo sádico, sempre tem, né? Marinis percebendo que as coisas estava começando a fazer algum sentido volta a perguntar a Marcelo. Você se lembra de como ele ou ela eram? Marcelo percebendo que estava dando todas as suas informações e logo seria carta fora do baralho para o detetive retruca à Marinis. Olha só, Marinis. Eu te conto tudo, mas eu quero que você me conte um pouco também. Eu sempre gostei de histórias de polícia. Eu quase fui repórter policial. Mas adoro escrever histórias de detetives, provoca Marcelo. Marinis dá uma gargalhada. E lembra do texto que lera de Marcelo e que havia gostado bastante do conteúdo e da forma como ele escrevia. Para por alguns segundos enquanto pensa: Marcelo mistura várias coisas do seu cotidiano marginal do centro da cidade nas suas histórias, acho que posso ajudá-lo nisso? E Marcelo impaciente pela demora de Marinis começa a pensar: Se eu abri o texto errado, ele mexeu no meu computador? Olha intrigado para Marinis: E ele ainda assume isso! Marinis interrompe seu pensamento, Marcelo, te contarei mais dados assim que os concluir com o que confirmar com você hoje. Seus textos me foram de grande valía. Marcelo, satisfeito lhe pergunta: Qual foi mesmo a sua pergunta, então? Marinis lhe pergunta sobre como eram as pessoas que ele havia visto. Marcelo diz: Ah, claro! Então, eu só lembro da mulher, da vítima, né? A...Marisa Prieta, não é isso? Marinis acena com a cabeça. E ele diz: Então, alta, de cabelo ruivo, com um corpo bem bonito. Ela era puta, não era doutor? E Marinis lhe responde com outra pergunta: Quem? Marisa Prieta? E Marcelo responde que sim. Marinis continua: Era sim, mas sabe de uma coisa, ela não era muito bonita, pelo menos não como ela ficou depois que a conheci. Marcelo faz uma cara de pavor. E tem mais. Marinis continua. Ela tinha um metro e sessenta e um. E tinha o cabelo preto e crespo. E ela tinha marcas de algemas nos tornozelos e nos pulsos. E a marca de um forte tapa na cara. O que me leva a crer, que a mulher que você viu dar um tapa, não era Marisa Prieta, e sim, a assassina! E Marinis se assusta consigo mesmo ao concluir isso em voz alta. Marcelo com cara de espanto diz: Doutor, o senhor é um gênio. Fala mais. E Marinis o interrompe e diz: Agora não, Marcelo. Tem mais coisas que quero saber. Marinis tentando dissuadi-lo completa. Viu como funcionou da primeira vez? Marcelo parou por um segundo e respondeu que sim. Vamos lá, doutor. O que mais o senhor quer saber? Quero saber sobre esse homem vestido de negro que você viu caminhar na rua? Marcelo hesita alguns segundo e diz: Então, Marinis. Eu vi inclusive esse cara pulando o muro. Eu me lembro, porque ele era grande e só vi os olhão verde dele olhando pra mim. Saí apavorado pro Butekim, comprei um cigarro e esqueci o troco. Quando tava voltando, quase tive um troço. O porteiro do prédio que tava tomando um café no bar voltou e me devolveu. Achei até estranho tanta honestidade. Mas isso é algo que eu lembro bem também. Marinis comenta: Ou ela tem um parceiro, ou trabalha sozinha. Mas uma coisa é certa, é ela. Marcelo pergunta: Ela? O assassino é uma assassina? Ou uma dupla de assassinos? Um casal de amantes assassinos? Acho que já vi um filme assim. Marinis dá uma risada de Marcelo e diz: Marcelo, menos, por favor! Olha só, isso é ultra confidencial. Ninguém pode saber ainda que estamos atrás de uma assassina. Marcelo responde sorrindo. Ô Marinis, e eu lá fico contando coisa pros outros? Ainda mais assuntos dessas gravidade! Claro, responde Marinis. Mas me conte, Marcelo, o que mais você lembra dessa pessoa que você viu saltando o muro, você disse que ela era grande? Ah, devia ter quase um metro e oitenta, porque o muro dali é baixinho porque tem porteiro. Acho que faltava tipo meio metro para ele ficar do tamanho do muro. Sei, porque um dia, tava passando por ali, estiquei meu braço pra cima e medi. As pontas dos meus dedos alcançam a ponta do muro. Cheguei aqui em casa e medi. Dois metros e trinta o tamanho do muro. E a mulher que você viu fazendo o strip tease, que mais dela? Segue perguntando Marinis. Doutor, ela também não era pequena. Tá vendo a janela ali, aponta Marcelo. Eu não consegui ver o tampo da cabeça dela quando ela levantava e quando ela sentava no colo da Marisa Prieta, que estranho isso, Marcelo interrompendo a si mesmo, dá uma risada curta e continua. Então, ela tinha o cabelo ruivo, o corpo era bonito, bunda e seios um pouco grandes, magra. Vestia uma roupa com estilo. O cabelo ia até aqui mais ou menos. E Marcelo mostra até que altura das suas costas ia o cabelo da mulher. Marinis o interrompe e pergunta, você se lembra que horas você foi no Butekim? Marcelo diz: Hora eu não sei, doutor, mas foi antes da briga que teve lá naquele dia, isso foi. Que dia movimentado aquele, hein, Marinis? É verdade, Marcelo. Sabe de uma coisa, tô achando que a pessoa que você viu entrando é a mesma que outro informante meu viu saindo. Marcelo, ao ouvir a palavra informante, ficou ofendido de ser colocado apenas como um informante. Quer fazer dupla com o Marinis e desvendar o caso. Marinis, não quero ser só um informante. Quero desvendar esse caso com você? Coloca Marcelo. Mas, Marcelo, o que estamos fazendo aqui essa tarde é desvendar esse caso. Agora, pegar a assassina é outra história. Posso copiar o texto no meu pen drive? Marcelo responde que sim e Marinis fecha o lap top e diz: Que bom, já copiei! E percebendo o quanto havia sido invasivo emenda: Uma ruiva, alta, de olhos verdes, de corpo bonito e forte. É Marcelo, essa varanda te deu história pra contar. Marcelo, parou, pensou, sorriu, colocou um cigarro na boca e acendeu. Deu um trago e ofereceu um a Marinis. Marinis recusou e agradeceu. Levantou-se e despediu-se. Marcelo o acompanhou até a porta. Marinis chamou o elevador e Marcelo ensaiou um tchau quando Marinis disse: Marcelo, lembra hein, sigilo. Marcelo ao escutar aquela palavra pela primeira vez na noite repetiu: Sigilo? E Marinis disse: Ô Marcelo, do que nós conversamos. E Marcelo respirando aliviado diz: Claro, doutor. Desculpa, é a cabeça muito cheia de coisa. Pode ficar tranquilo. E Marinis se coloca bravo e vai em direção a Marcelo: Olha, isso é sério, esses textos seus não podem vazar de forma alguma, ok? Marcelo diz com firmeza: Marinis, fique tranquilo. Tenho minha ética, minha sei lá o quê que me diz o que é certo de fazer. Marinis vê a sinceridade nas palavaras de Marcelo e se acalma, vira-se novamente para o elevador e bate com a cara na porta que está sendo aberta. Do lado de dentro uma voz feminina disse: Ops, desculpe! Marinis diz que não foi nada. E a observa. Tem entre metro e sessenta, metro e setena, tem os cabelos negros e curtos, é bem bonita e se veste bem. Ela, ao ver que o homem a estava analisando, sai do elevador. Marcelo fala: Tchau, Marinis, e antes de bater a porta de casa, vê uma mulher jovem de costas de cabelos negros e curtos sair do elevador. Marinis diz: Tchau! Obrigado pelo almoço. Até mais!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Capítulo XX - Desconexão

Marcelo acordou pela primeira vez em muitos dias sem nenhuma matéria para entregar no jornal. Todo o trabalho havia sido entregue e um tanto ficou para ser distribuído entre as seções dos parados dias que viriam da ressaca da hi society belorizontina. Após um longo café da manhã entre música e computador, Marcelo entra no msn, já mais interessado em conversar com Marina. Lembra de como havia sido interessante sua conversa com ela. Falaram de temas dos mais diversos e mesmo concordando ou discordando de algum ponto, sempre se entediam no final. Marcelo ficou por mais ou menos meia hora conectado na internet e nem sinal de Marina. Impaciente, abriu o texto que reescrevera para Marinis e o leu mais uma vez. Pega o telefone e ligoa para Marinis. O telefone toca até que a secretária eletrônica atende do outro lado. Marcelo pensa em deixar um recado e quando está quase terminando de ouvir a gravação, desliga o telefone e pensa: Deve tá longe do telefone! Coça a cabeça e fala consigo mesmo: Claro que não, né Marcelo! Ele é delegado de polícia, deve tá ocupado. E olha para a varanda. Volta e vê as imagens passarem mais uma vez na sua cabeça. O strip-tease. A dominação. Tudo aquilo lhe soava muito estranho. O assassino estava sendo dominado pela mulher. Não a mataria por levar uma tapa, mataria?, comenta Marcelo em voz alta. E emenda: Ele estava amarrado. Marcelo conseguia ver passar um filme na sua frente quando olhava pela varanda de seu apartamento, tantas haviam sido as vezes em que passara ali exercitando sua memória e lembrando o que ocorrera. O filme que ele via era na verdade pequenas micro histórias que ele construía e as inventava. Despejava um pouco de sua ficção no texto de Marinis sem nem mesmo perceber quando a campainha tocou. Levantou deixando o texto aberto e foi até a porta. Olhou pelo olho mágico e não viu ninguém. Abriu a porta e viu um envelope no chão. Abriu e dentro havia uma convocação do condomínio para uma reunião extraordinária onde decidiriam algumas reformas e reestruturações no edifício. Marcelo olhou no tapete do apartamento da frente e viu um envelope igual o seu. Fechou a porta antes mesmo de se fixar na data. Colocou o papel sobre a mesa e voltou-se para o computador. No texto que estava escrevendo para Marinis, mencionara que vira um homem grande e vestido de negro caminhar pela rua naquela noite e que não se lembrava muito bem da hora.
Mas esse mesmo homem também era o assassino da história que Marcelo escrevia, e disso Marinis já sabia, pois havia lido no texto de Marcelo. E foi justo sobre isso que anotava Marinis, após uma intensta manhã de reuniões. Marinis cruzava aquele homem e outras tantas coisas que encontrara coincidentes no caso, no texto que Marcelo lhe escrevera e na história policial que Marcelo escrevia. Mas também usava a história de Marcelo para filtrar os excessos do outro texto. Mas o homem de negro era algo que ele já buscava. Mas tinha algo que ainda não lhe caía bem. Pensa, Essa história do tapa e amarrado tá me tirando o sono. Nos dois texto do Marcelo tem um fato com uma pessoa amarrada e um tapa na cara. E esse Marcelo que há dias não dá notícias. O telefone do escritório toca e é Adriando chamando a Marinis para irem almoçar. Marinis recusa o convite alegando trabalho por fazer, e realmente necessitava de um tempo para pensar, para colocar algumas idéias no lugar e tirar outras de onde estavam. Não tinha nada para escrever, nem ninguém para conversar. Só queria silêncio e solidão. E foi ficando cada vez mais silencioso à medida que a delegacia se esvaziava em função da hora do almoço. E quando já estava quase toda vazia, Marinis pode ouvir seu celular vibrar no fundo da gaveta. Abre a gaveta e pega o celular debaixo de alguns papéis. Uma mensagem dizendo que havia uma chamda não atendida apitava em intervalos, mas como o telefone estava no modo silêncioso, só vibrava e Marinis não escutava. Viu que a chamada era de Marcelo e se entusiasmou. No mesmo instante ligou para ele.
Marcelo estava na cozinha da sua casa, preparando seu almoço quando o telefone celular tocou. Viu que tocava e estava com as mãos sujas de cebola . Até que secou as mãos depois de lavá-las o telefone já havia desistido de tocar. Pegou o telefone e viu que era o número de Marinis. Ligou de volta.
Marinis escutou o telefone tocar umas sete vezes. Enquanto ligava pensava que Marcelo deveria estar almoçando. Desligou e foi procurar na sua agenda o telefone da casa de Marcelo. Após localizar, hesitou em chamar. Deve tá almoçando perto do jornal dele, pensou Marinis. Mas antes mesmo de concluir esse raciocínio, o telefone começou a vibrar na sua mão escrito: Marcelo chamando. Marinis atendeu rapidamente. Marcelo explicou à Marinis que havia estado trabalhando muito nos últimos dias e por isso do sumiço dele. Marinis entendeu e se desculpou por estar ligando na hora do almoço. Marcelo disse que não importava, pois não estava almoçando e sim preparando o almoço ainda. Mas a que devo essa ligação na hora do seu almoço, então?, já rebate com o mesmo tema a Marinis, pensando que o delegado poderia querer que Marcelo se envolvesse mais no caso. Marinis comenta que não havia almoçado ainda. Marcelo percebendo a oportunidade convida Marinis a almoçar na sua casa com o pretexto de falarem mais a respeito do caso . Comenta ainda que tinha reescrito o texto que lhe enviara. Marinis, do outro lado do telefone abriu um sorriso. Exatamente o que queria era conversar algumas coisas com Marcelo pois alguns dos fatos similares nos dois textos de Marcelo ainda não estavam claros para ele. Sem fazer de difícil aceita o convite de Marcelo. Marcam para que Marinis chegue em 30 minutos. Com um pouco menos Marinis já está na porta do edifício de Marcelo. No interfone o porteiro anuncia a chegada do delegado. Marcelo deixa a porta semi aberta e volta para a cozinha onde está terminando de dar os últimos retoques no almoço. Marinis bate a campainha e empurra a porta. Marcelo grita da cozinha: Entra! E escuta a porta batendo se fechando. Volta até a sala e diz: Caramba, o vento bateu a port... e antes de terminar a frase tromba com Marinis que já estava quase na cozinha quando Marcelo saía dela. Marcelo tinha uma taça de vinho na mão derrama mais da metade em Marinis. Marinis olha para sua camisa e diz a Marcelo em tom irônico: Boa tarde! Almoço e vinho em plena terça-feira? Que beleza! Marcelo, sem graça pelo incidente se desculpa e oferece uma camisa ao delegado. Marinis aceita e vai até o banheiro se trocar. A camisa de Marcelo fica um pouco apertada em Marinis que é forçado a deixar alguns botões abertos. Volta até a sala e comida está servida. Marcelo serve uma nova taça de vinho para si e oferece a Marinis que recusa e se senta à mesa. Ao ver que Marcelo começara a comer muito calado, Marinis percebe o constrangimento em que ele estava. Para não retornar ao tema do vinho e da camisa, pergunta logo a respeito do texto que Marcelo reescrevera. Marcelo levanta a cabeça e os olhos de dentro do prato e olha para Marinis. Sorri e depois dá uma olhada na sua camisa apertada no delegado com metade do peito aberto. Gosta do que vê e diz: Primeiro comemos, senão a comida esfria. Depois, de barriga cheia, trabalhamos. Marinis olhou para comida, que cheirava muito bem e concordou. Enquanto Marinis se servia, Marcelo reparava no delegado, que pela primeira vez não usava terno. Marinis, ao perceber, interrompeu a Marcelo pedindo que lhe passasse a pimenta. Marcelo passou, percebeu que, ainda que estivesse achando Marinis sexy naquele momento, estava misturando relações que não poderia e se recompondo disse: Bom apetite, doutor!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Capítulo XIX - Ela

Nascida em Sete Lagoas, Marina viveu com seu pai biológico até pouco mais de um ano, quando ele brigou com sua mãe e a expulsou de casa com ela e uma irmã 5 anos mais velha. Viveram com a avó durante algum tempo até que sua mãe se casou de novo com um viajeiro gaúcho visionário. Fazia vários tipos de negócios por onde passava. A maioria dos negócios eram muito bem sucedido e foi crescer mesmo quando ele chegou em Belo Horizonte onde chegou a ser investidor em construtoras de imóveis. Quando um negócio ou outro ia mal, ele viajava até o local e resolvia, consertava ou vendia e tinha pouco prejuízo. Ao final acumulou muito dinheiro e Marina pré-adolesceu e cresceu amparada pelo Gutierrez como filha, pois ele assim a tratava, a ela e a sua irmã. De presente de 18 anos, comprou o apartamento onde ela vive até hoje mas só o deu quando ela completou 21. Mas antes disso, na pré-adolescência, Marina cresceu estudando por alguns países da América Latina, acompanhando sua família, pois seu pai prosperava nos negócios. Conheceu algumas cidades de 4 países, Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia e depois de uma rápida temporada no norte do Brasil, seu pai resolveu recuar um pouco e retornou a Belo Horizonte, cidade que escolhera para viver, uma vez que suas negociações haviam sido bem sucedidas no tempo suficiente para fazer com que ele acumulasse muito patrimônio e capital. E foi na sua viagem para Argentina que conheceu a Ramón, seu amigo argentino, um homem de quase 60 anos dono de uma livraria cyber café em Florianópolis. Fizeram-se amigos quando ela viveu em Buenos Aires e ele também era dono de uma livraria e um grande inconformado com a política. Ela era sua vizinha, morava em uma casa ao lado da livraria e foram suas primeiras experiências, para ambos, sobre internet e as possibilidades que ela ofereciam, quando Marina sugeriu Ramón que coloca-se um computador e internet na livraria dele. Ramón que sempre foi de experimentar, gostou da idéia da menina e colocou. Os dois juntos descobriram as possibilidades da internet e Marina logo tratou de pedir ao seu pai um laptop para ela mesma. Como Marina já era muito estudiosa e disciplinada desde muito cedo, o computador e depois a internet passaram a ser fonte de estudo e depois de tempo gasto com diversão também. Marina se aplicava muito nos estudos para compensar as mudanças de escolas a cada 2 anos. Mudança de escola, de país, de tudo. Mas ainda assim, sua mãe estudava com ela e sua irmã. E sempre foram muito inteligentes. Mas quando Marina fez 18 anos, tinha acabado de passar na faculdade de arquitetura e compraram uma casa nova para a família e um labrador para ela. Estudava arquitetura e desde os primeiros períodos, fazia estágios em projetos que eram interessantes mesmo sem remuneração pois seu pai lhe prometeu que daria a ela tudo o que ela quisesse enquanto ela estudasse e em troca ela realmente estudava. Tinha uma mesada gorda do papai que lhe bancava carro e cartão de crédito com limite mais o seu apartamento que chegou aos 21 anos todo mobiliado. Mas aos 23, voltando de uma viagem de uma casa de campo nas montanhas, morrem em um acidente de carro seu pai e sua mãe. Em um fim de tarde chuvoso, havia um buraco e foi fatal. Marina e sua irmã assumiram toda a herança de seus pais. Bens e negócios. Criaram uma corporação, nomeram um conselho e um presidente e foram seguir com suas carreiras profissionais. Juliana, a irmã de Marina é artista, pinta, desenha, toca instumentos, representa, fotográfa e vive em Nova York, mas tem duas casas na Europa onde passa parte do ano. Marina não gastou tanto a sua parte em dinheiro da herança. Investiu seu capital em patrimônio e em ações. Viveria já muito bem com o rendimento das empresas de seu pai, mas doava parte a duas instituições de menores carentes, pois ganhava bem de seu trabalho e amava o que fazia. Arquiteta e das boas, porque Marina gosta do que faz. Se entrega, se dedica, coloca um pouco de si nos projetos. Buscar viabilizá-los economicamente mas não perde nunca o requinte e a sofisticação que o cliente busca. Atende os desejos do que seu cliente quer e os transforma em seus lares. Ao final, as duas irmãs sairam muito bem sucedidas graças à educação e influência cultural que receberam em suas viagens. Marina estava prestes a abrir sua própria empresa de arquitetura e só hesitava pois gostava de não ter que se preocupar em gerenciar uma empresa, e que podia só ir lá e trabalhar e voltar pra casa. Ser só artquiteta. E conseguia se manter bem assim. E isso estava de bom funcionamento para ela porque sempre lhe sobrava tempo para fazer as duas coisas que mais gostava: estudar e estar na internet. Marina adora estudar, sempre mais e mais. É sedenta por informação nova e construtiva ou que a faça pensar. Mas também tem suas manias e imperfeições. E uma delas é sua forma de se relacionar com as pessoas. Sempre rasa. Profissionalmente e com as colegas de faculdade e de trabalho, com os rolos. Mas no mundo virtual, tem amigos que conversava coisas de extrema intimidade, igual quando contou a Ramón que tinha perdido sua virgindade por e-mail. E foi justo depois de 6 dias de muito trabalho, em uma quarta-feira pela tarde que Marina havia conseguido entregar a parte do projeto em que estava trabalhando. No dia seguinte, passou o dia inteiro em casa, com meia roupa, na frente do computador, bebendo e navegando na internet. Conversando com muitas pessoas, fazendo planos de viagens, e matando a saudade de Ramón pelo msn quando surgiu o assunto Marcelo. Ela falou com o Ramón que estava apaixonada pelo Marcelo e falaram muito mais a respeito, inclusive de como ela se sentia, enganando e acabaram concordando que sim, mas ainda assim ela não estava pronta para se declarar para ele. E já era fim do dia quando Marina desligou o computador e pensou: E o Marcelo? Cadê ele? Foi até a cozinha, colou o ouvido na parede com um copo e escutou um jazz tocando na casa de Marcelo. Olhou para o relógio e já era quase meia noite e ela tinha estado na internet desde as 9 da manhã. Pensou: Melhor dormir e descansar um pouco. Bebeu um copo d'água, apagou a luz da cozinha e foi pro seu quarto dormir.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Capítulo XVIII - Do lado de lá

Marcelo tinha seu tempo para conduzir as coisas. Assim o fazia com o trabalho, e o fazia muito bem. Mas assim o é para tudo, metódico em suas rotinas que ele faz questão de administrar seu tempo para fazer as coisas. E entre muitas baladas, notas, fotos, mais baladas e eventos, Marcelo passava horas acordado trabalhando. E parte delas era na frente do computador. E arrumava tempo para escrever mais sua história. Cuidava da casa, e esse tempo para ele era essencial. São plantas por cuidar e coisas a desfrutar, pois a Marcelo há ainda o tempo em que não há nada melhor que curtir que suas bebedeiras em seu apartamento, seja nas frequentes, já nem mais tanto, baladas que promove Marcelo ou seja sozinho, o que vinha acontecendo muito, pois Marcelo encontrava-se em um fase introspectiva. E bebia seus espumantes e vinhos ao som de variadas músicas. Também tinha seus porres de banheira que duravam horas. E entre esses tantos de tempo que Marcelo tinha que administrar, ele ainda pensava na noite do assassinato que vira de seu apartamento. Algumas imagens iam e vinham. Enquanto outras se perdiam. Ia contruindo com as imagens que tinha uma idéia do que tinha visto. Nossa, se eu soubesse desenhar! Pensa Marcelo. Podia mostrar pro Marinis, emenda. E volta aos poucos a dispensar seu tempo a reescrever o texto que havia enviado a Marinis. Em um dia que a inspiração tinha dado uma travada, Marcelo pensou e falou ao mesmo tempo: Já acho que tenho algo novo pra apresentar ao Marinis. E riu. Abre o e-mail e vê algumas funções do trabalho. São inevitáveis, resultados de uma época do ano que as festas davam uma aumentada e o trabalho de Marcelo se fazia mais puxado, inclusive na parte de computador, recebia fotos de fotógrafos digitais do jornal que o acompanhavam e resenhas de um trio de estagiárias que mereciam um posto mais elevado, mas o maior diferencial era exatamente o intuito delas em estarem se esforçando ainda nos primeiros períodos do curso de jornalismo. Faziam rodízios nas festas e Marcelo fazia questão de sempre passar em todas elas ficar um pouco, e deixar a turma trabalhar depois. No dia seguinte, tem o trabalho de um editor com todo o material que recebe. Quase 3 horas depois. Marcelo fecha o e-mail e abre o msn. Sem se dar conta, entra diretamente com a opção que havia deixado a última vez que havia entrado, ocupado. Marcelo já correu o olho na lista e viu algumas pessoas. Entre elas está Marina. Ele clica no nome dela e aparece uma foto junto com a janela que se abre. Ela é bonita!, pensa Marcelo, e tem 25 anos, lê nas suas informações. Marcelo escreve. Oi! E nenhuma resposta. Só o perfil que havia mudado para ocupado.
Do outro lado do computador, Marina conversava com Beatriz e vê saltar uma janela dizendo da entrada do Marcelo. Ela clicou no nome dele. Um ícone do msn vermelho dizia que ele estava ocupado. Na janela menor via sua própria foto. Voltou a conversar com Beatriz. Uma das tantas amigas recém feitas de Marina. Marina adorava conversar no msn. Tinha suas manias e essa era uma delas. Marina era desse tipo. Tinha um monte de amigos, todos virtuais. Os amava, odiava, conversava, se entendia, se desentendia, brigava, deixava de ser amigo e depois voltava. Mas com Marcelo tinha um negócio estranho que ela sentia que lhe faltava coragem. Sempre adicionava e já puxava assunto. Mas com ele, ela tinha até medo de misturar amor com paixão, pois ele era tão desatento, que ela era vizinha de frente dele. E sabia que ele era gay, mas quando foi seu último aniversário tinha tido que depois de 3 anos ia se declarar pra ele. E foi quando resolveu tocar campainha um dia de madrugada, bebada na casa de Marcelo. Marina contava essa história a Beatriz quando a janela com o nome de Marcelo muda de um bonequinho verde para sua foto. Marina vai se despedindo de Beatriz com uma desculpa de trabalho, muda seu status para ocupado e lê algumas informações do perfil de Marcelo. Ela vê que Marcelo está digitando algo, sente que seu coração pulsa mais devagar e lê suspirando: Oi! Marina sente uma emoção forte e começa a chorar. No playlist do computador ela busca algo para pensar e vê o perfil de Marcelo mudar de ocupado para off-line. Ela clica e escreve. Ei!
Marcelo, já no modo off line, mas ainda conectado no msn recebe uma mensagem de Marina. Ainda off line responde: Tudo bem? Marina responde que sim, buscando se tranquilizar começa a conversar temas que encontrara no perfil dele. Falam de trabalho, de jornalismo e de arquitetura. De cidades. De serem do interior. De Belo Horizonte. Das cidades que gostariam de ir. E as histórias das já visitadas. Contam casos. Discutem cinema, comentam de livros, sugerem vinhos, falam de viagens, de música, e de mais muita coisa. Marcelo se deu conta de quanto tempo esteve conversanso com Marina quando percebeu que o céu começava a clarear e o dia a nascer. Se despediram e Marcelo foi dormir.
Marina também mudou para o modo off line. Abre o texto onde estava toda a conversa que tinha tido com Marcelo e relê tudo. Fica encantada. Sai cantarolando e prepara um café. Boa noite! diz olhando em direção ao apartamento de seu vizinho, fato esse que não conversaram no msn. Coloca uma bandeja de pão-de-queijo no forno e toma a primeira taça de café antes que eles assem. Marina morava sozinha ali também e por uma sorte do destino, seu pai trabalhava como investidor de imóveis e entre seus investimentos, conquistou apartamentos de patrimônio para a família. Havia se dedicado bastante na faculdade e antes de formar já fazia muitos e bem pagos projetos arquitetônicos. Ganhava bem, saia, se divertia, ia ao cinema e tinha relativa vida social. Mas sua maior rede de relação, de níveis mais profundos era toda contruída no universo virtual. Para Marina aquele momento era histórico. Estava conseguindo misturar os dois universos, levando o real ao virtual. E Marcelo havia conversado por muito tempo com ela e não tinha a menor idéia que ela morava no apartamento da frente. E sentiu-se segura e confiante. Marina é uma mulher bonita. E ainda é muito vaidosa. Academia e salão de beleza fazem parte da sua rotina. Entre uma mordida e outra no pão-de-queijo Marina pensa no dia que tem pela frente como se tivesse acabado de acordar. Por ser muito viciada em tudo que era de relacionamento do mundo virtual, tinha desenvolvido um lado insônico meio zumbi que passava até 2 noites sem dumir. E foi tomar banho. Pouco tempo depois estava quase pronta e abriu a internet. Abriu alguns sites, leu alguma informação aqui e ali. Mandou um e-mail pro seu melhor amigo, um senhor argentino que morava em Florianópolis. Marina contou a ele coisas que estava sentindo em relação ao Marcelo e que sentia que o estava enganando. Era pouco mais de 10 horas quando Marina saiu de casa. Olhou para a porta de Marcelo, chamou o elvador e sorriu olhando para a sua porta. Saiu e foi direto para um reunião com um cliente. Com direito a almoço com outro cliente e um pouco de escritório pela tarde. E pela noite, muito trabalho demandado dessas duas reuniões. E assim como Marina ficava muito no mundo virtual quando estava por conta do à toa, ela simplesmente desaparecia de todas as pessoas que conhecia quando o trabalho apertava. E assim ficou seis dias sem dar notícias.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Capítulo XVII - Tecnologia

Fazia alguns dias que o celular de Marcelo estava tocando com um som meio estranho. Ele atendia sem conseguir ver quem era. A tela já não acendia mais nenhuma luz depois do banho que o celular tomou dentro do vaso sanitário da casa de Marcelo em uma de suas últimas bebedeiras. Alô, Marcelo? E ele respondeu que sim. E do outro lado Marinis disse: Quanto tempo! Como está? Nem me respondeu a última mensagem que te enviei. O que foi que houve? E Marcelo tratou de pegar uma mentira pra ele em que num dia de bebedeira, achava que tinha mesmo recebido uma mensagem importante, mas não se lembrava de quem pois tinha bebido muito. Tanto que no dia dessa bebedeira, o celular caiu no vaso sanitário e ficou com um som estranho, meio metalizado e sem nenhuma informação na tela. Pela meia verdade de Marcelo. Marinis entendeu que sim. Convidou Marcelo para tomar um café no final da tarde. Marcelo disse que teria muito prazer em tomar, e que inclusive tomaria um chá da tarde, mais apropriado. Marinis segurou o riso do outro lado. Mas hoje não posso!, disse Marcelo. E completou: Tenho uns dias de trabalho pela frente. Muita coisa por preparar, vários eventos e festas acontecendo em diversos segmentos. Tenho que concentrar um pouco no trabalho, doutor. Marinis entendeu que sim. Marcelo lhe pediu o número de seu telefone para que ligasse para ele tão logo tivesse terminado esses compromissos com o trabalho. Nisto ficaram.
Tenho que levar esse celular pra consertar logo. Pensa Marcelo enquanto reacende o cigarro. Como só trabalhava em um turno, Marcelo criava uma rotina de trabalhar sempre pelas manhãs. Dar-se a tarde livre para estar descansado para eventuais baladas na noite. E no começo da tarde não era hora de ninguém falar com Marcelo um assunto sério porque esse momento é só dele. Com as pernas esticadas pra cima, ele escuta o barulho que vem da rua sentado na varanda. A janela à frente de Marcelo o convidava a lembrar novamente da cena do strip tease que tanto o intreteve. Marcelo tem flashs de memória e algumas imagens vem e vão na sua cabeça. Acabado o cigarro, ele resolve colocar uma música. Em baixo volume, ele se estica no tapete da sala. Ali adormece por uma hora. Acorda, estica o braço e puxa o computador. Abre seu e-mail e realmente há muito trabalho por fazer nos próximos dias. 5 festas entre quinta-feira e sábado. Todas com seu merecido direito de serem comentadas na página de Marcelo. Muito trabalho! Pensa Marcelo. Abre o msn ainda off line vê que o e-mail que adicionara algunas dias atrás tinha agora sido substituído por um nome, e ali ele lia Marina. Uma mulher, claro. Comenta consigo mesmo Marcelo. Ri de si mesmo e diz: Isso tá virando um hábito. Muda seu status de off line para on line. Passam-se 10 minutos e o nome de Marina muda de disponível para ausente. Marcelo clica sobre o nome dela e imediatamente uma janela se abre. Começa a digitar, apaga e fecha a janela. Quem será essa mulher? Será aqui do prédio? Ah, mas nem. Que preguiça. Com tanto gato por aí vem justo uma gata. Sai do msn. Aumenta o som da música se levanta e vai arrumar um pouco seu apartamento. Dançando ele dá uma meia faxina na casa. Antes que a tarde termine, Marcelo leva seu telefone celular até uma loja de assistência técnica muito próximo na Afonso Pena. O rapaz diz a Marcelo que o problema não vai ser tão fácil assim de ser consertado e que por isso mesmo vai ficar caro. Mas ao mesmo tempo em que Marcelo pensava que o técnico queria ser oportunista, esse mesmo técnico lhe deu uma dica de ligar para a operadora e como falar com o antendente, ameaçando trocar de operadora, que na loja mesmo da assistência técnica, a atendente, do outro lado da linha estava prometendo uma máximo de 3 dias para que o novo e mais recente lançamento celular de Marcelo chegasse na sua residência. Marcelo saiu satisfeito da assistência técnica. Voltou pra casa, tomou um de seus banhos de banheira de horas. Se aprontou e foi para um coquetel de lançamento de um longa-metragem todo realizado na cidade.

Um microfone inalámbrico instalado no agente da corregedoria estava sentenciando dois policiais em um churrasco na cobertura de um deles. Ali estavam os companheiros da Narcóticos fortalecendo seu laço de irmandade entre eles, dando as boas vindas ao mais novo integrante. Um deles, mais bebado que todos os demais deu a ficha toda, confessando inclusive que tinha ido junto, dirigido, colocado as algemas nos pés e empurrado o Naldo ladeira abaixo. Faltava só o outro depoimento. Mas isso era relativamente fácil de conseguir.
No dia seguinte pela manhã, Marinis aguardava a chegada dos dois detetives. Os dois receberam a notícia do seu delegado que eles deveriam entregar as armas, os distintivos e que eles estavam temporariamente suspensos. Breno foi o que esteve mais fora de si. Mesmo contra sua própria vontade, cumpriram as ordens de seu superior. Ao sairem da sala, foram agarrados por um grupo de 8 policiais, que os algemaram e levaram para salas distintas. Em uma delas, Marinis tenta convencer Breno a assumir sua parcela de culpa, chegando a forçá-lo a falar mostrando o diálogo de seu companheiro, entregando ele. Na outra sala, não tiravam nenhuma informação do companheiro de Breno. Marinis usou a mesma gravação e mentiu dizendo que Breno já havia confessado. E nesse jogo de empurra dali e empurra daqui, os dois acabam que se entregam. Nesse momento, Marinis os coloca frente à frente um com o outro, e ambos escutam uma gravação do outro assumindo o crime e entregando o parceiro. Marinis sai da sala e deixa os dois aí. Eles brigam por uns 5 minutos. Alguns machucados a mais, uns dentes a menos e a camisa branca tinjida de vermelho. Marinis entra na sala, os algema junto com 3 agentes e ordena que sejam levados à penitenciaria. Marinis se dá por satisfeito. Volta a reler tudo o que escreveu a respeito do caso Marisa Prieta. Relê também o texto de Marcelo e começa a fazer suposições fora da sua lógica. Há algumas coisas que não se encaixam no texto de Marcelo. E isso era algo que tinha que resolver diretamente com ele. Olha para o relógio e vê que o tempo está perdido até às 19 horas, quando termina seu expediente. Abre o arquivo do livro que Marcelo está escrevendo e vai ler. Em vinte minutos já está envolvido na história. Tem mais de cem páginas naquele arquivo. Marinis lê tudo por mais de uma vez. É impressionate como é estranha a cabeça de um artista. E esse Marcelo escreve bem. Pensa Marinis. Depois de terminado, cansado e com uma dor de cabeça progredindo, toma um remédio e vai para casa. Encarar, se muito, umas duas cervejas e um amendoim para beliscar enquanto se estirava no sofá. Ali, Marinis dormia mais que na sua cama.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Capítulo XVI - Le Jour

Era pouco mais de 9 da noite quando Marcelo chegou em casa. Ao abrir a porta empurrou um papel dobrado. Pisou nele amassando um pedaço que o prendia debaixo da porta. Pegou o papel no chão e fechou a porta. Acendeu a luz e abriu o papel. Duas linhas: Oi! e um e-mail: ei_mari@hotmail.com. Marcelo lê aquilo e se espanta. Vai até a cozinha com o bilhete na mão lendo e relendo. Pensa: Um 'Oi' e um eMe eSse eNe. Cheirou o papel e tinha cheiro de colônia de flores. Marcelo sentiu-se vigiado, observado. Sendo alvo de alguma paixão platônica, pensa Marcelo. Prepara uma boa macarronada e deixa o bilhete na bancada que separa a cozinha da sala. Abre uma garrafa de vinho e liga o som. Coloca um velho jazz que ainda tocava no vinil. Entre indas e vindas na cozinha. Entre taças de vinho e copos de água, Marcelo leva o computador da sala para a bancada da cozinha. Abre o msn e procura pelo e-mail no papel. Encontra e está on-line. Marcelo hesita, fecha o computador e se volta ao macarrão. Em pouco tempo sai um macarrão com tomate, azeitona, allho e vinho a la Marcelo. Ele contente, come sozinho e se diverte ao tentar dar um nome ao prato. Antes mesmo de poder pensar o primeiro nome a agulha agarrou em um arrando do velho disco, importunando a Marcelo que desliga o vinil e coloca uma música eletrônica lenta diretamente do computador. Senta de volta na mesa e termina de comer o macarrão. Vê o celular em cima da mesa com o sinal de uma nova mensagem. Pega o celular e lê a mensagem. Oi Marcelo, tudo bem? Obrigado pelo café da manhã. Gostei muito do seu texto. Quando puder, gostaria de conversar com você. Marinis. Marcelo se assusta e para de comer. Vai até a varanda e olha a janela mais uma vez. Relembra o quanto pode do que havia visto dali. Na sua cabeça imagens se formam em fragmentos da história. Lembra da mulher tirando a roupa enquanto ele estava sentado. Para Marcelo parecia um caso típico de puta que atendia em casa e o cliente a matou. Tirava conclusões Marcelo porque assim o achava. E seu romance ganhava mais trama. Com as histórias que Marinis lhe contara colocou um pouco mais de violência e suspense na sua história. Duas garrafas mais de vinho, Marcelo já tinha ido 40 páginas mais pra frente, e as quase 3 da manhã se dá por satisfeito e fecha o texto. Vê o texto que escrevera para Marinis, o fecha e lembra de como Marinis havia copiado rápido o texto. Na tela do computador resta a última pesquisa que ele havia feito no msn e aquele e-mail do bilhete que havia sido depositado em baixo da porta estava lá, mas não estava mais on line. Marcelo adiciona e entra no msn. Depois de 5 minutos, desliga o computador e vai dormir.

Na delegacia o trabalho de Marinis não para depois que o corpo de Naldo foi encontrado a pouco mais de 20 km da saída da cidade. Agora sim o caso tinha chegado a ele. E Marinis já tinha seus primeiros suspeitos. Mas antes tinha que recuperar o tempo perdido com o tão prolongado café da manhã. Na delegacia tinha relatórios por preencher sobre as novas informações do caso de Marisa Prieta. Após algumas horas no computador, um almoço frio e atrasado. Marinis pode finalmente concentra-se no caso de Naldo. Seus suspeitos eram fortíssimos candidatos a serem os responsáveis por esse homicídio. Mas que essa abordagem não seria fácil de ser feita, pois os policiais envolvidos não se entregariam facilmente se fossem eles mesmos quem tivessem matado a Naldo. No fim do dia Marinis se reúne com o outro dois delegados, um da corregedoria e outro da narcóticos, a de Gustavo e ainda um agente da corregedoria que irá trabalhar infiltrado na seção de narcóticos para tentar conseguir o depoimento de algum deles. O plano parecia bem e dependia de tempo. Para ajudar ele a ser querido pelos seus colegas, Marinis pediu ao delagado da narcóticos para ele ser duro e repreender ao novato. Todos riram e acharam boa a idéia de Marinis. Após a reunião, Marinis vai até a sua sala. Na tela do computador está o relatório que havia escrito pela manhã. Abre a gaveta e pega o pen drive. Coloca no computador e abre o texto de Marcelo lê as primeiras 20 páginas e gosta do jeito que Marcelo caminha entre o ficcional e o real, o romântico e o concreto. É um texto de linha tênues, pensa Marinis. Abre o texto que Marcelo escrevera para ele e o lê. Com mais atenção em cada detalhe, algumas coisas começam a incomodar a Marinis. Algumas peças começaram a se encaixar aqui e acolá, mas ainda não todas e em nenhum dos dois lugares. Adriano bate na porta entre aberta e ao escutar a voz de Marinis a empurra. Escuta a Marinis terminar uma frase falando sozinho olhando pela janela. Marinis se assusta com a presença de Adriano e um silêncio toma conta da sala do delegado. Adriando irrompe o silêncio depois de algum tempo dizendo: Ô doutor, o senhor tava falando sozinho? Marinis se tranquiliza ao ver que pela pergunta de Adriano ele acabara de chegar e não havia se dado conta do conteúdo que Marinis estava falando. Marinis suspira e atende a demanda de assinaturas em relatórios de Adriano. O coloca a par do caso de Naldo e pede para que ele observe de longe se encontra algo. Já pensando que sua presença pudesse desviar a atenção ainda mais em relação à chegada do novato. Adriando saiu da sala e Marinis pegou o celular. Escreveu uma mensagem para Marcelo. Enviou e ficou ali, parado, esperando por mais de 20 minutos. Colocou o celular no bolso e desceu para falar com o médico legista que estava de plantão. Com a confirmação da causa da morte e do possível horário que Naldo havia morrido, Marinis tinha algo mais concreto para levar esses assassinos para a cadeia e não apenas perderem o distintivo. Sufocado com um saco plástico na cabeça, uma fita crepe e os pés e mão algemados. Cruel, pensou Marinis. Olhou mais uma vez o celular e nenhuma mensagem de Marcelo. Subiu até a sua sala, preencheu mais um pouco de informação, agora no caso Naldo, no computador. E quando se deu conta que já era noite, entendeu o porque de tamanha fome. Desligou o computador e antes mesmo de sair da delegacia, do celular, já ligou para a pizzaria do seu bairro, de um amigo de trilhas de bicicleta e encomendou sua tradicional pizza. Ele sempre a entregava com meia hora. Marinis demorava, sem trânsito, 20 minuto até sua casa, e aquela hora o que ele tinha a seu favor era justamente o trânsito. E Marinis se foi a casa comer pizza e ver filme na televisão.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Capítulo XV - Café de manhã

O ruído do interfone começa a misturar com o do celular de Marcelo, quando ele, meio ressaqueado do domingo e do pós-cinema acorda e olha para o relógio. São quase 9 e meia. No celular o nome de Marinis pisca junto com a melodia. Marcelo atende e pede a ele que suba. Desliga o telefone e se vê com uma preguiça enorme e um cansaço em todo o corpo. Se levanta, coloca um roupão e abre a porta. Vai até a cozinha, abre a geladeira e vê o que tem de opção. Liga o fogão e coloca uma água para esquentar para o café. Marinis toca a campainha na sequência. Marcelo grita que a porta está aberta e abre o armário para ver o que tem de opção pro café da manhã. Se dá conta que Marinis não entrou em sua casa. Vai até a entrada e abre a porta para Marinis. Ele pede licença e entra. Marcelo tem uma cara de quem está com muita ressaca, cabelo meio em pé, olho meio aberto, e cheirava álcool, cigarro e perfume. Marinis logo identificou que a noite anterior havia sido da pesada para Marcelo. Marcelo o convidou para sentar na cozinha. Perguntou o que ele queria comer. Marinis se espantou com a possibilidade de poder escolher e disse: Café, só! Tá ótimo. Marcelo disse: Ai, nem! Que falta de graça. Vou te preparar uns ovos com bacon igual café da manhã de filme americano. Brincadeira, vou fazer uma surpresa. Coisa rápida. Marinis, disse: Claro. Como quiser. E Marcelo saiu da cozinha e disse para Marinis esperar que já voltava. Foi até o banheiro do seu quarto e colocou a banheira para encher. Marinis saiu da cozinha e foi até a varanda. A vista de Marcelo era realmente muito privilegiada em relação ao quarto da vítima. Marcelo voltou e viu Marinis na varanda olhando para a janela. Me desculpa, Marinis, disse Marcelo ao passar pela sala indo em direção a cozinha. E Marinis pergunta porque indo atrás de Marcelo na cozinha. Marcelo está passando o café no coador quando Marinis entra e volta a perguntar o porque do pedido de desculpas de Marcelo. Ele diz: Por ter perdido a hora. Ontem o encontro foi divino. Ah! E Marinis diz: Claro! Não se preocupe com isso. Aliás esse café tá com um cheiro ótimo, hein? Marcelo sorri e diz: Espero que melhor o gosto que o cheiro. E pergunta a Marinis. Marinis, o que mais que o senhor descobriu do caso? Marinis se assusta pela pergunta de Marcelo e lhe responde com outra pergunta: Eu vim aqui para eu ou para você colher mais informações? Marcelo assustado com o tom rispido com o que soaram as palavras de Marinis, disse: Tudo bem, doutor! Marinis percebendo que havia sido indelicado com Marcelo sentou-se em um banco e se calou. Marcelo pergunta descontraindo: Mas queijo você come, né? Marinis sorri e responde que sim. Marcelo serve uma xícara de café a Marinis e outra para ele. Conduz Marinis até a varanda e diz a ele: Vamos às vias de fato. Você veio aqui para saber a respeito do meu texto, não foi? Marinis assente com a cabeça enquanto Marcelo segue falando: Pois eu escrevi ele sim. Tá ali prontinho pra você ler. Mas quero me envolver mais nessa história. Me conta alguma novidade aí, vai? E Marinis lhe diz: Marisa Prieta. Marcelo se empolga: O nome da vítima?! Marinis assente novamente com a cabeça e completa e a briga no bar daquele dia rendeu muita história. Marcelo pediu a Marinis que lhe contasse a história. Marinis reprimiu a Marcelo dizendo que ele quem estava ali para recolher mais informações e onde estava o texto. Marcelo pediu a Marinis para esperar para ler o texto dele enquanto estivesse no banho, pois estava preparando o ovo com bacons a la Marcelo do dia. Marinis achou graça e disse: Como assim, se saímos juntos da cozinha? E Marcelo brincando: Eu tenho meus truques. Os dois se colocam a rir da situação. Marinis resolve atender ao pedido de Marcelo e lhe conta um pouco sobre a história do bar e acaba deixando espacapar algumas informações sobre o porteiro contadas por Giuliani que Marcelo logo confirmou ao lembrar-se do porteiro daquela noite vir do ButeKim de onde tomava uma café. Lembrava porque foi ele quem tinha lembrado a Marcelo do troco que havia esquecido e voltara para pegá-lo. Mas não contou isso a Marinis e interrompeu a conversa quando sentiu o cheiro de queijo tostando. Correu até a cozinha e deixou Marinis na varanda. No balcão que divide a cozinha e a sala, Marcelo coloca dois jogos americanos, uma cesta com umas torradas, geléia de morando, a garrafa de café, uma caixa de leite e um pão de forma integral com queijo, tomate e óregano grelhado tipo misto-quente. Marinis se assutou com o café da manhã de Marcelo. Sentaram e comeram. Marinis ficou ainda mais espantando com a combinação do que ele achou a primeira vista ser um misto-quente, o surpreender com um gosto de pizza marguerita logo no café da manhã, mas que era muito gostoso. Assim como a geléia de morango. Entre mais cafés, Marinis deixou escapar um pouco mais da história de Naldo a Marcelo que as ouviu como fonte de inspiração para seu livro. Terminado de comer o café, Marcelo trouxe o notebook até a sala e o deixou ali aberto para que Marinis pudesse ler o seu texto sobre a noite do assassinato de Marisa Prieta. Pediu licença e entrou para o banho. Mal sabia Marinis que era uma banho de banheira pois não tinha hora certa e menos ainda cedo para chegar ao trabalho, já que já havia feito o trabalho na noite anterior. Marinis foi limpando um resto de café no canto da boca e foi correndo ler o que Marcelo tinha escrito. Pegou o laptop e leu uma vez. Rápido. Com algumas paradas que não chegavam a lugar algum. Levou o computador até a varanda. Sentou-se ali e se fixou nas situações mais concretas do texto. Ela estava sentada sobre ele. Ele provavelmente estava amarrado na cadeira, porque não reagia ao jogo de sedução e provocação que ela aplicava. Nem mesmo a um forte tapa ele reagiu. Talvez por isso ele a tenha matado. E quando Marcelo começava a supor no seu texto, Marinis lia um pouco mais adiante para tentar peneirar a informação no texto. Logo se dava conta: A luz daquele apartamento que propiciara uma noite tão sado erótica permanecia havia permanecido acessa no dia seguinte. E entre histórias pessoais, Marcelo contava o número de vezes que havia visto a luz acesa. O relógio já ia batendo em 10:40 e Marcelo ainda não saia do banheiro. Marinis copia o arquivo em um pen drive. Ao fazer a cópia vê o texto do livro que Marcelo está escrevendo. Copia também. Quem sabe não é legal o que ele escreve. Vamos ver! Pensa Marinis. Chega até a porta do banheiro e não escuta barulho de chuveiro. Vai até a sala, come mais uma torrada com geléia. Volta até a porta do banheiro e diz: Marcelo? Tô precisando ir pra delegacia. Você vai demorar? Marcelo hesita em levantar para passar o arquivo a Marinis quando ele comenta. Posso copiar o teu texto num pen drive? Marcelo aliviado, pensa no seu banho relaxante e responde que sim. Que basta ele puxar porta quando sair que ela tranca sozinha. Marinis sai empolgado e rápido. Marcelo se assusta com a velocidade que supostamente Marinis tinha copiado o arquivo. Em poucos segundo Marcelo escuta o elevedor chegar no seu andar e descer até o térreo. Tranquilo, acende o cigarro ainda na banheira

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Capítulo XIV - La Policía

Marinis está na entrada de um clube de campo, onde o espera Gustavo. Era um clube de tiro, e era o ponto de encontro onde utilizavam para descarregar em alvos de madeira. Marinis estava de plantão. Pois o desaparecimento de Naldo lhe cheirava assassinato. Tudo bem que esse era o papel da corregedoria, mas ainda tinha mais que lhe interessava particularmente para o caso de Marisa Prieta. Em pouco tempo já estavam falando de trabalho. Gustavo preocupado pelas perguntas de Marinis o envolverem no que ele tinha participado mas não tinha concluído, resolve chamá-lo para darem uma volta no campo. Marinis, que adora caminhadas, se apresenta. Saem para uma caminhada de 3 horas entre mata, serras, cachoeiras e montanhas. Na caminhada, Gustavo tenta relaxar e pergunta coisas mais pessoais da vida, do tempo que passou, e Marinis entra no jogo e gosta, responde e também pergunta. Em pouco tempo já estão mais próximos, mais intímos. Gustavo se dá conta que todas as vezes que Marinis voltava ao assunto do trabalho, perguntava coisas que não estavam relacionadas ao Naldo, mas sim ao bar, à rua, aos edifícios. Gustavo pensa entre mergulhos de cachoeira e escaladas e resolve comentar com Marcelo um fato curioso que lhe chamou a atenção. Marinis se espanta e põe-se a ouvir. Olha só, naquela noite, a gente teve lá mesmo, pois quem tava envolvido com a puta era o irmão do Renato, o Breno, meu colega. Nos fomos lá porque o muleque tava arrumando briga doidão com a nata da malandragem. Mas aí no final, quem conduzia a equipe era o Morais e ele mandou a gente levar o Renato pra dar uma volta e depois soltar ele bem longe. E o Naldo?, perguntou Marinis. O Naldo, ele levaram na viatura deles. Mas o que eu quero mesmo te contar, é que lembro de ter visto uma coisa estranha quando colocava o doidão do Renato na viatura. Ele já tava algemado e tentou fugir, nós o pegamos uns metros mais pra frente. Ele caiu, a gente tropeçou nele e o trouxemos carregado de volta. Antes de levantá-lo. Esperamos um pouco e vimos que a puta tinha saído correndo, mas que ela não nos interessava. Eu olhei para o outro lado e vi um pessoa bem alta e forte, dentro de um jaqueta preta de capuz caminhando rapidamente pela rua, me distraí quando meu parceiro deu um chute no estômago de Renato, mas ele bem que merecia, porque tava muido doidão. Quando olhei de novo para aquela grande figura negra que andava rapidamente pelas sombras, não estava mais lá. Na hora achei até que tinha visto coisa que não existia, mas você me perguntando se eu tinha visto alguma coisa estranha nesse dia, te digo que isso foi bem estranho. Marinis gostou da história de Gustavo. Resolveu não mais lhe perguntar a respeito de Naldo, percebeu que dali não poderia contar com Gustavo, e deixou isso claro para ele, tentaria não envolvê-lo mais do que ele mesmo já havia se envolvido. Gustavo assentiu positivamente, quando o telefone de Marinis tocou. Marinis assutado atende o telefone: Alô?! Do outro lado um voz de homem afeminada responde: Marinis, como vai tudo bem? Marinis pede licença a Gustavo, caminha em direção a um lugar mais distante o interrompe e pergunta: Quem é?! Marcelo responde que é ele. A voz de Marinis perde uma tensão incial e com tranquilidade ele comenta a Marcelo que iria anotar o telefone de Marcelo, que já aproveita e fala para ele anotar o celular também. Gustavo relaxa e se sente mais aliviado. Após pouco tempo Marinis está caminhando de volta falando ao celular: As 9 tá ótimo. Tchau! desliga o celular e comenta: Plantão não é moleza. Inclusive, tenho que ir, marquei um encontro hoje as 9, aproveita o gancho para ir resolver outras questões. Se despedem e Gustavo também vai para casa. Marinis, no caminho de casa, passa antes pela Rua Goiás, passou devagar, olhou pra cima e viu as luzes de alguns aprtamentos acesa. Mediu a distância que o Renato poderia ter corrido do Butekim, e reparou em algo. A distância que ele poderia ter corrido dava uma vista ótima da entrada do prédio da vítima. Então aquele ser de negro e truculento poderia ser o assassino. Será? Pensou Marinis. E se ele saltou a grade, porque ela é bem baixinha. Mas o prédio tem porteiro 24 horas. Foi até o prédio e tocou a campainha. Ninguém respondeu. Olhou para guarita, um pouco mais alta e com vidros escuros e não tinha ninguém lá. Um senhor chegou por trás dele, com um pacote de cigarros na mão perguntando: Pois não? O senhor tá procurando alguém? Marinis o identificou pela roupa e se apresentou como delegado de polícia. O porteiro já sabendo do caso do assassinato, abriu o portão e o convidou a entrar, Marinis aceitou e disse que só necessitava entrar na guarita dele e ver o campo de visão que ele tinha. E era realmente um excelente campo de visão, com a ajuda de espelhos tinha uma boa visão da rua. Dava pra ver qualquer um indo e vindo à distância. Marinis agradeceu e saiu do prédio. Caminhou um pouco até o ButeKim e quem estava de plantão não era ninguém menos que Giuliani. Marinis sentou, pediu uma água e um tradicional frango à passarinho. Entre indas e vindas de Giuliani no balcão, Marinis o prende para um conversa. Pergunta se ele conhece um porteiro e foi dizer a palavra porteiro, que Giuliani lhe interrompeu. O seu Tito? Esse é um porteiro que vem muito aqui. Trabalha madrugada e domingo. Vem sempre aqui comprar cigarro e pinga com café. Marinis começa a gostar da forma como as peças do quebra-çabeça começam a se encaixar. O ocorrido daquela tarde de quando ele chegou a entrada do edifício era recorrente com esse tal de seu Tito, porteiro das madrugadas e do domingo. Uma pessoa alta que pularia com facilidade a grade do edifício some às vistas de um policial que tinha visto ele passar correndo. Certamente, esse cara é o assassino. Na mesma noite, um pouco mais cedo. Quando chegar na delegacia amanhã, perguntarei ao Gustavo mais a respeito desse cara. Mas agora tenho mais o que saber. E consegue extrair de Giuliani que corria na boca miúda que o Naldo da briga com o Renato tinha desparecido não, tinha mesmo era sumido do mapa. Marinis disse para que ele se tranquilizasse que tão logo os culpados pagarão pelos seus atos. Pede a conta, agradece paga e vai embora. Tão de repente como entrou. Ao entrar no carro vê Marcelo sai e entrar em um taxi. Entra no carro e o segue. O trajeto de Marcelo é curto, pelos cincos quarteirões da Avenida João Pinheiro. Desce na porta do Belas Artes e encontra um rapazinho de vinte e poucos anos na fila do cinema. Se cumprimentam com abraços e um beijinho. Marinis avança o carro e não o vê mais. Dirige até sua casa juntando todas as informações que tinha coletado naquele dia. Vai começando a se formar o perfil do assassino, um homem alto, forte, que usava um moleton negro com capuz era o único suspeito até então, já que não havia nem mesmo digitais. A forma como ele entraria e sairia do edifício parece ser tranquila tamanha a displicência com que trabalha o tal de seu Tito. Mas o que será que Marcelo tem pra me contar? A janela dele tem uma vista bem privilegiada do apartamento da vítima. Hmm! Amanhã tenho um prato cheio pra corregedoria, só preciso que eles achem o corpo para que constatemos uma assassinato. O tal do Marcelo precisa escrever pra me contar? Bem que o Adriano me advertiu dessa empolgação de jornalista policial do Marcelo. Vou dar corda pra ele, quem sabe ele me surpreende. E nos devaneios de seus pensamentos, lembra da cena de Marcelo beijando um jovem na porta do cinema e responde a si mesmo em voz alta: Ou não, né?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Capítulo XIII - Domingo

Uva, álcool, fumo, assassinos e assassinatos faziam parte da história que Marcelo escrevia e das madrugadas que vivia. Enquanto redigia o texto em que tentaria descrever para Marinis o que tinha visto, se deixa contaminar desse assassinato em sua história, e sua história se mistura no caso. Marcelo, mais criativo que descritivo, termina por florear seu texto à Marinis, enquanto sonhava em serem parceiros de uma história de polícia e repórter possível só no cinema. Em uma semana, o livro de Marcelo ganhara 74 páginas e o texto para Marinis se adequava em layouts e laudas. 2 e meia, para ser mais preciso. O título não estava lá, mas o espaço para ele sim.
Ding! Dong! Traz Marcelo para a realidade às 2:20 da manhã de uma madrugada de sábado para domingo. Ele fecha o laptop, e à meia luz, taciturno, aproxima-se da porta e cola o olho no buraco. Do outro lado, tudo escuro. Ele destranca a porta sem fazer ruídos. Acende a luz e abre a porta de um só golpe. Do outro lado, ninguém. Ele avança pelo corredor, acende a luz e não encontra ninguém. O elevador está parado no térreo. Ele sobe e desce correndo alguns andares e não encontra ninguém. Volta a casa e pega sua agenda, abre na página com um clip e pega o bilhete, lê e relê, como se você encontrar uma pista naquela caligrafia. Pensa que talvez seja alguém do prédio e já associando o evento do bilhete, em que também não encontrara ninguém ao convite do encontro em ser no terraço do próprio prédio. Como no caso de hoje, alguém veio do jeito que foi, sem que eu nem mesmo me desse conta! Comenta Marcelo sozinho. Ri de si mesmo, ao ver que estava falando sozinho. Passa pela cozinha, belisca uns amendoins, serve mais um pouco de vinho em uma taça limpa e volta ao seu quarto. Deitado na cama, abre o laptop e não consegue escrever nenhuma letra. As palavras mais se apagam que se completam. Marcelo coloca uma música e desiste do computador. Uma vizinha, pensa. Um vizinho, hum, que tudo! Mas com aquela letra, ai, certeza que é uma mona. Que coisa estranha! Bater na minha casa às 2 da manhã. Deixar um bilhete e sair correndo. Eu, hein?! Quanta loucura. Vou pensar um jeito de pegar quem quer que seja. Ao concluir esse pensamento, Marcelo se dá conta que enquanto pensava, seu olhar havia sido desviado para a luz do computador. Na tela está o texto que estava escrevendo para Marinis. Toma um gole de vinho, se concentra e relê o texto mais uma vez. Acredita que está muito bom. Corre e pega o cartão de Marinis. Senta na cama, abre o e-mail e quando está anexando o arquivo, pensa que melhor se encontrar com o Marinis, assim pode ter mais informação dele também, inclusive, material para seu livro. Cancela o envio do arquivo por e-mail no momento final. Olha no relógio e já é tarde. Desliga o computador. Toma mais um gole de vinho, vira pro lado e fica sonhando com a dupla de cinema de repórter e xerife. Adormece rapidamente.
O sol não fazia muito que havia nascido e Marcelo já se levantava, as cortinas do quarto que dormiam abertas para facilitar a circulação de ar, favoreciam a entrada dos raios de sol matutinos justo no quarto e na sala do apartamento de Marcelo. Ele nem se incomodava, levantava, fazia uma café e ia aproveitar o dia. E quando já era final da tarde desse dia que Marcelo estava curtindo, entre muita e alta música à experiências culinárias regadas a mais vinho, ele volta a se inspirar ao lembrar da inusitada campainha da madrugada. Leva a garrafa de vinho para a varanda, volta até o quarto para pegar o computador e vê o cartão de Marinis junto dele. Pega o telefone e disca para ele. Antes mesmo do último número bater, desliga. Pensa se seria imprudente ligar no domingo. Pensa melhor e diz: Porque não? Sorri ao falar consigo mesmo, disca novamente e escuta o sinal de chamar. Após alguns toques Marinis atende do outro lado da linha: Alô?! E Marcelo com empolgação pela tarde etílica: Marinis, como vai tudo bem? Marinis o interrompe e pergunta: Quem é?! Marcelo responde que é ele. A voz de Marinis perde uma tensão incial e com tranquilidade ele comenta a Marcelo que iria anotar o telefone de Marcelo, que já aproveita e fala para ele anotar o celular também. Marinis se espanta com tanta presteza de Marcelo em querer se envolver e vai logo as vias de fato, pergunta a Marcelo se ele tem novidades a respeito do texto. Marcelo que já ia se desculpando por ligar no domingo, vê a oportunidade de se envolver cada vez mais, dado o interesse de Marinis ser tão rápido. Ele conta que havia acabado o texto sim, mas que sua internet não estava funcionando. Falava cruzando os dedos, para que ele mesmo se perdoasse da mentira. Marinis se oferece de passar lá depois das 8 da noite para pegar e dar mais uma olhada da janela. Marcelo volta ao tema, e pede desculpas por ligar no domingo, que voltaria a ligar na segunda-feira. Marinis o interrompe e diz que não tem problema e que ele está de plantão. Marcelo engasga, e diz que não pode encontrar com Marinis hoje, porque tem um encontro. Marinis se desculpa e diz para que eles se encontrem na segunda-feira então. Marcelo, suspira com um certo alívio, e diz: Claro, por que não tomamos um café aqui em casa amanhã? Eu posso até chegar um pouco mais tarde no jornal. Marinis concorda, e marcam às 9 horas. Marcelo desliga o telefone empolgado, olha para o lado e vê que aquele realmente não era um dia para um delegado visitar sua casa. No computador, na varanda, vinho, livro com pitadas de romance platônico e secreto, misturando ainda mais a trama da história e ainda os artigos que tinha para entregar na segunda-feira, assim ganhava tempo para poder chegar mais tarde no jornal. O fim de semana tinha sido tranquilo, talvez por ser fim de mês, e a grana andar curta pra muitos. Era hora de inventar umas fofocas, cutucar a vida alheia e ser uma boa dona Fifi da hi society belorizontina. Algumas fotos de belas jovens enchem bem o espaço e são ótimas saídas para esses dias sem assunto. E o fácil era que Marcelo recebia as fotos e o release por e-mail, sem nenhum esforço. A noite caía e Marcelo assistia da sua varanda o claro ficar escuro da cidade. As luzes que se acendiam e se apagavam. No celular uma mensagem de um rolo. Marcelo lê, faz uma cara de preguiça ao olhar a bagunça que está sua casa. É um convite para ir ao Belas ver um filme e comer algumas coisa. Ele responde perguntando a que horas. Em pouco tempo chega uma mensagem dizendo que às 21:30. Marcelo olha o relógio e são quase 8. Escreve uma mensagem pedindo quarenta minutos para resolver umas coisas e dar a resposta. E depois disso, nenhuma mensagem mais. Marcelo se levanta e na metade do tempo já arrumou tudo o que era mais importante para deixar sua casa aprensentável ao delegado de polícia. Na outra metade do tempo toma um banho e enquanto coloca a roupa envia uma mensagem: E o convite, ainda tá de pé? Após longos 4 minutos, o celular de Marcelo apita com a seguinte mensagem: 21:30, no Belas. Beijo.